domingo, 4 de outubro de 2015

A Linha do Oriente



A Linha do Oriente é parte da he­rança da Umbanda brasileira. Ela é com­posta por inúmeras entidades, classi­ficadas em sete falanges e majorita­riamente de origem oriental. Apesar dis­­so, muitos espíritos desta Linha po­dem apre­sentar-se como caboclos ou pretos velhos.
 O Caboclo Timbirí (ca­bo­clo japo­nęs) e Pai Jacó (Jacob do Ori­ente, um preto velho bastante ver­sado na Ca­bala Hebraica), săo os casos mais co­nhe­cidos. Hoje em dia, ganha força o cul­to do Caboclo Pena de Pa­văo, enti­dade que trabalha com as for­ças espiri­tuais divinas de origem indiana.
 Mas nem todos os espíritos săo ori­entais no sentido comum da palavra. Es­ta Linha procurou abri­gar as mais di­ver­sas entidades, que a princípio năo se encaixavam na matriz formadora do bra­sileiro (índio, portuguęs e afri­cano).
 A Linha do Oriente foi muito popular de 1950 a 1960, quando as tradiçőes bu­­­distas e hindus se firmaram entre o povo brasileiro. Os imigrantes chineses e japoneses, sobretudo, passaram a fre­­qüentar a Umbanda e trouxeram se­us ances­trais e costumes mágicos.
Antes destas datas, também era co­mum nesta Linha a presença dos que­ridos espíritos ciganos, que possuem ori­­­gem oriental. Mas tamanha foi a sim­patia do povo umbandista por estas en­­­tidades, que os espíritos criaram uma “Linha” independente de trabalho, com sua própria hierarquia, magia e ensi­na­mentos. Hoje a influęncia do Povo Ci­gano cresce cada vez mais dentro da Umbanda.
 Existem muitas maneiras de classi­ficar esta Linha e este pequeno artigo, năo pretende colocar uma ordem na ma­neira dos umbandistas estudarem es­ta vertente de trabalho espiritual. Dei­xo a palavra final para os mais ve­lhos e sábios, desta belíssima e diver­sificada religiăo. Coloco aqui algumas instruçőes que colhi com adeptos e mé­diuns afinados com a Linha do Oriente.
Namaste e Salve o Oriente!
 CARACTERÍSTICAS DA LINHA DO ORIENTE:
 • Lugares preferidos para ofe­rendas: As entidades gostam de co­linas descampadas, praias desertas, jar­dins reservados (mas também rece­bem oferendas nas matas e santuários ou congás domésticos).
 • Cores das velas: Rosa, amarela, azul clara, alaranjada ou branca.
 • Bebidas: Suco de morango, suco de abacaxi, água com mel, cerveja e vinho doce branco ou tinto.
 • Tabaco: Fumo para ca­chimbo ou charuto.Tam­­bém utili­zam ci­gar­ro de cravo.

• Ervas e Flores: Alfa­zema, todas as flores que sejam bran­cas, palmas ama­relas, mon­senhor branco, monse­nhor amarelo.
 • Essęncias: Alfazema, olíbano, ben­joim, mirra, sân­da­lo e tâmara.
 • Pedras: Citrino, quart­zo rutilado, topá­zio im­perial (citrino tor­nado ama­relo por aque­ci­men­to) e topá­zio.
 • Dia da semana recomen­dado para o culto e ofe­rendas semanais: Quinta-feira.
 • Lua recomendada (para oferenda mensal): Se­gundo dia do quarto min­guante ou primeiro dia da Lua Cheia.
 • Guias ou colares: Colar com cento e oito contas (108), sendo 54 brancas e 54 amarelas. Enfiar se­qüencial­mente uma branca e uma amarela. Fechar com firma branca. As enti­dades india­nas também utilizam o rosá­rio de sân­dalo ou tulasi de 108 con­tas (japa ma­la). Algumas criam suas pró­prias guias, se­gundo o mis­tério que trabalham.
 CLASSIFICAÇĂO DA LINHA DO ORIENTE
Suas Falanges, Espíritos e Chefes:
 01 - Falange dos Indianos:
Espíritos de antigos sacerdotes, mes­tres, yogues e etc. Um de seus mais conhecidos inte­gran­tes é Ramatis. Está sob a chefia de Pai Zartu.
 02 - Falange dos Árabes e Turcos:
Espíritos de mouros, guerreiros nôma­des do deserto (tuaregs), sábios marroquinos, etc... A maioria é mu­çulmana. Uma Legiăo está composta de rabinos, cabalistas e mestres judeus que ensinam dentro da Umbanda a mis­teriosa Cabala. Está sob a chefia de Pai Jimbaruę.
 03 - Falange dos Chineses, Mon­góis
e outros Povos do Oriente:
Espíritos de chineses, tibetanos, japoneses, mongóis, etc. Curio­sa­men­te, uma Legiăo está in­te­grada por es­pí­ri­tos de origem esquimó, que tra­balham muito bem no desmanche de demandas e feitiços de magia ne­gra. Sob a chefia de Pai Ory do Oriente.
 04 - Falange dos Egípcios:
Espíritos de antigos sacerdotes, sacer­dotisas e magos de origem egípcia antiga. Sob a chefia de Pai Inhoaraí.
 O5 - Falange dos Maias, Toltecas,
Astecas e Incas:
Espíritos de xamăs, chefes e guer­rei­ros destes povos. Sob a chefia de Pai Itaraiaci.
 06 - Falange dos Europeus:
Năo săo propriamente do Oriente, mas inte­gram esta Linha que é bas­tante sincrética. Espí­ri­­tos de sábios, ma­gos, mestres e velhos gue­rreiros de origem européia: romanos, gau­leses, ingleses, es­can­dinavos, etc. Sob a che­fia do Impe­rador Marcus I.
 07 - Falange dos Médicos e Sábios:
Os espíritos desta Falange săo especiali­zados na arte da cura, que é integrada por médicos e tera­peutas de diversas origens. Sob a chefia de Pai José de Arimatéia.
 Mentores de Cura
 Quem São os Mentores de Cura
 Os mentores de cura trabalham em diversas religiões, inclusive na Umbanda.
São muito discretos em sua forma de se apresentar e trabalhar, e estas formas mudam de acordo com a religião ou local em que irão atuar.
 São espíritos de grande conhecimento, seriedade e elevação espiritual. São extremamente práticos, não aceitando conversas banais ou ficar se estendendo a assuntos que vão além de sua competência ou nos quais não podem interferir, pois não são guias de consulta no sentido ao qual estamos habituados na Umbanda.
Para se ter uma ideia melhor, sua consulta seria o pólo oposto à consulta com um Preto Velho. Normalmente os pretos velhos dão consultas longas, cheias de ensinamentos de histórias, apelando bem para o lado emocional.
 Já os Mentores de Cura, se dirigem ao raciocínio, buscam fazer o encarnado compreender bem as causas de suas enfermidades e a necessidade de mudança nessas causas, bem como a necessidade de seguirem à risca os tratamentos indicados. Quando precisam passar algum ensinamento o fazem em frases curtas e cheias de significado, daquelas que dão margem à longas meditações.

São espíritos que quando encarnados foram: Médicos, Enfermeiros, Boticários, Orientais (que exercem sua própria medicina desde bem antes das civilizações ocidentais), Religiosos (monges, freis, padres, freiras, etc.), ou exerceram qualquer outra atividade ligada a cura das enfermidades dos seres humanos, seja por métodos físicos, científicos ou espirituais.
 Métodos de Trabalho
Cada guia tem sua forma de restituir a saúde aos encarnados, normalmente se utilizam de meios dos quais já se utilizavam quando encarnados, mas de forma muito mais eficiente, pois após chegarem ao plano espiritual puderam aprimorar tais conhecimentos. Além disso esses espíritos aprenderam a desenvolver a visão espiritual, através da qual podem fazer uma melhor anamnese (diagnóstico) dos males do corpo e da alma.
 Aliados aos seus próprios métodos individuais eles se utilizam de tratamentos feitos pelas equipes espirituais ou ministrados pelos encarnados com auxílio do plano espiritual.
 Alguns deles são:
 1. Cirurgia Espiritual
É realizada pelo mentor de cura incorporado ao médium. E envolve a manipulação do corpo físico através das mãos do médium, podendo ou não haver a utilização de meios cirúrgicos elementares (cortes, punções, raspagens, etc…). O maior representante deste método de trabalho no Brasil é o espírito do Dr. Fritz, mas este método é utilizado em diversas culturas e religiões.
 2. Cirurgia Perispiritual
É realizada diretamente no perispírito do paciente, com ou sem a colaboração de um médium presente, costuma ser realizada por uma equipe espiritual designada especificamente para cada caso e ser feita em dia e horário pré determinados.
 3. Visita Espiritual
É realizada por uma equipe espiritual, que visita o paciente no local onde ele estiver repousando, também com um dia e hora predeterminados. Na visita, darão passes, farão orações, etc…
 4. Cromoterapia
É indicada pelos mentores de cura e aplicada por médiuns que conheçam o método de aplicação. Atua no corpo físico e no duplo etérico. Muito utilizado para males de origem emocional.
 5. Fluidoterapia
É indicada pelos mentores de cura e aplicada por médiuns que conheçam o método de aplicação. Atua no corpo físico e no perispírito.
 6. Reiki
É indicada pelos mentores de cura e aplicada por médiuns que conheçam o método de aplicação. Atua no corpo físico e no duplo etérico. Muito utilizada para males de origem emocional ou psíquica e para realinhamento de chacras.
 7. Homeopatia
Indicada e receitada pelos mentores espirituais. As fórmulas são feitas normalmente por laboratório de manipulação homeopáticos. E devem ser tomados de acordo com o determinado.
 8. Outros
Fora estes tratamentos, também podem ser utilizados, florais de Bach, cristaloterapia, chás, aromaterapia, acumpuntura, do-in, etc…
Em alguns casos os guias também indicam dietas, alimentos a serem evitados ou ingeridos para melhoria da saúde geral.
 OBS: Para o momento da visita espiritual e cirurgia espiritual: O paciente deverá vestir-se e deitar-se com roupas claras (de preferência branca); ficar num ambiente calmo, com pouca luz e colocar ao lado um copo d’água para ser bebida após o tratamento.
Após a visita e a cirurgia, o paciente deverá manter-se em abstenção por mais 6 horas, para que a energia doada seja melhor absorvida.

Como interagem com os médiuns
 * Incorporação
É muito sutil e dificilmente inconsciente a incorporação dos mentores de cura. Muitas vezes atuam apenas na fala e só assumem o controle motor quando necessário.
 * Intuição
Alguns mentores trabalham com seus médiuns apenas pela via intuitiva, indicando as providências a tomar e tratamentos. Neste caso, é necessário um grande equilíbrio e desenvolvimento do médium, para que o mesmo não atrapalhe nas indicações dadas pelo mentor.
 * Psicografia (Receitistas)
Funciona da mesma forma que a psicografia comum, mas os espíritos comunicantes costumam psicografar receitas de tratamentos.
 Equipes Espirituais
 Cirúrgicas
 São formadas da mesma forma que as equipes cirúrgicas do plano material, compostas de cirurgião, assistente, anestesista, instrumentista, enfermeiros, etc… Apnas diferem no que se refere aos instrumentos e tecnologia utilizados. Incluindo também a aplicação de passes e energias associados a intervenção cirúrgica.
 De Oração
 Formadas normalmente por espíritos religiosos, acostumados às preces quando encarnados. Estas equipes se reúnem junto ao paciente em uma corrente de orações com finalidade de equilibrar o mental e emocional do paciente e também de buscar energias dos planos superiores. Como efeito adicional, a prece tende a elevar a energia geral do ambiente onde está o paciente, assim como dos encarnados que estam atuando junto ao mesmo.
De Proteção
Quando o mal físico está associado a interferência de espíritos inferiores, essas equipes fazem a proteção do paciente, enquanto o mesmo é tratado nas cirurgias ou visitas, ou enquanto está seguindo as recomendações indicadas pelos mentores de cura.
 De Passes (passe espiritual)
 Seu trabalho é realizado em sua maior parte durante as sessões de cura e durante as visitas espirituais. Dando passes no paciente, nos assistentes e nos médiuns; antes, durante e após a sessão.
 De Apoio
 Estas equipes atuam levantando o histórico do paciente diretamente no seu campo mental, preparando-o através da intuição para a consulta, estimulando-o através do pensamento a reeducar hábitos nocivos, a mudar as situações que estejam prejudicando a própria saúde, inspirando-os força de vontade para continuar os tratamentos e seguir as recomendações e dietas.
 O que curam e o que náo curam
 Males Físicos
A maior parte dos males físicos de que os encarnados sofrem, são causados pelos maus hábitos, vícios e má alimentação. Os mentores nestes casos se utilizam das diversas terapias para a cura mas principalmente esclarecem ao encarnado quanto a órigem de tais males, sugerindo dietas, o abandono ou diminuição dos vícios e mudança de hábitos. Nestes casos a cura definitiva só pode ser obtida com a plena conscientização do paciente e com a sua força de vontate e compromisso na obtenção do equilíbrio orgânico.
 Males Mentais
Parte dos males mentais (depressão, angústia, apatia) são causados por obsessores, mas a maior parte deles tem por origem a própria atitude mental do paciente. Pensamentos negativos atraem energias negativas, que quando se tornam constantes e intensas podem se materializar no corpo físico na forma de doenças. Males como: úlceras, enchaquecas, hipertensão, problemas cardíacos, e até mesmo algumas formas de câncer podem ser provocados pela mente do pacinte, quando esta se encontra tomada por pensamentos negativos.
Também neste caso os mentores além de indicarem os tratamentos apropriados, esclarecem ao paciente quanto a necessidade de mudar a atmosfera mental, com objetivo de não ficar atraindo continuamente energias desequilibrantes, costumam também sugerir passeios por locais da natureza e o hábito da prece como forma de atrair energias novas e regeneradoras.
 Males Kármicos
Os males kármicos se caracterizam por doenças incuráveis (fatais ou não) tanto pela medicina alternativa, quanto por terapias alternativas ou por meios espirituais. Nestes casos o tratamento visa o alívio do paciente ou ampará-lo emocionalmente para que sua atitude mental não tome o rumo da revolta ou do desespero.
As doenças karmicas são males que escolhemos antes de encarnar como forma de resgatarmos erros passados. Típicos males kármicos são: Cegueira de nascença, mudez, Idiotia, Eplepsia, Sindrome de Down, Más-Formações do corpo físico, etc. Na maior parte são males de nascença, embora algumas doenças possam ter sido “programadas” para surgir em determinada época da encarnação.
Nestes casos os mentores não podem (e nem deveriam) curar o corpo, pois através do padecimento deste é que o espírito está resgatando suas faltas e aprendendo valiosas lições para sua evolução e crescimento.
 Males Espirituais
São aqueles causados pela atuação dos espíritos (obsessores, vampirizadores, etc.) e que se refletem no corpo físico. Nestes casos os mentores cuidam do corpo físico enquanto o paciente é tratado também em sessões de desobsessão, descarrego, etc.
Ou seja os mentores com as terapias à seu alcance minimizam e atenuam os males causados ao corpo físico enquanto o paciente é tratado na origem espiritual do mal de que sofre.
Quando o paciente se vê livre da presença espiritual nociva, os mentores costumam ainda continuar com os tratamentos visando reparar os males que já haviam sido causados ao organismo, até que ele retorne ao seu equilíbrio.
 A Sessão de Cura (O visível e o Invisível)
 Os Pacientes
O paciente deverá abster-se de bebidas alcoólicas, café, cigarro, carnes de origem animal e sexo, 24 horas antes da consulta, da visita e da cirurgia espiritual.
 A Preparação
Muito tempo antes dos portões da casa espiritual se abrirem ou dos médiuns chegarem, o ambiente destinado aos tratamentos já está sendo limpo e preparado.
Os procedimentos começam com o isolamento da casa que é cercada por equipes de vigilantes espirituais (os exus), que impedem a entrada de espíritos perturbadores e fazem a limpeza fluídica dos encarnados que chegam. Caso seja nessessário, podem provocar até mesmo um mal estar ou utra situação de forma a afastar as pessoas que venham a casa espiritual com má intenção ou envolta em fluidos que possam perturbar os trabalhos.
Logo após se procede a limpeza do ambiente interno da casa e em seguida há uma energização do ambiente. Em paralelo a isto, alguns espíritos trazem até o ambiente alguns fluidos extraídos da natureza, para serem utilizados posteriormente no tratamento dos pacientes.
Em seguida a isso vão chegando a casa os mentores com suas equipes de trabalho de forma a se reunirem e fazerem o planejamento dos trabalhos a serem executados.
Fora da casa espiritual, os médiuns que irão ser veículo dos mentores, devem estar se preparando física e mentalmente para os trabalhos, e já estão sendo magnetizados e preparados pelo plano espiritual de forma a terem maior sintonia com os mentores.
Quando os médiuns chegam à casa, continuam sendo preparados pelas equipes espirituais. E enquanto cuidam do ritual (incensos, cristais, velas, etc.) vão entrando em sintonia com o plano espiritual. A preparação termina com a prece de abertura, onde o pensamento dos encarnados e desencarnados se une numa súplica ao Divino Médico para que ele interceda por todos.
Após isso os mentores de cura se manifestam e dão sua mensagem indvidual para o início dos trabalhos.




A Mesa
A mesa da sessão de cura é composta por 3 ou 4 médiuns que devem se manter em concentração/oração durante todo o tempo em que estiverem compondo a mesa, e só devem romper a concentração após a partida de todos mentores que estiverem trabalhando.
A mesa funciona como um ponto focal de energias, é através da mesa que chegam as energias e ordens de mais alto e são distribuídas às equipes. Por ser um local onde existe alta concentração/oração é o ponto para onde convergem as energias mais puras e mais sublimes da sessão de cura. Eventualmente, podem se manifestar à mesa algum mentor de cura, ou algum dos médiuns pode ser utilizado em alguma psicografia (por isso mesmo é interessante manter lápis e papel á mesa).
Na mesa também fica a água a ser fluidificada e o nome de algumas pessoas que receberão irradiação.
 Os Médiuns
Os médiuns que não estiverem trabalhando com seus mentores, compondo a mesa ou atuando como cambonos dos mentores devem manter o silêncio a concentração e a oração.
Devem utilizar esse momento para permitir que seus próprios mentores os preparem para futuramente trabalharem com eles. E ter também consciência de que toda a energia positiva que estiverem atraindo para os trabalhos de cura através de sua concentração/oração estará sendo amplamente utilizada pelos mentores e pelas equipes de cura para levar a caridade a todos os que estiverem sendo tratados.
 O Encerramento
No encerramento, os mentores de cura dão suas mensagens finais e partem. Neste momento os médiuns que compõem a mesa também podem romper a concentração. Todos os médiuns tomam da àgua fluidificada que está na mesa. E caso o digigente julgue conveniente, pode efetuar a leitura de alguma mensagem que porventura tenha sido psicografada.
No plano espiritual, o trabalho ainda continua, com distribuição de serviço entre as equipes espirituais. Somente após a saída de todos os médiuns e com o encerramento dos trabalhos de cura no plano espiritual é que a corrente dos vigilantes (exus) se desfaz. Embora a casa continue sendo vigiada, apenas não de forma tão ostensiva.
 FALANGE DOS MÉDICOS E CURADORES
 Linha de Cura
A Falange dos Médicos ou Curadores é a sétima hierarquia da Linha do Oriente. Comandada pelo sábio José de Arimatéia (Yosef Ha-Aramataiym em hebraico), um discípulo oculto do Mestre Jesus, ela agrupa inúmeros terapeutas do corpo e da alma.
Tradições ocultas nos contam que José, um rico membro do tribunal rabínico de Jerusalém, depois de conseguir um lugar para Jesus ser sepultado, viajou para o Ocidente trazendo o Santo Graal.
 Ele teria aportado nas costas britânicas com alguns discípulos, salvando o objeto mais precioso do Cristianismo. José de Arimatéia, ao chegar onde hoje é a Inglaterra no ano de 36 D.C., encontrou lá os poderosos sacerdotes druidas e fez uma especial troca de ensinamentos e segredos esotéricos. 
 Desde então, uma misteriosa escola nasceu e continuou pelos séculos. A Umbanda brasileira, legítima herdeira do esoterismo cristão, também trabalha espiritualmente com esta herança. 
 A Linha do Oriente, que contém a Falange de José e a Falange dos Europeus demonstra esta riqueza admirável.
 A Falange dos Médicos do Astral é uma egrégora composta de centenas de trabalhadores espirituais. Na maioria das vezes, eles foram em suas últimas vidas, médicos, curandeiros, raizeiros, benzedores e rezadores. Este exército de caridade é classificado em sete agrupamentos ou Legiões (alguns as chamam de Povos).
I - LEGIÃO DOS DOUTORES OU MÉDICOS:
Composta por doutores da medicina ocidental convencional ou homeopatas : Dr. André Luiz, Dr. Rodolfo de Almeida, Dr. João Correia, Dr. José Gregório Hernandéz, entre outros.
 II – LEGIÃO DOS MÉDICOS ORIENTAIS:
Terapeutas orientais, especialistas em fitoterapia, acupuntura, massagem e nas principais disciplinas médicas tradicionais da Ásia: Ramatis, Mestre Agastyar, Babaji.
 III – LEGIÃO DOS CURANDEIROS:
Curandeiros e Xamãs nativos das Américas, África e Oceania : caboclos e pretos velhos, feiticeiros tradicionais, alguns exus – como o Exu Curador, Seu Maramael.
 IV – LEGIÃO DOS REZADORES:
Rezadores, benzedores e os praticantes da medicina religiosa ou espiritual.  Aqui encontramos todo os que curavam pela imposição das mãos, fé e oração : Pai João Maria de Agostinho, Pai João de Camargo, Vó Nhá Chica, Mestre Philippe de Lyon, Abade Julio.
 V – LEGIÃO DOS RAIZEIROS
Praticantes da medicina folclórica e mágica regional. São os mestres juremeiros brasileiros, os ervateiros ou chamarreiros das Américas e todos os especialistas na flora, fauna e minerais curativos: Dom Nicanor Ochoa, Mestre Inácio, Mestre Carlos de Oliveira, Mestre Rei Heron.
 VI – LEGIÃO DOS CABALISTAS E ALQUIMISTAS:
Espíritos dos velhos cabalistas e alquimistas, conhecedores dos segredos das plantas e cristais : Pai Isaac da Fonseca (primeiro cabalista brasileiro), Nicolau Flamel, Paracel­sus, Pai Jacó.
 VII – LEGIÃO DOS SANTOS CURADORES:
Santos católicos celebrados como médicos, curandeiros ou especialistas na cura de alguma doença : Santa Luzia – olhos, Santa Ágata – seios, São Lazaro – doenças de pele, São Bento – envenenamentos.
 Texto: Edmundo Pellizari

POMBAGIRA MIRIM




  

POMBAGIRA MIRIM NA UMBANDA
 Assim como os Exus Mirins, as Pombagiras Mirins que se manifestam na Umbanda são Seres Encantados de uma Dimensão da Vida localizada à Esquerda da Dimensão Humana. Elas não são espíritos humanos.
 Na Umbanda, as Pombagiras Mirins formam uma Linha de Trabalhos Espirituais da Esquerda, ao lado dos Exus, das Pombagiras e dos Exus Mirins. Na atualidade, sua manifestação nos Terreiros não é frequente, pela falta de estudos a respeito. São “diferentes”, são Encantados da Esquerda da Criação, e isso gera dúvidas e “fantasias”.

Aqui, a proposta é uma reflexão sobre a natureza dos Seres Encantados, para melhor compreensão do trabalho dessas Entidades na Umbanda.
 Os seres da Dimensão Encantada estão num Plano da Vida anterior àquele onde se localiza a Dimensão Humana. E é neste sentido que dizemos: em relação a nós, as Pombagiras Mirins e os Exus Mirins são “infantis”.
 Explicando melhor: na Dimensão Humana da Vida, nós adquirimos consciência e livre-arbítrio. Essas capacidades não são alcançadas no Plano Encantado, porque nele a prioridade é o desenvolvimento da sensibilidade, da sensitividade, da percepção, a depuração do mental.
 Além disso, a Dimensão Humana está localizada no Plano Natural da Vida à Direita da Criação. Já a Dimensão das Pombagiras Mirins e dos Exus Mirins pertence ao Plano Encantado à Esquerda da Criação. São Realidades Divinas bem diferentes.
 Os Planos da Vida são estes: 1- Fatoral; 2- Elemental; 3- Essencial; 4- Dual; 5- Encantado; 6- Natural; 7- Celestial.  Eles representam os vários estágios da evolução dos seres, a partir do instante em que são criados por Deus.
 Resumidamente, temos:
 ●No 1º e 2º Planos da Vida, o ser é totalmente inconsciente (centelha Divina);
 ●No terceiro, ele começa a tomar forma, tem o instinto de sobrevivência e os seus chakras começam a desenvolver-se; 
●No quarto Plano, passa a absorver dois tipos de Energias Elementais e desenvolve o emocional (a dualidade leva ao equilíbrio razão/emoção);
 ●No quinto, é um ser Encantado semiconsciente (tem uma percepção muito apurada; tem consciência da própria individualidade, mas não uma consciência mais ampla como a dos seres humanos e nem o livre-arbítrio);
 ●No sexto Plano, torna-se um ser Natural consciente e ali permanece para aprender a usar o livre-arbítrio. Neste Plano está localizada a Dimensão Humana;
 ● Depois de aprender integralmente a usar o livre-arbítrio, os seres passam para o sétimo Plano da Vida, onde se tornam Seres Mentais Celestiais, não têm mais forma, são Seres de Luz. (Cf. “Doutrina e Teologia de Umbanda Sagrada”, Rubens Saraceni, Madras Editora, 2003, Capítulo 9- Gênese do Ser- Sete Planos da Vida, páginas 99/107.)
 Algumas características do Plano Encantado e do Plano Natural:
 ●O Plano Encantado (5º Plano da Vida) tem várias Dimensões, nas quais os seres apuram sua sensibilidade, sensitividade e percepção. Depuram o mental, porque já têm o emocional desenvolvido e equilibrado.
 ●Já o Plano Natural (6º Plano da Vida) tem 77 Dimensões e uma delas é a Dimensão Humana, aquela em que vivemos. Neste Plano os seres adquirem consciência e livre-arbítrio, o que representa um estágio a mais de evolução.
Por este motivo é dizemos que os Seres Encantados são “infantis” em relação a nós, pois eles não apresentam o mesmo grau de “amadurecimento” que nós, humanos. (Isso não nos torna “superiores”, pois em relação a tudo o que ainda temos a aprender, também somos “infantis” perante o Criador e a Criação...)
 ●Há um Plano Encantado à Direita da Dimensão Humana, com 49 Dimensões (7 Cristalinas, 7 Minerais, 7 Vegetais, 7 do Fogo, 7 do Ar, 7 do Elemento Terra e 7 Aquáticas). Os seres chegam a este Plano Encantado já trazendo em si duas Energias Básicas absorvidas no 4º Plano.
Cada ser é único e tem um magnetismo próprio, desde o início. Esse magnetismo individual vai atrair o ser para uma das 49 Dimensões mencionadas, onde receberá outro tipo de Energia e evoluir mais um pouco, pois irá desenvolver o Sentido da Vida correspondente (na Dimensão Cristalina= Sentido da Fé; na Dimensão Mineral=Sentido do Amor etc.). Ali ficará até absorver completamente tal Energia, tornando-se um manifestador das Qualidades Divinas inerentes àquele Sentido, isto é, onde for, levará tal Energia de forma muito potencializada, pura. As Crianças (Erês) da Umbanda vêm deste Plano Encantado.
 ●Mas existe também um Plano Encantado à Esquerda da Dimensão Humana. É nele que as Pombagiras Mirins e os Exus Mirins têm origem.
 Como Seres Encantados da Esquerda, as Pombagiras Mirins e os Exus Mirins atuantes na Umbanda são “infantis” em relação a nós, ou seja, estão num estágio de evolução anterior e diferente do nosso: são do 5º Plano à Esquerda; e a Dimensão Humana fica no 6º Plano à Direita.

Muitos pensam que são “crianças” (como as crianças humanas). Porém, tratando-se de seres de outra Dimensão, não há termo de comparação entre essas Entidades da Esquerda e as crianças da Dimensão Humana.
 Aos médiuns clarividentes, as Pombagiras Mirins e os Exus Mirins se apresentam como seres muito pequenos e de aparência um tanto diferente da humana.
 Segundo a obra psicografada por RUBENS SARACENI, eles são pigmeus. Esta é a sua característica na Dimensão de origem. Mesmo adultos, seus corpos se mantêm “pequenos”. Daí a designação de “mirins“. (Vide os livros “Arquétipos da Umbanda” e “Orixá Exu Mirim”, Rubens Saraceni, Editora Madras.)
 E como tudo é “pequeno” na Dimensão da qual as Pombagiras Mirins e os Exus Mirins procedem, há oferendas a essas Entidades que incluem objetos como bonecas, carrinhos, bolinhas de metal, brinquedos de metal; além de flores pequenas, como mini-cravo ou cravina para os Exus Mirins e mini-rosa para as Pombagiras Mirins. Também se utilizam alguns tipos de doces, bem como mel e ervas para adoçar as bebidas manipuladas pelos Mirins. Isso dá margem a dúvidas: se a oferenda inclui “brinquedos” e “doces”, essas Entidades são “crianças”? A resposta é NÃO!
 Os “brinquedos” equivalem a objetos “em miniatura”. São usados para uma relação ao tamanho “mirim” dessas Entidades, ou em razão do material de que são feitos (metais), e não porque os Mirins sejam “crianças”. Inclusive, o uso de bolinhas ou esferas de metal está relacionado a um tipo de Magia que as Entidades Mirins conhecem e praticam com muita eficiência (embora não se disponham a dar “explicações” às perguntas “curiosas” que façamos a respeito...).
 E o fundamento da inclusão de doces, de mel e de ervas adoçantes é que tais elementos têm função agregadora, harmonizadora e potencializadora das atuações magísticas dos Mirins.
 NÃO são crianças. São Encantados da Esquerda da Criação, com um grau destacado de evolução no seu mundo de origem. E ainda passam por uma preparação antes de se manifestarem na Umbanda.
 Na respectiva Dimensão, as Pombagiras Mirins e os Exus Mirins têm uma percepção apuradíssima e conhecimentos magísticos ali adquiridos que os habilitam a atuar em áreas determinadas junto aos humanos. Essa Magia é Divina e específica daquela Dimensão, os espíritos humanos não têm acesso a ela, é uma especialidade dos Mirins.
 Essa percepção apurada faz com que os Mirins sejam capazes de captar intenções maldosas, cortando-as na origem, além de desembaraçar situações complicadas. Porque, muitas vezes, a causa da “complicação” é uma projeção mental negativa (uma intenção negativa fortemente projetada contra a pessoa ou o ambiente), ou então um bloqueio íntimo, um padrão negativo que a pessoa vem trazendo de outras encarnações e que está “oculto” dentro dela. Tudo isso é captado pela sensibilidade aguçada dessas Entidades, que vêm até nós para nos auxiliar com suas habilidades magísticas. Ao mesmo tempo, a evolução deles é acelerada pelo contato com a nossa Dimensão; prova de que “a moeda de troca” da Criação é o convívio fraterno que a todos enriquece.
 Para trabalhar na Umbanda, as Pombagiras Mirins se preparam na Dimensão Encantada de origem. Então, elas se assentam à Esquerda dos Orixás, deles obtendo permissão e amparo para esse trabalho. Processo idêntico ocorre com os Exus Mirins. Por isso, há Exus Mirins e Pombagiras Mirins atuando na irradiação dos 14 Orixás que cultuamos.
 ●Existe um Orixá Maior sustentador dessa Linha? A resposta é SIM!
 Todas as Linhas de Trabalho da Umbanda atuam sob a Regência direta de um Mistério Divino e manifestam as Qualidades do respectivo Orixá. Além disso, cada Entidade atua sob a Irradiação de determinado Orixá, que definirá seus campos específicos de trabalho (Fé; Amor; Conhecimento; Justiça; Lei; Evolução; Geração).
 O mesmo acontece com as Pombagiras Mirins e as demais Linhas de Esquerda.
 Uma comparação com as Linhas da Direita facilitará a nossa compreensão.
Exemplos clássicos: ●Os Caboclos atuam sob o Mistério Caboclo, Regência do Orixá Oxóssi. Quando um Caboclo ou uma Cabocla se manifesta na Umbanda, eles trazem e ativam as Forças, Qualidades ou a capacidade de realização do Mistério Caboclo. ●Já os Pretos Velhos são regidos pelo Mistério Ancião, dos Orixás Obaluayê e Nanã, e quando se manifestam na Umbanda, eles trazem e ativam as Forças, Qualidades ou a capacidade de realização do Mistério Ancião.
 Mas há Caboclos e Pretos Velhos atuando na Irradiação dos 14 Orixás.
Exemplos: ●Caboclo de Oxalá― manifesta as Qualidades Divinas do Mistério Caboclo nos campos da Fé, é um expansor do Sentido da Fé, inspira o estudo e o conhecimento no campo da Fé, é um doutrinador; ●Preta Velha de Oxum― manifesta as Qualidades Divinas do Mistério Ancião nos campos do Amor, traz a Transmutação e a Evolução para o Sentido do Amor.
 Nas Linhas de Esquerda, dá-se o mesmo.
Os Exus atuam sob a Regência e Mistério do Orixá Exu; as Pombagiras atuam sob a Regência e Mistério do Orixá Pombagira. E há Exus e Pombagiras atuando nos 7 Sentidos da Vida, na Irradiação dos 14 Orixás.
 Vamos agora analisar essa questão relativamente às Entidades Mirins da Esquerda:
 ●Quanto aos Exus Mirins, sabemos hoje que eles são regidos pelo Mistério de um Orixá que na Umbanda denominamos Orixá Exu Mirim. Quando incorporam, os Exus Mirins manifestam as Qualidades Divinas do Mistério deste Orixá.
 O Orixá Exu Mirim não era conhecido na cultura Nagô-Iorubá, da qual herdamos o Culto de Orixá. Então, Pai Benedito de Aruanda, um dos Mentores Espirituais de Rubens Saraceni, explicou que o nome dessas Entidades (Exu Mirim) poderia designar o seu Orixá Regente, uma vez que toda Entidade é o manifestador natural das Qualidades do Mistério Divino do Orixá que as rege diretamente (vide o livro “Orixá Exu Mirim”, Madras Editora, de Rubens Saraceni).
 ●Também as Pombagiras Mirins atuam sob a Regência direta de um Mistério Divino e manifestam as Qualidades de um Orixá cujo nome não era conhecido entre os Nagôs-Iorubás.
 Então, pelo mesmo princípio aplicado aos Exus Mirins― cujo nome serviu para designar seu Mistério Divino e Orixá Regente― podemos denominar de “Orixá Pombagira Mirim” o Divino Regente do trabalho das Entidades Pombagiras Mirins, dentro do Ritual de Umbanda. O mais importante é saber que as Pombagiras Mirins são Entidades regidas por uma Divindade de Deus, já que nada existe fora das Leis do Criador. Portanto, merecem nosso respeito e gratidão.
 Como Entidades Femininas, as Pombagiras Mirins representam o Sagrado Feminino (o aspecto “Mãe” do Criador). Manifestam o aspecto Feminino de um Mistério da Criação, enquanto os Exus Mirins manifestam o aspecto Masculino desse Mistério.
 Finalmente, há Pombagiras Mirins atuando na Irradiação de todos os Orixás, de forma idêntica ao que se constata nas demais Linhas de Trabalho da Umbanda.
 CARACTERÍSTICAS E CAMPOS DE ATUAÇÃO
 Quanto à sua forma de incorporação, as Pombagiras Mirins são travessas, falantes e curiosas, assim como os Exus Mirins. Dependendo da Irradiação do Orixá que rege seu campo específico de trabalho, serão mais agitadas, mais tranquilas etc. Mas elas não são mal educadas e nem grosseiras; e se isto ocorrer, a causa estará um desequilíbrio do médium.
 Textos doutrinários a respeito dos Exus Mirins e das Pombagiras Mirins são raros.
 Recentemente, temos duas obras de Rubens Saraceni, já mencionadas, sobre o tema: “Arquétipos da Umbanda” e “Orixá Exu Mirim”, onde o autor esclarece que as Pombagiras Mirins têm características semelhantes às dos Exus Mirins porque elas  correspondem ao aspecto Feminino de atuação de um Mistério Divino cujo aspecto Masculino é manifestado por eles (assim como acontece com Caboclos/Caboclas, Preto-Velho/Preta-Velha etc.); que há uma identificação dos Exus Mirins com os Exus da Umbanda, bem como das Pombagiras Mirins com as Pombagiras.
 Por falta de conhecimentos na época, as primeiras manifestações das Entidades Mirins provocaram interpretações fantasiosas e geradoras de preconceitos. Pensava-se que as Pombagiras Mirins e os Exus Mirins eram “espíritos” que em encarnações anteriores foram “crianças de rua”, “marginais” etc. Nada se sabia sobre a sua natureza Encantada. Passaram a ser vistos como “seres diabólicos que fazem o mal” e não eram bem aceitos nos Terreiros, pois ninguém entendia quem eles eram. Atualmente, é rara a presença das Entidades Pombagiras Mirins nos Terreiros de Umbanda, até menos frequente que a dos Exus Mirins.
 Infelizmente, é triste perceber que muitos ainda pensam assim, de forma negativa. Na “internet”, por exemplo, há muitos textos dizendo que as Pombagiras Mirins “são filhas de prostitutas, filhas da rua, filhas do mal e agentes do mal”... Afora a irresponsabilidade de quem escreve tais barbaridades sobre algo que não entende, ainda há um desrespeito para com a religião de Umbanda e seus fundamentos Divinos e para com as Entidades Pombagiras Mirins, que manifestam as Qualidades Sagradas de um Orixá, de uma Divindade de Deus! Outro aspecto é que tais afirmações também demonstram preconceito e desumanidade em relação às crianças abandonadas nas ruas, que merecem o cuidado da sociedade, ao invés da pecha de “filhas da rua”. Será que Deus iria criar alguma criança para ter esse destino infeliz? Ou somos nós, a nossa sociedade “humana” (ou desumana?), que não enxergamos que estamos falhando com elas? Não existe criança “de rua”, não pode existir, dentro da Criação Divina! O que vemos são crianças “na rua”, por falta de competência e seriedade dos governos e indiferença da nossa sociedade. E não há “seres do mal” dentro de uma religião, seja ela qual for. Não pode haver, já que toda religião visa a religar o homem a Deus! São assuntos para se pensar...
 Para quem atua mediunicamente na Umbanda com seriedade e para os fiéis sinceros, é fácil perceber que tudo isso não passa de fantasias e “achismos” maldosos, sem fundamento algum dentro da religião, ou mesmo fora dela. Basta aplicar bom senso e equilíbrio ao avaliar tais informações, “separando o joio do trigo”...
 Um alerta: as Entidades de Esquerda do Ritual de Umbanda sempre espelham aquilo que está no íntimo das pessoas (dos seus médiuns e dos consulentes). Ou seja, aquilo que falamos e pensamos a respeito delas é apenas reflexo do que trazemos em nosso íntimo. Quem fala mal dessas Entidades está falando de si mesmo, dos preconceitos que carrega no íntimo. A palavra preconceito vem de “pré + conceito”, equivale a uma opinião formada antes de se conhecer o assunto tratado. Logo, é uma opinião com base em valores que já trazemos, é puro reflexo daquilo que pensamos e acreditamos, é o reflexo do nosso íntimo...
 Médiuns desequilibrados extravasam seus preconceitos e desequilíbrios mais íntimos ao incorporar uma Entidade da Esquerda (Exu, Pombagira, Exu Mirim, Pombagira Mirim).
 O mesmo fenômeno acontece com pessoas mal intencionadas e desequilibradas no Sentido da Fé, sejam médiuns ativos ou apenas consulentes, quando se colocam diante de Entidades da Esquerda “achando” que elas são “ex-marginais”, que podem tratá-las como “escravas” e pedir trabalhos negativos. Grande engano!
 Uma pessoa assim acredita mais “no mal” do que no Bem que preside toda a Criação. Está intimamente “negativada” ou desequilibrada no Sentido da Fé e, por consequência, nos demais Sentidos da Vida. Por isso, vê maldade em tudo; crê que tudo é produto de magia negativa; que pode até pedir que alguém faça por ela uma magia negativa, para conseguir seus objetivos egoístas, sem ter responsabilidade pelo que pediu (maldade dupla: querer o mal do próximo e culpar outrem pela própria maldade!). Como é que se pode “pedir o mal” dentro de um ambiente religioso? Isto é o absurdo dos absurdos! Onde pedidos assim são aceitos, com certeza NÃO se está dentro de religião alguma!
 Sejam, ou não, médiuns ativos― já que a mediunidade não dá diploma de “santidade” a ninguém―, pessoas assim não movem um dedo para se aprimorar interiormente e se capacitar para melhorar na vida. Vivem na preguiça e na escuridão íntima e, por isso mesmo, são preconceituosas e arrogantes. Quando se colocam à frente de uma Entidade de Esquerda, no entanto, são envolvidas “pela Mão Esquerda do Criador” e acabam “tirando a própria máscara”, colocando para fora o que existe em abundância dentro do próprio íntimo... Já dizia o Mestre Jesus: “A boca fala do que existe em abundância no coração”
 Pode-se perguntar: ― Por que a Esquerda espelha o íntimo das pessoas? Não é um desrespeito, se a pessoa não quer expor? Qual a finalidade disso? Seria um castigo?
 A resposta é: Não se trata de desrespeito ao outro e nem de “castigo”. É,  isto sim,   uma valiosa oportunidade de renovação! Porque uma das funções importantes das Entidades da Esquerda do Ritual de Umbanda Sagrada é trabalhar o nosso emocional, limpá-lo, revelar o que está escondido e que precisa ser modificado e renovado, e então nos conduzir a um caminho de equilíbrio íntimo, para que o nosso processo de evolução tenha continuidade. É uma verdadeira “catarse”...
 Aí surgem outras perguntas:
 ―Mas as Pombagiras Mirins e os Exus Mirins não são diferentes dos outros Guias? Respondemos: Sim, como Seres Encantados da Esquerda, eles têm características próprias e diferenciadas, inclusive em comparação aos Espíritos atuantes em outras Linhas de Trabalho da Umbanda.

―Essa diferença não significa que são “do mal”? Respondemos: Definitivamente, NÃO! São Seres criados por Deus, com capacidades específicas de contribuir para o Bem da Criação e por isso atuam dentro da religião de Umbanda. Qual seja essa contribuição, veremos a seguir.
 ●De forma semelhante ao que fazem os Exus Mirins, as Pombagiras Mirins têm um papel importantíssimo dentro da Umbanda.
 Sua apurada percepção, desenvolvida na Dimensão de origem, lhes permite captar a maldade quando ainda não praticada, a que está no campo das intenções, no mais íntimo das pessoas. Elas cortam o mal pela raiz! Atuam a partir do Plano Encantado à Esquerda da Dimensão Humana, com recursos magísticos que nós desconhecemos, pois não temos acesso àquela Dimensão, e que nem mesmo são igualados pelos valorosos Guardiões e Guardiãs que nos amparam (já que os Exus e as Pombagiras são espíritos humanos).
 Quando uma Pombagira Mirim corta uma intenção negativa, ou quando quebra uma demanda, o seu papel é de anulação completa daquelas energias desequilibradas. A maldade é “dissolvida” por completo, com os recursos do seu meio de origem. A negatividade é recolhida e levada para a Dimensão onde as Pombagiras Mirins habitam.
 Trata-se de um trabalho que ninguém desfaz, como se diz popularmente, porque não temos acesso a tal Dimensão. É um mecanismo Divino que nos protege, ainda que não saibamos compreendê-lo. Porque Deus é o Bem Maior e Suas Energias trabalham no Bem e para o Bem da Sua Criação. As Leis Divinas não mudam, são Perfeitas e atuam de forma permanente para resguardar a Ordem e o Equilíbrio de toda a Criação. Tais Recursos Divinos existem em todos os Planos da Criação. Tudo o que existe tem uma função Divina, nem sempre ao alcance da nossa compreensão.
 Há quem faça magias negativas contra o próximo, há quem ganhe dinheiro e há quem pague por isso; há quem manda vibrações mentais negativas para os semelhantes, a torto e a direito (ódio, vingança, pragas, maldições etc.); há quem pragueja o dia todo contra o clima, as condições de vida, até contra a família (se chove, se faz sol, se está frio, se está calor, se tem trabalho e se não tem, quando o filho chora, quando o filho quer brincar etc.); enfim, há quem viva com intenções negativas que a lei humana não alcança. Mas da Lei Divina essas pessoas vão receber, mais cedo ou mais tarde, aquela projeção negativa de volta. Ação e reação.
 No caso, as Pombagiras Mirins e os Exus Mirins irão recolher e “devolver” as intenções negativas para quem as emitiu, como agentes da Lei Maior, para preservar a Ordem Divina da Criação. Com certeza, a vida dessas pessoas começará a se complicar, a sofrer atrasos e outros embaraços, na colheita daquilo que semearam por livre e espontânea vontade. Afinal, são humanas e têm consciência e livre-arbítrio. Pode ser que elas queiram “culpar” alguém, dizendo-se “vítimas” de magias negativas etc. etc., mas de nada irá adiantar. Dizia o Mestre Jesus: “A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória”...
 Todos nós estamos sujeitos a esses erros, de modo que um exame de consciência ajudará muito... Como nada está perdido na Criação Divina, o remédio para quem se vê nessa condição é pedir perdão ao Pai Oxalá e aos Sagrados Regentes da Justiça e da Lei Divinas, comprometendo-se perante o Divino Criador a retificar seus pensamentos e ações, e daí recomeçar sua vida de forma honrada, justa e positiva.
 ●As Pombagiras Mirins também são muito eficientes na limpeza energética de pessoas e ambientes. A importância desse trabalho está, muitas vezes, além da nossa percepção.
 Mas basta observarmos uma coisa: é comum que os Exus de Lei da Umbanda trabalhem com a ajuda de Exus Mirins. E é comum que as Pombagiras de Lei trabalhem com o auxílio de Pombagiras Mirins. Mesmo que os Mirins não incorporem, os clarividentes e outros sensitivos podem percebê-los atuando ao lado dos Exus e das Pombagiras.
 Em tais situações, primeiro os Mirins fazem uma espécie de rastreamento do ambiente do Terreiro, dos médiuns e consulentes, recolhendo as cargas negativas lançadas mentalmente contra eles (as intenções maldosas). Em seguida, quebram as demandas ativadas com recursos de “ocultação”, que por ali existam. Fazem isso, usando da sua Magia característica.
 As Pombagiras Mirins e os Exus Mirins fazem esses trabalhos por serem dotados de capacidades próprias da sua condição de Encantados da Esquerda do Criador. Têm habilidades magísticas das quais os nossos valorosos e amados Exus e Pombagiras nem sempre dispõem, justamente porque são espíritos humanos.

No final, os Exus e as Pombagiras têm condições mais favoráveis para realizar seus trabalhos específicos (e, neste momento, os Mirins não substituem e nem se igualam aos nossos Guardiões e Guardiãs, pois cada Entidade tem sua especialidade e campo de atuação).
Mesmo em Terreiros onde não se aceita a presença de Exus Mirins e Pombagiras Mirins, eles, muitas vezes, atuam de forma não ostensiva (sem incorporar). E onde são aceitos, tanto trabalham dessa forma, quanto podem incorporar e trabalhar ao lado dos Exus (os Exus Mirins), ou ao lado das Pombagiras (as Pombagiras Mirins).
 Há uma grande identificação entre os Exus Mirins e os nossos Exus. Também há uma grande identificação entre as Pombagiras Mirins e as Senhoras Pombagiras. Os Mirins até chamam os Exus de “tios”. E as Pombagiras Mirins se referem às Pombagiras como “tias”.
 Como Seres Encantados, e embora dotados de conhecimentos e recursos magísticos, as Entidades Mirins parecem nos dizer que almejam ser aquilo que os nossos queridos Exus e Pombagiras são: querem ser “grandões” como eles, isto é, almejam o grau de consciência e o livre-arbítrio que nossos Guardiões e Guardiãs já conquistaram por serem espíritos humanos em evolução. Indiretamente, os Mirins estão nos mostrando o valor da consciência e do livre-arbítrio e o valor dos Senhores Exus e das Senhoras Pombagiras (que estão usando muito bem esses dons em favor da própria evolução e da nossa!...). Há um grande respeito e admiração na relação entre essas Entidades. Há uma parceria importantíssima, que nem sempre compreendemos e raramente imitamos...
 Por essa afinidade, as Pombagiras Mirins costumam adotar nomes que são o diminutivo dos nomes das Senhoras Pombagiras e receber oferendas semelhantes às delas.
 ●Exemplos de nomes simbólicos:
 1-Pombagira Mirim Rosinha- referência à Senhora Pombagira da Rosa, que trabalha na Irradiação de Mamãe Oxum;
2-Pombagira Mirim Mariazinha- referência à Senhora Pombagira Maria Padilha, atuante no campo da Fé e da Religiosidade, Regência de Mãe Logunan. Esse nome também pode referir-se à Senhora Pombagira Maria Molambo, que atua no campo do Amor; etc.
Vale lembrar que toda Entidade que usa o nome “Maria” traz uma referência direta ao Sagrado Feminino, ao aspecto da “Mãe Divina”.
3-Outras Pombagiras Mirins acrescentam o nome do elemento característico, ou então do Ponto de Força no qual atuam. Exemplos: Rosinha do Mangue- Irradiação de Mãe Nanã; Pombagira Mirim do Cruzeiro- Irradiação de Pai Obaluayê; Pombagira Mirim da Estrada- Irradiação de Pai Ogum; etc.
 Exemplos de elementos de oferenda para as Pombagiras Mirins:
 ●Rosas vermelhas, hibisco, brinco de princesa e flores vermelhas em geral. Também a mini-rosa vermelha, muito delicada, que agrada às Entidades Mirins, como  homenagem ao seu lindo porte “mirim”;
●Sidra ou champanhe de maçã (vermelha) com mel; sucos de frutas vermelhas ou ácidas com mel; refrigerantes.  As bebidas também podem ser adoçadas com Alcaçuz (erva). Algumas Pombagiras Mirins manipulam bebidas com baixo teor alcoólico. Outras não, e preferem sucos de maçã, morango, ameixa vermelha, uva escura, laranja, limão, maracujá etc., ou ainda guaraná, groselha etc.;
●Ervas;
●Cigarrilhas e fumos preparados com as ervas específicas;
●Frutas cítricas (limão, laranja azeda, maracujá, abacaxi etc.) e as de casca vermelha;
● Fitas, linhas, pembas, tecidos e velas vermelhas;
●Perfumes;
●Incensos- Exemplos: canela, rosa vermelha, dama da noite, jasmim, arruda. 
 UMA REFLEXÃO FINAL, COM BASE NA PRÁTICA MEDIÚNICA:
 A clarividência é apenas um dom mediúnico, como tantos outros. É um dom natural (e nada extraordinário!), que se apresenta em diferentes graus, em cada médium. Mas ela precisa ser direcionada ao propósito de aprender e de ser útil (sem as bobagens da vaidade de “aparecer”, de “anunciar desgraças” etc.).
 Bem direcionada, a clarividência dá ao médium a oportunidade de captar alguns “flashes” da comunicação que acontece entre os diversos Planos, Seres e Entidades, nas Giras da Umbanda. Então, esse médium poderá perceber o quanto um trabalho integrado é valioso.
 A interação que existe entre os Espíritos e os Seres atuantes na Umbanda é um exemplo disso. Porque nos traz os benefícios que a soma dos recursos de cada Ser e de cada Espírito, que eles disponibilizam para o Bem comum, nos trabalhos religiosos da nossa amada Umbanda, e sem fazer alarde. Exemplo que precisamos seguir...
 Dizer: “Somos Um” não é difícil.  Mas vislumbrar, pela mediunidade, os efeitos de se pôr esta afirmação em prática é algo que emociona, sempre e sempre.
 E não importa se a pessoa tem clarividência, ou não. A intenção foi apenas exemplificar. Fato que todos podem observar é que os Guias da Direita e da Esquerda vêm trabalhando ao nosso lado, sem parar, apesar das nossas deficiências, resistências, dificuldades etc. Um exemplo a seguir...
 Os Mirins vivem num estágio anterior à aquisição da consciência e do livre-arbítrio, mas são importantes amigos e auxiliares, sempre que nos dispomos à prática do Bem.
 Nós, por outro lado, já temos consciência e livre-arbítrio. Mas precisamos utilizá-los com reverência e gratidão ao Divino Criador e com respeito aos demais Seres da Criação, pois são ferramentas que Ele nos concedeu para nossa evolução e integração no Todo.
 É hora de aprendermos a respeitar e valorizar “os diferentes”, incluindo os Seres de outros Planos da Criação e as diversidades presentes em nosso meio humano. Se nós refletirmos que essas “diferenças” revelam unicamente “as várias Faces” (aspectos) do Criador, vamos despertar para a importante tarefa de praticar a Fraternidade e então avançar mais um pouco no caminho da Evolução.
 Saudemos, pois, os Divinos Regentes dos Mistérios das Senhoras Pombagiras, das Pombagiras Mirins, dos Senhores Exus e dos Exus Mirins, com gratidão e pedindo bênção. E vamos pedir a proteção dessas Entidades que nos amparam, agradecendo por suas lições de prática fraterna e de humildade perante o Criador e a Criação.
 As Pombagiras Mirins também nos reconhecem como “diferentes”. Mas vêm até nós,  e para nos ajudar. São amigas. São Mãos do Criador que se doam às nossas mãos, para nos fortalecer. São exemplos de que podemos, sim, aprender a administrar as diferenças aparentes.
 O importante é a gente se dispor a somar os conhecimentos e as vontades individuais de colaborar. Juntos, podemos aprender uns com os outros, crescer mais e prestar mais auxílio mútuo, contribuindo para o Todo. Assim é na Umbanda ensinada e praticada por nossos Amados Orixás e Guias, esta grande Escola de Espiritualização e de Fraternidade. Vamos abrir o coração e a mente. Seguir a lição e o exemplo e fazer por “refletir essa Luz Divina”, como está no Hino da Umbanda...
 Quando tivermos aprendido essa lição, quem sabe a Espiritualidade Superior nos revele mais alguma coisa a respeito das queridas Pombagiras Mirins, essas Magas “pequeninas” e cheias de energia e disposição, que tanto nos encantam, mas que ainda permanecem cercadas de “mistérios”... Quem sabe? Afinal, tudo acontece no tempo certo. “Quando o discípulo está pronto, o mestre aparece”...
 Salve o Sagrado Orixá e as Entidades Pombagira Mirim!
 Laroyê, Pombagira Mirim! Pombagira Mirim Modjubá!
 NOMES SIMBÓLICOS: Pombagira Mirim Rosinha (Irradiação de Mãe Oxum); Pombagira Mirim Mariazinha (Irradiação que pode ser de Mãe Logunan ou de Mãe Oxum); Rosinha do Mangue (Irradiação de Mãe Nanã); Pombagira Mirim do Cruzeiro (Irradiação de Pai Obaluayê); Pombagira Mirim da Estrada (Irradiação de Pai Ogum); etc.
 SAUDAÇÃO: A saudação ao Orixá e às Entidades Pombagiras Mirins é: ―“Laroyê, Pombagira Mirim! Pombagira Mirim é Modjubá! (Pronunciar a saudação e bater paô: a palma da mão direita bate no centro da palma esquerda. Repetir tudo mais duas vezes, num total de três― porque o três é utilizado sempre que se pede a Manifestação do Sagrado.)
 DIA DA SEMANA: Não há um dia específico. Muitos dedicam a terça-feira, que é regida por Marte e associada aos Orixás da Lei (Ogum e Iansã). A designação de um dia específico, em cada Terreiro, também pode estar relacionada ao Orixá que rege mais diretamente o trabalho da Entidade que comanda esta Linha na Casa.
 CAMPO DE ATUAÇÃO: Recolhem e anulam as intenções maldosas (magias mentais e projeções mentais negativas, bem como intrigas, difamações injustas etc. praticadas às ocultas por pessoas mal intencionadas contra quem faz o bem); desfazem situações complicadas e bloqueios íntimos profundos; cortam magias negativas, principalmente as realizadas com recursos de “ocultação”; realizam uma potente limpeza e equilíbrio energético em pessoas e ambientes. 
PONTO DE FORÇA: No geral, as encruzilhadas em “tê” e os caminhos. No particular, o ponto de força do Orixá que rege seus campos específicos de trabalho. 
COR: Vermelha. 
ELEMENTOS DE TRABALHO: Ervas; alguidar pequeno com pequenas Pedras de Coralina, Ametista, Pirita, Mica Rosa, Granada, Ágata de Fogo ou Vassoura da Bruxa, por exemplos; búzios; moedas de cobre e/ou douradas; bolinhas de metal; velas e pembas vermelhas; fitas e linhas vermelhas; sementes de olho de boi e olho de cabra.
 ERVAS:
1-Preferenciais: Patchuli, malva rosa, rosa vermelha, amora, hibisco, pitanga.
2-Outras: Alcaçuz; arnica; aroeira; arruda; canela; casca de alho e de cebola; comigo-ninguém-pode; dandá da costa; erva-de-bicho; espadas de São Jorge e de Santa Bárbara; eucalipto; folhas de bambu, de café, de goiaba, de laranja, de limão, de manga, de pinheiro; garrinha de Pombagira; gengibre; guiné; losna; manjericão roxo; pára-raio; peregum roxo; picão preto; pimentinhas vermelhas; pinhão roxo; quebra-demanda; raízes; sementes (olho de cabra, olho de boi); tiririca. 
SEMENTES: Olho de boi, olho de cabra. 
FUMO/DEFUMAÇÃO: Cigarrilha; fumos de ervas específicas enroladas na palha ou queimadas diretamente. 
PEDRAS: As Pedras vermelhas e rosas, de preferência pequenas, tais como: Mica Rosa, Granada, Geodos de Ágata de Fogo. Algumas usam Pirita e/ou Vassoura de Bruxa.
 BEBIDAS: Sucos de frutas vermelhas ou ácidas adoçado com mel ou com Alcaçuz; champanhe escuro ou sidra com mel; licores bem doces.
 FRUTAS: Morango, cereja, maçã, uva escura, romã, acerola, pêssego, maracujá, abacaxi, laranja, limão; as frutas ácidas e as vermelhas em geral. 
 FLORES: Rosas vermelhas, mini-rosa vermelha, hibisco, brinco de princesa, flores vermelhas pequenas em geral.
 INCENSO: Rosa vermelha, dama da noite, canela, jasmim. 
 OFERENDAS:
 1- Toalha ou pano vermelho; velas, fitas e linhas vermelhas; pembas vermelhas; rosas vermelhas; frutas: maçã, morango, uva rosada, caqui; bebidas: champanhe de maçã, de uva, de sidra; licores (Fonte: Rubens Saraceni, “Oferendas Básicas Umbandistas”).
2-Frutas vermelhas e/ou ácidas; ervas; rosas vermelhas; 1cigarrilha; 1 vela vermelha; 1 copo de sidra com mel. ●Preparação: Pedir licença e bênção ao Criador para fazer a oferenda, saudando o Orixá e a Entidade Pombagira Mirim e pedindo a imantação dos elementos para o objetivo desejado. ●Montagem: Cobrir o chão com as ervas e sobre elas dispor as frutas. Cercar com as flores. Derramar a bebida em volta. Firmar a vela na frente da oferenda e acender a cigarrilha, dando três baforadas nos elementos (agradecendo, fazendo o pedido, conforme o propósito da oferenda). Deixar a cigarrilha em pé, à esquerda da vela. Agradecer. ●Recolher tudo quando a vela queimar, agradecer, embrulhar em papel limpo e jogar no lixo.
 3- Maçã com mel ●Material: 1 maçã; pétalas de rosas vermelhas; 1 cigarrilha;  uma velavermelha. ●Preparação: Fazer uma oração a Deus, pedindo bênçãos e licença para a oferenda. Saudar Pombagira Mirim e pedir sua proteção e a imantação dos elementos para o objetivo desejado. ●Montagem: Tirar uma tampa da maçã, retirando parte do miolo para fazer um buraco e ali despejar o mel. A pessoa pode colocar o próprio nome dentro da maçã. Rodear a maçã com as pétalas. Firmar a vela na frente da maçã, saudando Pombagira Mirim. Acender a cigarrilha e baforar três vezes na direção da maçã. Pedir proteção e fazer o pedido específico (trabalho, saúde, harmonia na família, harmonia nos relacionamentos). Colocar a cigarrilha em pé, à esquerda da vela. Agradecer. ●Recolher tudo quando as velas queimarem, agradecer, embrulhar em papel limpo e jogar no lixo.
´4- Trouxinhas de ervas- Para recolher e anular negatividades, embaraços e atrasos que se repetem na vida da pessoa. ●Material: Um punhado de pétalas de rosas vermelhas, outro de arruda fresca e outro de pedacinhos de canela (as duas últimas podem ser substituídas por outras ervas específicas); 7 paninhos vermelhos redondos; 7 pedaços de fita vermelha de cetim (fininha); 7 velas palito vermelhas; 1 copo de sidra com mel; 1 prato de papelão vermelho. Usar ervas o bastante para fazer 7 montinhos, de modo que cada montinho caiba no paninho vermelho redondo (para fazer as trouxinhas). ●Preparação: Separar o material e fazer uma oração a Deus, pedindo licença para oferendar Pombagira Mirim, saudando-a e pedindo sua proteção e a imantação do material para o objetivo desejado. ●Montagem: Misturar as ervas e colocar cada montinho dentro de um paninho vermelho redondo. Fechar, fazendo uma trouxinha, e amarrar com um pedaço de fita vermelha, dando 3 nozinhos. A cada nó, a pessoa se concentra com Fé e pede, nesta sequência: proteção, limpeza energética, depois o pedido específico. Exemplo: “Peço, em nome de Deus, e de acordo com as minhas necessidades e o meu merecimento, que Pombagira Mirim recolha aqui e anule todas as negatividades que estão me envolvendo no campo... (especificar onde está o embaraço: família, saúde, trabalho, amor etc.), desfazendo e anulando tudo isso na origem e desembaraçando os Sete Sentidos da minha vida. Em nome de Deus, que assim seja, e assim será!” ●Feito isto, colocar as trouxinhas no prato de papelão. Despejar a bebida rodeando o prato. Em torno, acender e firmar as velas. Depois de colocar as velas no chão, saudar Pombagira Mirim, repetindo três vezes e batendo paô:  “Salve suas Forças! Laroyê, Pombagira Mirim! Pombagira Mirim Modjubá! Peço sua bênção e agradeço, agradeço, agradeço, em nome de Deus! Axé!”. ●Depois que as velas queimarem, recolher tudo, agradecer, embrulhar em papel limpo e jogar no lixo.
 5- Cestinhas de maçã ●Material: 7 maçãs grandes; 1 copo de bebida (champanhe de maçã com mel, ou groselha com o champanhe, ou um dos sucos de fruta já indicados, com mel); canela em pó para polvilhar; 7 velas palito vermelhas; 7 pedaços de fita vermelha de cetim (fininha); um prato de papelão vermelho (ou um tecido vermelho) que dê para colocar as maçãs. ●Preparação: Separar todo o material, pedir a bênção Divina e licença para a oferenda, saudando Pombagira Mirim e pedindo sua proteção e a imantação dos elementos para o objetivo desejado.●Montagem: Com cuidado, retirar parte da polpa de cada maçã, esculpindo uma alça na parte de cima da fruta e fazendo um buraco na parte inferior, dando o formato de uma cestinha. Despejar um pouco da bebida dentro de cada maçã. Fazer um círculo de maçãs no prato (ou tecido) e polvilhar com a canela. Estender as fitas, como raios, circulando tudo. Firmar as velas em torno da oferenda, saudando Pombagira Mirim e fazendo seus pedidos. Agradecer. ●Quando    asvelas queimarem, recolher tudo, agradecer, embrulhar num   papel limpo e jogar no lixo.
 6- Taça de cobre com sumo de uva ● Material: Um cacho de uvas rosadas (são pequenas e escuras); 2 copos de sidra ou de champanhe vermelho; uma taça pequena de cobre; um pouco de mel; um punhado de dandá da costa (erva); 2 velas vermelhas; 1 cigarrilha; 1 prato (ou pano) vermelho pequeno. ●Preparação: Fazer uma oração a Deus, pedindo licença para a oferenda. Saudar Pombagira Mirim, pedindo sua proteção e que imante os elementos com seu Axé e sua Magia, já fazendo mentalmente o pedido específico. ●Montagem: Lavar e colocar as uvas de molho na sidra (ou champanhe) por 3/4 horas, num vasilhame limpo e coberto, firmando na frente 1 vela vermelha para Pombagira Mirim, concentrando-se no pedido. Depois que a vela queimar, espremer as uvas para extrair o sumo, coar e colocar na taça de cobre, misturando com o mel. Reservar as sobras do líquido, para depois derramar em volta da oferenda. Colocar a taça sobre o prato (ou tecido) e circundar com o dandá da costa (erva) e com respingos do sumo de uva que restou. Acender a outra vela e firmá-la na frente da oferenda, fazendo o pedido específico. Acender a cigarrilha, baforar três vezes sobre a oferenda, saudando Pombagira Mirim e batendo paô (nas 3 vezes). Colocar a cigarrilha sobre a taça. Agradecer. ●Quando a vela queimar, recolher tudo, embrulhar em papel limpo e jogar no lixo. A taça pode  ser lavada e reaproveitada.
 Cozinha ritualística:
 1-Padê de licor de cereja― 250 g de farinha de mandioca fina e crua; cerca de dois copos de licor de cereja; pétalas de rosas vermelhas e pedacinhos de canela para enfeitar. Despejar o licor num alguidar pequeno e molhar toda a parte interna do vasilhame. Despejar a farinha, aos poucos e ir misturando, para que fique uma pasta úmida e uniforme.  Enfeitar com as pétalas e a canela.
 2-Padê de champanhe de maçã- 250 g de farinha de mandioca fina e crua; dois copos de sidra; um pouco de mel; 7 morangos e pétalas de rosas vermelhas para enfeitar. Despejar a bebida num alguidar pequeno, colocar a farinha e misturar. Regar com mel e enfeitar com os morangos cortados ao meio e as pétalas.
 3- Padê de mel― Um punhado de farinha de mandioca fina e um copo de mel. Despejar o mel num alguidar pequeno e ir misturando com a farinha. Pedir a harmonização de situações de conflito. Pode-se enfeitar com pétalas de rosas vermelhas e/ou pedaços de canela.

4- Padê com farinha de milho amarela― Um punhado de farinha de milho amarela e outro de açúcar cristal (ou mascavo); 1 copo de champanhe vermelho com mel.  Misturar a farinha e o açúcar, pedindo uma orientação e auxílio para questões urgentes. Regar com a bebida (despejar com a mão, delicadamente).
 ●Observação: Os padês servem como oferenda. Colocar o padê (ou quantos a pessoa fizer) no alguidar (ou alguidares), firmando 1 vela vermelha (palito, ou então de 7 dias) na frente. Pode-se acrescentar 1 copo de sidra com mel e 1 cigarrilha. Durante a manipulação da farinha com a bebida, a pessoa vai fazendo uma oração e o seu agradecimento (oferenda de agradecimento), ou então o pedido específico (oferenda para obter ajuda).
 TEXTO DOUTRINÁRIO - O MISTÉRIO POMBAGIRA MIRIM- POR RUBENS SARACENI
Fonte: O site do “Colégio de Umbanda Pai Benedito de Aruanda”
 Devido ao pedido de muitas pessoas que receberam os textos sobre os Erês e sobre Exu Mirim, vou discorrer de forma livre sobre a Linha das Pombagiras Mirins, Seres Encantados tão desconhecidos quanto os Exus Mirins.
Todos os mistérios da Criação Divina sempre se mostram aos pares, ainda que nem sempre isso nos seja visível porque desconhecemos quase tudo sobre eles.
No caso de algumas Linhas isso já está se mostrando e nem nos damos conta do que está tão visível.
Então vejamos:
Exu do Lodo - Pombagira do Lodo
Exu Veludo - Pombagira Veludo
Exu do Cemitério - Pombagira do Cemitério
Exu Sete Encruzilhadas - Pombagira Sete Encruzilhadas
Exu Sete Capas - Pombagira Sete Véus
Exu Cigano - Pombagira Cigana
Exu das Matas - Pombagira das Matas
Exu das Sete Praias - Pombagira das Sete Praias
Exu Navalha - Pombagira Navalha
Exu João Caveira - Pombagira Rosa Caveira, etc..
Nas Linhas da Direita acontece a mesma bipolarização, porém menos visível, até porque quando o Caboclo é ativo (incorporante), a Cabocla é passiva (não incorporante), ou seu nome simbólico é diferente do dele, fato esse que dificulta a identificação dos pares de Guias da Direita.
Pai João do Congo forma par com Mãe ou Vovó Maria Conga
Pai João do Cruzeiro forma par com Mãe Maria das Almas
Pai João de Angola forma par com Vovó Maria do Rosário; etc.
Caboclo das Matas - Cabocla Jurema.
Caboclo Pena Branca - Cabocla Guaraciara.
Caboclo Sete Ondas - Cabocla Yara; etc.
Bom, paremos por aqui, senão iremos revelar algo ainda fechado no tocante às Linhas da Direita, certo?
O fato é que existe toda uma Dimensão da Vida localizada a sete graus à esquerda da Dimensão Humana da Vida; escala essa que é horizontal e cada um dos seus graus contém todo um universo em si mesmo, dentro do qual desemboca toda uma Realidade Divina que começa no interior de Deus, dentro de uma de suas Matrizes Geradoras de Vidas, vidas essas que são geradas aos pares (masculino e feminino).
Portanto, existem 77 dessas Dimensões da Vida que desembocam nesse nosso abençoado planeta e a Humana é a de número 21, na escala magnética Divina horizontal.
A de nº 20 é a habitada pelos Seres Naturais regidos pelo Orixá Exu; e a de nº 22 é habitada pelos Seres Naturais regidos pelo Orixá Ogum, só para que entendam essa escala Divina, certo?
Todos os graus abaixo de 21 são classificados como Dimensões negativas e as acima são classificadas como Dimensões positivas.
A partir da compreensão desse Mistério intra-planetário, então podemos discorrer sobre o Mistério Pombagira Mirim, pois, assim como essa Matriz Divina gera Exu Mirim, também gera um ser feminino em tudo análogo a ele (em poderes e Mistérios) e que também se manifesta na Umbanda quando lhe é possível ou permitido, sendo muito comum elas se apresentarem como Pombagiras Meninas.
Em outros casos, apresentam- se como Pombagira Mariazinha (diminutivo de Maria Molambo ou de Maria Padilha), etc.
É claro que em um médium só se apresentará um Exu Mirim e a Pombagira Mirim será passiva (não incorporante).
Já em uma médium tanto pode incorporar o Exu Mirim quanto a Pombagira Mirim, mas nunca os dois serão ativos e, ou será ele ou será ela que sempre incorporará e trabalhará nas giras de atendimento ao público.
Mas isso não quer dizer que não possa incorporar esporadicamente tanto o Exu quanto a Pombagira Mirim, em uma gira fechada (não aberta ao público).
E antes que alguém pergunte qual é a oferenda para elas, saibam que é igual às das Pombagiras adultas.
É claro que aqui só comentei um pouco sobre as Pombagiras Mirins e há muito mais sobre elas, mas vou parar por aqui, senão terei que escrever um livro só sobre esse mistério da Umbanda, certo? (RUBENS SARACENI)

POMBA GIRA




Na Umbanda, temos uma Linha de Entidades de Trabalho que se identificam como Pomba Gira (ou Pombagira) e que atuam na chamada Esquerda. São espíritos humanos que tiveram várias encarnações e que, com o tempo, obtiveram a permissão da Lei Maior para se assentarem à Esquerda dos Orixás e trabalharem em favor da nossa evolução.
  E onde estaria a origem da palavra Pombagira?
  Na Cultura Nagô-Iorubá, de onde vem o culto aos Orixás, não existe um Orixá Pombagira (Divindade) e nem uma Entidade Pombagira.
  A provável origem do nome Pombagira está numa Divindade da Cultura Bantu. Os povos Bantus (ou Bantos) ocupavam a região de Angola, Congo, Cabinda, que ficava ao lado do território do povo Sudanês, este correspondente aos Nagôs e Jejes.
  Entre os Bantos, predomina a Cultura Angola, na qual o idioma mais falado é o Kimbundu (ou Kimbundo). Dentro dessa Cultura Angola de língua Kimbundu, as Divindades são chamadas Inkices e entre elas há uma Divindade “Bombo Gila” ou “Bombo Njila” ou “Pambu Njila”, que é o Senhor ou Guardião dos caminhos e das encruzilhadas. Dessa designação pode ter derivado o nome Pomba Gira.Outros estudiosos afirmam que o nome Pombagira deriva de “Bombogira” (ou “Bombo Djiro”), Divindade da Cultura Angola que recebia oferendas nas encruzilhadas e caminhos e que às vezes era identificada como feminina e outras, como masculina.
 Pomba Gira na Umbanda
 Dentro da Umbanda, o nome Pomba Gira pode ser traduzido como: mensageira dos caminhos à Esquerda. “Pomba” é um pássaro que já foi usado como correio (pombos-correios); e “gira” expressa a idéia de movimento, caminhada, deslocamento etc. Como essas Entidades atuam na Esquerda, vem o significado de mensageira dos caminhos à Esquerda.
  
Logo no início da religião de Umbanda, as primeiras Entidades que se apresentaram foram os Caboclos, os Pretos Velhos e as Crianças. Em seguida vieram os Exus, que chegaram trazendo Entidades companheiras, as quais se identificavam como Pomba Gira.
 Assim como Exu é um guardião e protetor na Esquerda, Pombagira também é uma guardiã protetora atuante na Esquerda da Umbanda. Ela se apresentou como par natural de Exu e por esse motivo, no início das suas manifestações, se pensava que Pombagira fosse “mulher de Exu” e até “mãe de Exu Mirim”. Com o passar do tempo, a Espiritualidade foi esclarecendo melhor aquele tipo de manifestação, aumentando a nossa compreensão a respeito dessas Entidades.
 Há registros de que entidades com características semelhantes já se manifestavam no Brasil antes do advento da Umbanda. O pesquisador João do Rio, no livro “As religiões do Rio”, relata casos dessas manifestações nas chamadas “macumbas” cariocas.
 Porém, com características próprias, a presença de Pombagira se acentua na Umbanda nas décadas de 1960/70, coincidindo com os movimentos pela libertação feminina.
 Até então, historicamente, a mulher sempre teve um papel subalterno em nossa sociedade, marcadamente machista; sendo rotineiramente sufocada na sua expressão, pelo poder masculino.
Contexto histórico, cultural e social no qual surge e se expande a presença de Pombagira na Umbanda― Não é demais lembrar que há questão de um século a legislação de muitos países permitia ao marido, até mesmo, matar a mulher que lhe fosse infiel. Porém, esse marido não poderia assassinar o homem que participou com ela da traição. Ou seja, as leis deixavam bem claro que o homem era “superior” à mulher; que a “culpa e o “crime” eram sempre da mulher e, portanto, ela merecia todos os “castigos e punições”...
 Muitas religiões inclusive “sacramentavam” a condição subalterna das mulheres, impondo-lhes obediência irrestrita aos pais, maridos e aos parentes masculinos em geral; e que cobrissem todo o corpo, então visto como “fonte de pecado e luxúria”...
 Dessa forma e por muito tempo, a mulher foi reduzida à condição de objeto, pois não era vista como um ser com direitos; e foi levada a crer na sua “inferioridade” perante o homem e a acreditar que a sua sensualidade e sexualidade naturais, de origem Divina, eram coisa “demoníaca”...
 Em nosso país, até bem pouco tempo, as filhas solteiras eram confinadas em quartos internos das residências, de modo que não houvesse portas ou janelas dando para a rua, e onde elas permaneciam impedidas de contatos com pessoas, principalmente homens, que não fossem da família. Casamentos arranjados eram de costume. Os direitos civis das mulheres, quando existiam, eram muito limitados, pois a legislação recente colocava o homem como chefe da família e a mulher como sua subordinada. 
 Vamos fazer aqui um rápido apanhado da situação jurídica da mulher brasileira nos últimos oitenta anos, para se ter uma idéia mais clara do assunto:
 O direito ao voto é conquista recente da mulher brasileira. Foi obtido parcialmente por meio do Código Eleitoral Provisório, de 24 de fevereiro de 1932, que permitia o voto apenas das mulheres casadas, desde que com autorização do marido, bem como o das viúvas e solteiras que tivessem renda própria. O Código Eleitoral de 1934 ampliou esse direito, mas não lhe deu caráter obrigatório, ao contrário do previsto para o voto masculino. O voto feminino sem restrições só passou a ser obrigatório em 1946.
 O direito ao voto feminino começou pelo Rio Grande do Norte, em 1927, quando a Professora Celina Guimarães, de Mossoró, se tornou a primeira brasileira a fazer o alistamento eleitoral. A primeira mulher escolhida para ocupar um cargo eletivo é também do Rio Grande do Norte: Alzira Soriano, eleita Prefeita de Lajes, em 1928, pelo Partido Republicano. Mas ela não terminou o seu mandato, pois a Comissão de Poderes do Senado anulou os votos de todas as mulheres...
 Em 1933, a médica paulista Carlota Pereira de Queiroz foi a primeira mulher a votar e ser eleita Deputada Federal, participando dos trabalhos da Assembléia Nacional Constituinte, entre 1934 e 1935.
 Em 1979, pela primeira vez uma mulher ocupou um lugar no Senado: Eunice Michiles (do Amazonas), que era Suplente e assumiu o posto com a morte do Titular do cargo.

Mas só em 1990 foram eleitas as primeiras Senadoras: Júnia Marise (por Minas Gerais) e Marluce Pinto (por Roraima). Por São Paulo, a Suplente Eva Blay assumiu o mandato quando o Titular, Senador Fernando Henrique Cardoso, se tornou Ministro do então Presidente Itamar Franco.
 Em 1994, o Maranhão elegeu a primeira Governadora de nosso país: Roseana Sarney.
 Em 1996, o Congresso Nacional instituiu o sistema de cotas na Legislação Eleitoral, obrigando os partidos a inscreverem, no mínimo, 20% de mulheres nas chapas proporcionais. Em 1997, o sistema foi revisado, elevando esse mínimo para 30%.
 A nossa primeira Ministra de Estado foi Maria Esther Figueiredo Ferraz (Educação), em 1982. Hoje, as mulheres estão à frente de vários Ministérios e há uma Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. Recentemente, o Brasil elegeu a primeira mulher para o alto cargo de Presidente da República: a Senhora Dilma Rousseff.
 Pois bem.
 Se a valorização da mulher no cenário político é coisa recente e que ainda assusta a muitos “machistas de plantão”, já podemos imaginar que no âmbito particular, familiar e doméstico a situação tem sido ainda muito pior.
 O quadro geral recente da nossa história revela uma teia de discriminação e, consequentemente, um gerador de desrespeito e de violências contra a mulher.
 Ora, se tudo apontava para a “inferioridade” das mulheres, até porque os sacerdotes e os legisladores de então eram homens, é natural que alguns homens se julgassem no direito até de espancá-las e tratá-las como animais. Infelizmente, alguns ainda pensam assim, e a violência doméstica contra as mulheres é muito grande em nosso país: maridos e companheiros que as espancam ou as submetem emocionalmente, filhos e familiares que assim procedem; e tudo assistido impunemente pela sociedade e pelo Estado.
 Apenas em 07 de agosto de 2006 tivemos a edição da Lei 11340, a chamada Lei Maria da Penha, como instrumento jurídico específico de proteção das mulheres contra a violência familiar e doméstica (praticada por seus maridos e companheiros, ou por filhos e quaisquer pessoas da sua convivência).
 A Lei Maria da Penha prevê a criação de Juizados e Delegacias Especiais para cuidar de casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, bem como o estabelecimento de medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar, com a punição inclusive criminal dos infratores.
 Em resumo, essa Lei dispõe que: Artigo 2º― Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza   dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social; Art. 3º ― Serão asseguradas às mulheres as condições para o exercício efetivo dos direitos à vida, à segurança, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária; (...) Artigo 6o ― A violência doméstica e familiar contra a mulher constitui uma das formas de violação dos direitos humanos.
 Esses dados ilustram a lenta evolução da situação da mulher em nossa sociedade.
 E o quê as Entidades Pombagiras têm a ver com isso?
 Acontece que, justamente num período que coincide com os movimentos pela libertação feminina, as Pombagiras vieram com mais força na Umbanda, trazendo o arquétipo da mulher forte, destemida, segura de si, sensual (mas NÃO vulgar!), mostrando a força do poder feminino. Ao mesmo tempo, mostravam-se boas ouvintes e conselheiras. Envolventes, conseguiam fazer com que as pessoas lhes contassem seus problemas mais particulares e suas inseguranças, para então auxiliá-las.
 Com isso, as Pombagiras trouxeram um novo padrão de valor feminino para a sociedade, ajudando muitas mulheres a conquistarem autoconfiança e a recuperarem sua autoestima; e, indiretamente, auxiliavam a promover uma transformação do olhar masculino e de toda a sociedade para com as mulheres.
 Mais uma vez, nos deparamos com a Espiritualidade Superior buscando formas de nos ajudar a valorizar a figura da mulher e a quebrar mais um preconceito, levando a sociedade a avançar como um todo no caminho da fraternidade, da igualdade e do respeito ao outro.


O Mistério, o Orixá, o Trono e a Entidade Pombagira na Umbanda
 Na Criação, encontramos o Princípio Masculino, o Poder e a Força Masculinos do Criador manifestados por meio dos Orixás Masculinos. É a Manifestação do aspecto “Pai” do Criador.
 Já o Princípio, o Poder e a Força Femininos do Criador são manifestados pelos Orixás Femininos (Oyá-Tempo, Oxum, Obá, Egunitá, Iansã, Nanã, Iemanjá). Manifestação do aspecto “Mãe” do Criador. E este mesmo Poder Feminino está presente em Pombagira.
 Ou seja, na Umbanda, Pombagira é também uma Manifestação do Sagrado Feminino; portanto, é uma Entidade que deve ser tratada com o mesmo respeito que dedicamos às demais.
 Na Umbanda, Pombagira é cultuada como Entidade de Trabalho, como Espírito que trabalha a serviço da Luz e que, portanto, só pode praticar o Bem, e ainda que às vezes o faça com mão forte...
 Como todas as Entidades, a atuação de Pombagira é sustentada por um Orixá. Este Orixá Sustentador manifesta um Mistério Divino e é chamado de Orixá Pombagira, porque não há outro nome conhecido para designá-Lo (visto que na Cultura Nagô, de onde provém o culto a Orixá, não existe uma Divindade com este nome).
 Assim, a Linha ou Grau Pombagira é sustentado por um Orixá que denominamos de Orixá Pombagira. Da mesma forma que cada Linha de Trabalho da Umbanda tem a sustentação de Orixás específicos, o mesmo acontece com Pombagira.
 E assim como há Caboclos, Pretos Velhos, Baianos etc., trabalhando na Irradiação de todos os Orixás, há Pombagiras de Oxalá, de Oxum, de Oxóssi etc., enfim, há Pombagiras de todos os Orixás.
 O Trono que corresponde ao Mistério Pombagira é denominado Trono do Estímulo ou do Desejo, pois esta é a Energia que Pombagira nos transmite, e com muita propriedade: o despertar do estímulo, do gosto pela vida, o “start” para levarmos avante os nossos esforços pela conquista de uma vida melhor, mais saudável e equilibrada, em todos os setores.
 O “desejo” que Pombagira desperta em nós não se refere ao campo unicamente sexual, como alguns pensam, mas tem uma conotação muito mais ampla. Sem estímulo, a pessoa não consegue caminhar em nenhum setor da vida. E no campo sexual, especificamente, Pombagira é a grande esgotadora dos desequilíbrios, dos entraves e bloqueios que possamos carregar em nosso íntimo, visto que a Energia sexual é Sagrada e, por isso mesmo, importante para o nosso equilíbrio geral. Pombagira muitas vezes revela o que está escondido, para promover o esgotamento desses negativismos.
 E por qual motivo Pombagira se apresentou, no início, como par natural de Exu? Exatamente porque Pombagira desperta nos seres o estímulo para agir, enquanto Exu vitaliza essa vontade, para que o objetivo seja alcançado.
 Ainda há muita desinformação a respeito de Pombagira, inclusive no meio umbandista.
 Para alguns, seria uma Entidade capaz de fazer o mal (“amarrações”, trabalhos de magia negativa etc.). Grande equívoco! Uma Entidade que trabalha a serviço da Lei Maior não se presta a tais coisas. O que pode acontecer é que seres trevosos se aproveitem da malícia e despreparo do médium ou do consulente, ou de ambos, para, usando o nome de Pombagira, atenderem a caprichos inferiores. Mas aí a responsabilidade é dividida de forma igual entre quem pediu, o médium que serviu de intermediário e quem fez, e não das Entidades Pombagiras.
 Há também quem pense que Pombagira foi prostituta, mulher perdida etc. Assim, ela  viriatrabalhar para “pagar um carma”, estando sujeita às nossas vontades. Outro engano! Pombagira é um espírito humano que teve várias encarnações. Que, como todo ser humano, cometeu erros. Mas que se arrependeu e se reergueu, obtendo a permissão Divina para trabalhar, usando da sua experiência em benefício da própria evolução e também da nossa, porque nos alerta sobre as consequências dos erros.
 Quem errou e reconheceu seus erros tem um grau de consciência apurado. E quem vem trabalhar como Guia de Umbanda tem um nível de evolução superior ao nosso!
 Ninguém pode afirmar, ao certo, quem foi Pombagira na sua última encarnação ou nas anteriores. E isso não interessa, na verdade. Aliás, quem somos nós para “julgar” quem vem nos ajudar? O que importa é que se trata de Espíritos a serviço da Luz e que, por já terem errado, conseguem entender os nossos erros humanos. Falam conosco “de igual para igual” (no sentido de compreensão) e podem nos ajudar no caminho da recuperação, a partir do momento em que assumirmos responsabilidade pelos nossos atos. Quando uma Entidade da Esquerda vem e nos conta um episódio do seu passado como encarnado, fala dos seus erros e das suas consequências quando deixou a carne, tudo isso nos serve de reflexão. Esse é um dos pontos de atuação de Pombagira em nosso favor, pois quando ela fala de erros, acertos e consequências, ela sabe do que está falando e nos transmite sinceridade e veracidade.
 Quem conhece o caminho pode guiar quem vem atrás...
 A única maneira de quebrarmos os preconceitos que ainda existem em relação às Pombagiras é pelo estudo da natureza e finalidade do trabalho dessas Entidades dentro da Umbanda. Fiéis de outras religiões não têm obrigação de conhecer isso, embora devam nos respeitar, até por força de mandamento constitucional.
 Mas enquanto houver médiuns e consulentes umbandistas achando que podem pedir qualquer coisa a uma Pombagira; ou médiuns vestindo roupas escandalosas, com “decotão’, transparentes, barriga de fora, com maquiagem e adornos excessivos, e requebrando de maneira vulgar por aí, e fazendo isso “em nome de Pombagira”; enquanto isso continuar acontecendo, será difícil que a Umbanda obtenha o respeito das pessoas de fora da religião. E dentro da religião essas práticas absurdas só abrem caminho para a manifestação de seres trevosos, mentirosos e enganadores, que nada mais são do que afins com aqueles que deturpam o nome da Umbanda. Semelhante atrai semelhante...
 Na Umbanda, quando POMBAGIRA se manifesta, estamos diante DO SAGRADO FEMININO.
 Por detrás daquele Espírito que vem trabalhar, há um Orixá Sustentador, há um Mistério da Criação Divina. Há também outros Pais e Mães Orixás Irradiadores, a amparar e indicar o campo específico de trabalho de cada Pombagira.
 Enfim, na atuação de Pombagira há todo um Caminho Sagrado nos envolvendo, ao qual devemos amar, honrar e respeitar, dentro e fora da religião.
 LAROYÊ, POMBAGIRA! POMBAGIRA MODJUBÁ!
SALVE O ORIXÁ POMBAGIRA!
SALVE TODAS AS SENHORAS POMBAGIRAS DE UMBANDA!
 Nomes simbólicos: Pombagira das Sete Encruzilhadas; Pombagira das Sete Praias; Pombagira das Sete Coroas; Pombagira das Sete Saias; Pombagira dos Sete Caminhos; Pombagira das Matas; Rosa Negra; Dama da Noite; Maria Molambo; Maria Padilha; Pombagira das Almas; Pombagira dos Sete Véus; Pombagira Cigana; Rosa Caveira; Sandália de Prata; Pombagira Rainha; Maria Quitéria; etc.
 Dia da semana: Não há um dia específico. A designação de um dia, em cada Terreiro, pode estar relacionada ao Orixá que rege mais diretamente o trabalho da Entidade que comanda essa Linha naquela Casa.
 Campo de atuação: Estimular os seres nos Sete Sentidos da Vida (Fé, Amor, Conhecimento, Justiça, Lei, Evolução e Geração); desbloqueio de energias densas no campo da sexualidade; limpeza energética; quebra de magias negativas.
 Ponto de Força: No geral, as encruzilhadas em forma de " T"  e os caminhos. No particular, o ponto de força do Orixá que as rege mais diretamente.
 Cor: Preferencial: Vermelho. Algumas usam o bicolor vermelho/preto.
 Elementos de trabalho: Punhal; pembas vermelhas; ervas; alguidar envernizado com pedras (Coralina, Ametista, Pirita, Mica Rosa, Granada, Ágata de Fogo, Vassoura da Bruxa etc.); búzios; moedas de cobre e/ou douradas; fitas e linhas vermelhas; sementes de olho de boi e olho de cabra; incensos; velas vermelhas.
 Ervas: Preferenciais: Patchuli, malva rosa, rosa vermelha, amora, hibisco, pitanga. Outras: Canela, casca de alho, casca de cebola, folhas de bambu, folhas de laranja e de limão, raízes, pimentas, olho de cabra, olho de boi, garra de Pombagira, quebra demanda, espadas de São Jorge e de Santa Bárbara, comigo-ninguém-pode, erva-de-bicho, arruda, aroeira, guiné, losna, arnica, manjericão roxo, pinhão roxo, dandá da costa, tiririca, folha de café, peregum roxo, gengibre, folha de manga, folha de goiaba, pára-raio, picão preto, eucalipto, folha de pinheiro.
 Sementes: Olho de cabra e de boi. 
 Fumo/defumação: Cigarrilha; fumos de ervas específicas enroladas na palha ou queimadas diretamente.
 Incenso: Rosa vermelha, dama da noite, canela, jasmim. 
 Pedras: As Pedras vermelhas e rosas, tais como: Mica Rosa, Granada, Geodos de Ágata de Fogo. Algumas Guardiãs também trabalham na energia da Pirita e da Vassoura de Bruxa. (Fonte: Angélica Lisanty, “Os Cristais e os Orixás”, Madras Editora.)

Bebidas: Suco de morango, de cereja, de acerola, ou de maçã. 
 Frutas: Morango, cereja, maçã, romã, acerola, pêssego, laranja, limão; frutas ácidas e vermelhas em geral. 
 Flores: Rosas vermelhas.
 Oferenda:
 1-Toalha ou pano vermelho; Velas vermelhas; Fitas vermelhas; Linhas vermelhas; Pembas vermelhas; Rosas vermelhas; Frutas: maçãs, morangos, uvas rosadas, caqui; Bebidas: champanhe de maçã, de uva, de sidra, licores. (Fonte: “Rituais Umbandistas ― Oferendas,
Firmezas e Assentamentos”, Rubens Saraceni, Editora Madras.)
 2-Frutas vermelhas e/ou ácidas; ervas; flores vermelhas; cigarrilha; uma vela vermelha; uma garrafa de sidra. Cobrir o chão com as ervas e sobre elas dispor as frutas. Cercar com as flores. Derramar a bebida em volta. Firmar a vela na frente da oferenda e acender a cigarrilha, dando três baforadas nos elementos e saudando Pombagira. Deixar a cigarrilha em pé, à esquerda da vela. Recolher tudo quando a vela queimar, agradecer e jogar no lixo.
 3-Taça vermelha com sidra, cercada de pétalas de rosas vermelhas e com uma rosa vermelha colocada dentro da bebida; uma cigarrilha; sete velas vermelhas. Cercar a taça com as velas, firmando-as e saudando Pombagira. Acender a cigarrilha, baforar três vezes na direção da taça e colocá-la sobre a taça, sempre saudando Pombagira (a cada baforada). Pedir proteção, fazer o pedido específico. Recolher tudo quando as velas queimarem, agradecer e jogar no lixo. A taça pode ser lavada e reaproveitada.
 Cozinha ritualística:
 1-Padê de licor de menta e Campari― Meio kg de farinha de mandioca fina e crua; dois copos de licor de menta; dois copos de Campari. Dividir a farinha em duas partes. Numa se mistura o licor e na outra o Campari. Colocar num prato de papelão ou alguidar (metade/metade) e enfeitar com rosas vermelhas ou pétalas dessas rosas.
 2-Padê de champanhe― Meio kg de farinha de mandioca fina e crua; meia garrafa de champanhe. Misturar e enfeitar com rosas vermelhas ou pétalas.
 3-Padês da Sra. Pombagira Maria Padilha: a- Meio kg de farinha de mandioca crua e fina, misturada com dois copos de uísque e enfeitada com rosas ou pétalas de rosas vermelhas; b-Meio kg de fubá; 250 ml de dendê; 200 g de azeitonas pretas; 200 g de camarão; uma cebola em rodelas. Aquecer o dendê, passar o camarão, depois a cebola, e misturar o fubá. Enfeitar com as azeitonas e rodelas de cebola.
 4- Padê com corações de frango― Uma porção de farinha de mandioca fina, um punhado de corações de frango, cebola picada, dendê e mel. Aquecer o dendê e refogar os corações de frango, juntando a cebola. Regar com mel. Enfeitar com pétalas de rosas vermelhas. Indicado para suavizar conflitos nos relacionamentos e para desfazer bloqueios sentimentais e emocionais.
 5- Padê de mel― Um punhado de farinha de mandioca fina e um copo de mel. Despejar a farinha e ir acrescentando o mel, misturando com a mão esquerda. Pedir harmonização de situações conflituosas.
 6- Padê com farinha de milho amarela― Um punhado de farinha de milho amarela e outro de açúcar cristal ou mascavo. Misturar a farinha e o açúcar com a mão esquerda, pedindo uma orientação e auxílio para questões urgentes. Regar com champanhe vermelho (escuro).
 Saudação: Laroyê, Pombagira! Pombagira Modjubá!
(Repetir a saudação  três vezes. Em cada vez, bater paô: deixando o polegar de fora, bater três vezes os outros quatro dedos da mão direita sobre o centro da palma esquerda. Esta repetição, de três em três, tem o significado de acionar o poder multiplicador do número três; número que é usado sempre que nos dirigimos ao Sagrado.)
  Texto- POMBAGIRA- Fonte: O livro “Orixá Pombagira”, de Rubens Saraceni, Madras Editora.
 Pombagira popularizou-se com a expansão da Umbanda e dos demais cultos afro-brasileiros nos anos 1960/1970. Sua força era indiscutível e seu poder foi usufruído por todos os que iam se consultar com ela.
  Junto à explosão descontrolada das manifestações de Pombagiras, vieram os males que acom­panham tudo o que é poderoso: os abusos em nome das Entidades Espirituais (pedidos de jóias e per­fumes caríssimos; de vestes ricas e enfeitadas, de oferendas e mais oferendas caríssimas; de assenta­men­tos luxuosos e os­tentativos; de cobrança por trabalhos realizados por elas, mas recebidos em espécie por encarnados etc.).

Pombagira também serviu de desculpa para que al­gumas pessoas atribuíssem a ela seus comportamentos no campo da sexualidade.
 Porém, a verdade é que en­quanto Mistério da Criação e instrumento repressor da Lei Maior e da Justiça Divina, Pombagira atua esgotando o íntimo de pes­soas e de espíritos vítimas de desequilíbrios emocionais ou conscienciais, pois essa é uma de suas muitas funções na Criação.
 Na Umbanda, a Entidade Espiritual Pombagira, que se manifesta incorporada em suas médiuns, está fundamentada num arquétipo desenvolvido a partir da Entidade Bombogira, originária do Culto Angola.
 Nos Cultos tradicionais oriundos da Nigéria não havia a Entidade Pombagira ou um Orixá que a fundamentasse. Mas, quando os nigerianos vieram para o Brasil (por volta de 1800), eles aqui se encontraram com outros povos e culturas religiosas e assimilaram a poderosa Bombogira angolana que, muito rapidamente, conquistou o respeito dos adoradores dos Orixás. Com o passar do tempo, Bombogira conquistou um grau análogo ao de Exu e muitos passaram a chamá-la de Exu Feminino ou de mulher de Exu.
 Os mentores espirituais informam que as manifestações de Pombagira são anteriores à Umbanda e já aconteciam esporadica­mente nas “macumbas” do Rio de Ja­neiro, como está descrito no livro “As Reli­giões do Rio”, de João do Rio, livro reeditado em 2006, mas onde não há uma descrição detalhada dos nomes das Entidades, e sim, apenas algumas informações, valiosíssi­mas, ainda que parciais.
 Muitos autores umbandistas atribuí­ram-lhe o grau de Exu feminino em razão da falta de informações sobre essa Entidade e pelo fato de manifestar-se nas Linhas da Esquerda, ocupadas por Exu e por Exu Mirim. Inclusive, alguns a descreveram como esposa de Exu e mãe de Exu Mirim. Isso aconteceu pela falta de informações sobre as manife­stações dessas Entidades, até então desconhecidas, que também nada revelaram sobre seus fundamentos divinos.
 Atualmente, Espíritos mensa­geiros vêm nos informando que as incorporações de Entidades na Umbanda têm fundamento nas divindades-mistérios; então, só temos de agradecer pelo que, finalmente, nos está sendo concedido.
 Pai Benedito de Aruanda, o espírito mensageiro que está nos trazendo a fun­damentação dos mistérios que se ma­nifestam na Umbanda, co­bra-nos um ri­goroso respeito pelos um­bandistas que semearam a Umbanda, o culto aos Orixás, as linhas de tra­balhos espirituais, a forma do culto umbandista e os no­mes aportuguesados dos no­mes africanos que nos che­garam, trazidos pe­los nossos antepas­sa­dos vin­dos da áfrica, de toda ela, assim como aos nomes aportuguesados perten­centes ao tronco lingüís­tico tupi-guarani. (...)
 O Mistério Pombagira abriu-se por inteiro na Um­banda e tanto pode ser esse quanto outro nome para identificá-lo porque, enquanto Orixá, seu ver­da­deiro nome nunca foi revelado na Teo­gonia Nagô; ele se encontra oculto entre os 200 Orixás desconhecidos, porque a Pom­bagira não foi humanizada no tempo como foram Exu, Oxalá, Iemanjá e todos os outros Orixás do panteão yorubano, muitos deles des­conhecidos pelos um­bandistas e por boa parte dos segui­dores de outros cultos afros. (...)
 Portanto, Pambu Njila para o guar­dião Bantu semelhante ao Exu Nagô e Pombagira para a guardiã umbandista, Rainha das Encruzilhadas da Vida e Senhora dos Caminhos à esquerda dos Orixás.
 Pomba é um pássaro usado no pas­sado como correio, “os pombos cor­reios”. Gira é movimento, caminhada, deslocamento, volta, giro, etc. Por­tan­to, interpretando seu nome genuina­mente português, Pomba­gi­ra significa mensageira dos caminhos à esquerda, tri­lhados por todos os que se desviaram dos seus originais ca­minhos evolutivos e que se perderam nos desvios e des­vãos da vida.
 Num tempo em que as mulheres eram tratadas como inferiores aos homens e eram vítimas de maus tratos dos seus companheiros, eis que uma Entidade feminina baixava e extravasava o “eu interior” feminino reprimido à força e dava vazão à sensualidade e à feminilidade capazes de subjugar até os mais inveterados machistas.
 Pombagira construiu um arquétipo forte, poderoso e subjugador do machismo ostentado por Exu e por todos os homens, vaidosos de sua força e poder sobre as mulheres.
 Ela construiu o arquétipo da mulher livre das convenções sociais, liberal e liberada, exibicionista e provocante, insinuante e desbocada, sensual e libidinosa, quebrando todas as convenções que ensinavam que todos os espíritos tinham que ser certinhos e incorporarem de forma sisuda, respeitável e aceitável pelas pessoas e por membros de uma sociedade repressora da feminilidade.

Ela mexeu com o imaginário popular e muitos a associaram à mulher da rua. Mas todos se quedaram diante de sua beleza, feminilidade e liberalidade. Sua desenvoltura e seu poder fascinam até os mais introvertidos que, diante dela, se abrem e confessam suas necessidades, seus recalques, suas frustrações, suas mágoas, tristezas e ressentimentos com os do sexo oposto.
 E a todos ela ouviu com compreensão e a ninguém negou seus conselhos e sua ajuda num campo que domina como ninguém mais é capaz.
 Quem não iria admirar e amar arquétipo tão humano e tão liberalizado de sentimentos reprimidos à custa de muito sofrimento?
 Pombagira é isto. É um dos mistérios do nosso Divino Criador que rege sobre a sexualidade feminina. Critiquem-na os que se sentirem ofendidos com seu poderoso charme e poder de fascinação. Amem-na e respeitem-na os que entendem que o arquétipo é liberador da feminilidade tão reprimida na nossa sociedade patriarcal onde a mulher é vista e tida para a cama e a mesa.
A espiritualidade superior que arquitetou a Umbanda sinalizou a todos que não estava fechada para ninguém e que, tal como Cristo havia feito, também acolheria a mulher infiel, mal amada, frustrada e decepcionada com o sexo oposto e não encobriria com uma suposta religiosidade a hipocrisia das pessoas que, “por baixo dos panos”, o que gostam mesmo é de tudo o que a Pombagira representa com seu poderoso arquétipo.
 Aos hipócritas e aos falsos puritanos, Pombagira mostra-lhes que, no íntimo, ela é a mulher de seus sonhos... Ou pesadelos, provocando e desmascarando seu falso moralismo, seu pudor e seu constrangimento diante de algo que o assusta e o ameaça em sua posição de dominador.

 Mas para azar dele e sorte nossa, a Umbanda tem nas suas Pombagiras ótimas psicólogas que, logo de cara, vão dando o diagnóstico e receitando os procedimentos para a cura das repressões e depressões íntimas.

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