Obaluayê é a Divindade que está assentada no pólo positivo
ou irradiante da Linha da Evolução, que é a sexta Linha de Umbanda. É o Trono
Masculino da Evolução, que representa e irradia a Vibração Divina que promove a
Evolução contínua de todos os seres e elementos da Criação.
Como Orixá Universal, Obaluayê irradia, o tempo todo,
Sagradas Energias que nos fazem dar um passo à frente; inclusive transmutando
ou modificando de forma positiva todo e qualquer sentimento, pensamento ou
energia contrária à nossa evolução. Essa atuação se dá por meio da luz violeta,
essencialmente transmutadora, a freqüência mais alta de todas as cores do
arco-íris. Por trás da simplicidade com que o Divino Pai Se manifesta entre
nós, está presente “a chama violeta”, preciosa e Divina.
Muito associam Obaluayê apenas à idéia do Orixá Curador, “o
Médico Sagrado da Umbanda”, que Ele realmente é. Mas Obaluayê representa mais
que isto: Ele é o Senhor das Passagens de um plano para outro, de uma dimensão
para outra, de um estado ou condição para outra, e mesmo do espírito para a
carne e vice-versa, pois atua diretamente no processo reencarnatório. É um
Trono Divino que cuida da evolução dos seres, das criaturas e das espécies, por
meio da irradiação dos Fatores Transmutador e Evolucionista.
O Fator Transmutador de Pai Obaluayê tem por função
transmutar não apenas uma situação particular da nossa vida, como também a de
transmutar a ação dos outros Fatores: é a Transmutação Divina atuante em toda a
Criação. Transmutar significa transformar o negativo em positivo. Já o seu
Fator Evolucionista ou Evolutivo tem por função criar as condições necessárias
para a evolução dos seres, correspondendo, portanto, à Presença da Evolução
atuante na Criação.
Na Umbanda, Obaluayê é geralmente sincretizado com São Roque
e com São Lázaro. Em poucas regiões do país seu sincretismo é com São
Sebastião.
São Roque, celebrado em 16 de agosto, é o santo católico
protetor contra a peste e também o padroeiro dos inválidos e dos cirurgiões.
Sua imagem mostra que tem ferimentos nas pernas; ao seu lado aparece um
cachorro. Por sua vez, São Lázaro é um santo católico muito invocado para a
cura de dores morais e físicas, sendo festejado em 17 de dezembro. Sua imagem
mostra o santo coberto de feridas e um cachorro que lambe essas feridas.
Observa-se que o cachorro, que aparece ao lado dos dois santos, é um animal que
também entra no Mistério de Obaluayê e de Omolu.
O nome Obaluayê significa: “o Rei e Senhor da Terra”
(Oba=Rei; Lu= Senhor; Ayê= Terra). Obaluayê é o Rei e Senhor do elemento terra
e da matéria ou do mundo material. É conhecido como o Rei das Almas do Ayê, o
Senhor das Almas.
O Trono da Evolução é um dos sete Tronos Essenciais que
formam a Coroa Divina Regente do nosso planeta. Na Umbanda, ele projeta a Linha
da Evolução, que é regida por Obaluayê (Orixá Masculino e Universal) e Nanã
(Orixá Feminino e Cósmico).
Obaluayê e Nanã são Orixás que cuidam das passagens dos
estágios evolutivos de todos os seres e elementos. Dão a sustentação energética
Divina para que alcancemos o próximo passo do caminho evolutivo, para a subida
dos degraus do caminho da evolução. Eles nos encaminham para dar o passo à
frente e deixar para trás o que não serve mais para a nossa vida, despertando em
nosso íntimo o desapego, a perseverança, a humildade, a paciência, a sabedoria
adquirida com a experiência etc. Por isso, Obaluayê e Nanã regem o Mistério
Ancião, dentro do qual trabalham os Pretos Velhos. O Mistério Ancião também
está ligado aos Orixás Oxalá e Oyá-Tempo, envolvendo as noções de Espaço-Tempo.
Este Mistério de Deus está voltado para a estrutura daqueles que se manifestam
como “Velhinhos”- trazendo Sabedoria, Paciência, Experiência, Vivência,
ausência de ansiedade diante do tempo e tudo o que representa a libertação pelo
conhecimento verdadeiro, um conhecimento adquirido e posto na prática, trazendo
a Sabedoria. O “Velho” (curvado, com o caminhar lento etc.) é o arquétipo
daquele que passou pelas eras e se estabilizou no tempo, carregando Conhecimento
e Sabedoria. O “Velho” é aquele que nos faz acreditar, que nos emociona e que
nos convence porque toca lá dentro da nossa alma. Quem nunca se emocionou
diante da Simplicidade, da Humildade e do extremado Amor de um Preto Velho?
Quantas vezes “o olhar” de um Preto Velho transformou vidas, trouxe esperança,
abrandou corações? Os Pretos Velhos carregam justamente o magnetismo da
Sabedoria, da Humildade e da Bondade, com o poder transformador das Energias
que lhes são características e que provêm das Irradiações do Sagrado Trono da
Evolução.
Evoluir é sair de um nível de consciência e alcançar outro,
alcançar outra realidade. Evoluir é fazer uma passagem de uma condição para
outra condição melhor. Obaluayê é o Orixá que nos ajuda a fazer a passagem, já
que passagem é aqui sinônimo de evolução. O maior simbolismo de passagem é o
desencarne, a passagem do mundo material para o mundo espiritual. Logo, o campo
santo ou cemitério é um lugar sagrado, é o sítio sagrado de Obaluayê, assim
como de Nanã Buroquê e de Omolu. O cemitério é “a casa de Obaluayê”, para onde
todos nós iremos um dia. Precisamos aprender a enxergar o cemitério como lugar
sagrado, aprender a ver a Presença de Deus e de Obaluayê naquele lugar sagrado
que está destinado a receber nossos restos mortais, afastando idéias de medo e
temor, que não se justificam mais nos tempos de agora.
Os pontos de força de Pai Obaluayê são o cemitério (a
calunga pequena) e o mar, este chamado também de calunga grande (porque nele
eram jogados os corpos dos escravos mortos nas viagens forçadas da África para
o Novo Mundo).
No processo da reencarnação, é também marcante a Presença de
Pai Obaluayê e de Mãe Nanã. A reencarnação é a passagem do ser do plano
espiritual para a realidade material.
O Mistério Obaluayê reduz o corpo plasmático do espírito ao
tamanho do corpo carnal alojado no útero materno. Nesta redução, o espírito
assume todas as características e feições do seu novo corpo carnal, já formado.
O Divino Pai Obaluayê estabelece o cordão energético que une o espírito ao
corpo (feto). E Mãe Nanã decanta o mental dos espíritos que irão reencarnar,
apagando a memória das suas encarnações anteriores, para que possam recomeçar
de forma proveitosa.
Obaluayê é associado à Sabedoria, à Maturidade e à
Ponderação, bem como aos planetas Saturno e Júpiter.
Seu número é o quatro, que representa: o mundo material; os
4 pontos cardeais; os 4 elementos; o Alto/Embaixo/Direita/Esquerda; o quadrado.
Simboliza a concretização do Divino no plano material.
Seu primeiro elemento é a terra e o 2º elemento é a água.
Obaluayê e Nanã são Orixás que atuam magneticamente nos
elementos terra e água. Obaluayê é ativo no elemento terra e passivo no
elemento água. É um Orixá terra/água. Inversamente, e como seu par
complementar, Mãe Nanã é ativa no elemento água e passiva no elemento terra.
Ela é um Orixá água/terra.
História
Em algumas regiões da África, os nomes Omolu e Obaluayê são
usados indistintamente para designar o grande Orixá relacionado às doenças
epidêmicas. Afirma-se que Omolu e Obaluayê são dois estágios do mesmo Orixá:
Obaluayê é o Moço, e seu nome significa o "Dono ou Senhor da Terra da
Vida"; e Omolu é o Velho, e seu nome significa o "Filho da
Terra". Portanto, Omolu seria o filho do Senhor Obaluayê. Nessas
tradições, eles são considerados duas qualidades do mesmo Orixá. Já em outras
regiões africanas Obaluayê e Omolu são cultuados como na Umbanda, isto é, como
Divindades distintas.
São muitos os nomes de Obaluayê, que variam conforme a
região. Em Tapá, Ele era conhecido como Xapanã (Sànpònná); entre os povos de
língua Fon era chamado de Sapata-Ainon (“Dono da Terra”); já os Yorubás o
chamavam Obaluayê e Omolu.
Pierre Verger, no livro “Orixás”, nos fala que Obalúayé
("Rei Dono da Terra") ou Omolu ("Filho do Senhor") são os
nomes geralmente dados a Sànpònná, deus da varíola e das doenças contagiosas.
Na África, seu nome é perigoso de ser pronunciado porque se acredita que ele
pune os malfeitores e insolentes enviando-lhes a varíola.
Verger comenta relatos de que haveria dois Xapanã:
Sànpònná-Airo, o de origem Tapá; e o outro, que teria vindo do Daomé para Oyó,
chamado Sànpònná-Boku, nome que o aproxima de Nanã Buruku e que também
revelaria os laços existentes entre Obaluayê e Nanã Buruku.
Pierre Verger acrescenta que existe muita confusão a
respeito de Sànpònná Obalúayé, Omolu e Molu, pois em alguns lugares eles se
misturam, enquanto em outros são considerados deuses distintos. E Nanã Buruku é
também confundida com eles. Em algumas regiões há um sincretismo entre duas
divindades: Sànpònná- Obalúayé, que veio do leste (onde Nanã é Nàná-Buruku) e
Omolu-Molu (vindo do oeste, onde Nanã é Nàná-Brukung). Essas duas divindades se
juntaram e tomaram o caráter único de Kêto. Outra hipótese: seria uma divindade
única, trazida por migrações leste-oeste (como as dos Ga, que foram de Benim
para região de Accra, durante o reino de Udagbede, no fim do século XII), e que
depois foi levada para seu lugar de origem com um novo nome que, inicialmente,
era apenas um epíteto.
Verger também narra que há indícios de que o culto a
Obaluayê e a Nanã Buruku faz parte de sistemas religiosos pré-Odùduà, porque
ambos não constam da lista dos companheiros de Odùduà quando este chegou a Ifé.
Lendas dizem que Obaluayê já estava instalado em Òkè Itase antes da chegada de
Orunmilá (que veio no grupo de Odùduà).
Sabe-se que os cultos a Obaluayê e a Nanã são muito antigos
porque no ritual de sacrifício de animais em sua homenagem não se usavam
instrumentos de ferro; o que mostra que essas Divindades pertenciam a uma
civilização anterior à Idade do Ferro e à chegada de Ogum (que veio com
Odùduà). Inclusive algumas lendas falam de suas disputas contra Ogum: Obaluayê
e Nanã não reconheciam que Ogum fosse mais antigo e tivesse primazia sobre eles
e, em conseqüência, não aceitavam servir-se do ferro em suas atividades. Daí o
uso de facas de madeira para o sacrifício de animais em honra a ambos.
Segundo Pierre Verger, essa “disputa entre Divindades” poderia ser interpretada
como o choque de religiões de civilizações diferentes, sucessivamente
instaladas no mesmo lugar e datando de períodos respectivamente anteriores e
posteriores à Idade do Ferro. Poderia também ser conseqüência da diferença de
origem desses povos, pois alguns vieram do leste (com Odùduà) e outros vieram
do oeste (antes de Odùduà).
Entre os Djejes ou Gêges (povo de língua Fon), Xapanã era
cultuado como o Vodun Sapata. Seu culto se difundiu na região Mahi, na aldeia
chamada Pingini Vedji, perto de Dassa Zumê, porém trazido pelos Nagôs. Isso é
confirmado em Savalu, também na região Mahi, onde Sapata Agbosu do bairro Bla,
chefe dos sapatas da região, foi trazido ao templo de Ahosu Soha (o
conquistador do lugar que foi o ponto terminal de seu movimento migratório para
o norte, fugindo das regiões destruídas pelas campanhas dos reis de Abomey
contra seu vizinhos do leste). Durante seu percurso, Ahosu Soha encontrou em
Damê, no rio Weme, os Kadjanu, Nagôs originários da região do Egbadô. Estes
Nagôs se dirigiam também para o norte e se juntaram a Ahosu Soha, para se estabelecerem
em Savalu, com seu deus Agbosu.
A origem Nagô-Yorubá do Vodum Sapata é revelada por dois
fatos: durante sua iniciação, as pessoas dedicadas a Sapata (os sapatasi) são
chamadas de ànàgonu (anago ou nagô); e a língua usada no ritual de iniciação e
nas orações é o yorubá primitivo, ainda falado diariamente pelos Aná.
As proibições (“quizilas”) em relação a Sapata são o agbalín
(antílope), a galinha de angola (sonu), o carneiro e um peixe chamado sosogulo,
cujas espinhas são atravessadas. As oferendas indicadas são os cabritos, galos,
feijão e inhame.
O culto de Sapata-Ainon, em Abomey, passou por altos e
baixos e por disputas com a dinastia dos Aladahonu, reis do Daomé, que usavam
alguns dos títulos gloriosos de Sapata, tais como: Ainon ("Senhor da Terra")
ou Jehosu ("Rei das Pérolas"). Os Sapatanon, chefes desse culto,
foram várias vezes expulsos do reino de Abomey.
Pesquisas feitas entre os povos de língua Fon, a respeito do
Vodun Sapata-Ainon, ajudam a compreender as relações de Sànpònná-Obalúayé (o
"Rei Dono da Terra", para os yorubás) com Nanã Buruku, que no Brasil
é considerada sua mãe. Em Abomey, conta-se que Nàná Bùkùú (ou Buruku) era mãe
de um casal: Kohosu e sua mulher Nyohwe Ananu, que são os pais de todos os
sapata, senhores de muitas doenças temíveis.
Obaluayê é o Médico dos pobres e o Senhor dos cemitérios.
Usa o azê (capacete de palha da costa) ou o filah (capuz de palha da costa) e
carrega na mão o xaxará (feixe de fibra de palmeira, enfeitado com búzios).
Seu dia é a segunda-feira.
Sua comida de axé é o doburu ou deburu, feito com pipocas
sem sal, cobertas com fatias bem finas de coco e regadas com mel.
A pipoca representa o axé de Obaluayê, porque ela é “o milho
que evoluiu ao se permitir transformar pela ação do fogo”. Fazendo uma comparação:
quando nós aceitamos nos transformar perante as dificuldades, então conseguimos
evoluir, sob o amparo de Obaluayê. E o milho que não estoura? Este é chamado de
piruá, sendo comparado aos seres “de cabeça dura”, de mente fechada, que não
aceitam transformar-se diante dos desafios da vida e resistem em se preparar
para isso... Costuma-se dizer que as pipocas são “as flores” deste Sagrado
Orixá.
Diz uma lenda que Obaluayê nasceu com o corpo coberto de
chagas e foi abandonado pela mãe, Nanã Buruku, na beira da praia. Um caranguejo
provocou graves ferimentos em sua pele. Yemanjá encontrou aquela criança,
criou-a com todo amor e carinho e curou suas feridas com folhas de bananeira.
Por isso, o caranguejo e a banana prata tornaram-se os maiores ewò de Obaluayê,
dentro do Culto de Nação. Mais tarde, Obaluayê tornou-se um grande guerreiro e
hábil caçador, que se cobria com palha da costa (ikó) não para esconder as
marcas de sua doença, como muitos pensam, mas porque se tornou um ser de brilho
tão intenso quanto o próprio Sol.
Essa imagem singela, no entanto belíssima de conteúdo, nos
faz pensar sobre o Poder
Transmutador de Pai Obaluayê, que transforma “chagas em Sol
reluzente”...
O capuz de palha da costa (azé) cobre o rosto de Obaluayê
para que os seres humanos não o olhem de frente (já que olhar diretamente para
o próprio Sol pode prejudicar a visão). Sua história explica a origem dessa
roupa enigmática, que possui um significado profundo, relacionado à vida e à
morte. Dentro da tradição africana, o azê guarda mistérios: indica a existência
de algo que deve ficar em segredo, algo que só os iniciados no mistério podem
saber. Desvendar o azê, a temível máscara de Obaluayê-Omulu, seria o mesmo que
desvendar os mistérios da morte, pois Omulu venceu a morte. Embaixo da palha da
costa, Obaluayê guarda os segredos da morte e do renascimento, que só podem ser
compartilhados entre os iniciados.
Obaluayê-Omolu está relacionado com a morte pelo fato de ser
Ele a terra que proporciona os mecanismos indispensáveis para a manutenção da
vida. O homem nasce, cresce, desenvolve-se, torna-se forte diante do mundo, mas
continua frágil diante de Obaluayê-Omolu, que pode devorá-lo a qualquer
momento, pois Ele é a terra que vai consumir o corpo do homem por ocasião de
sua morte. Por isso é que se diz que Omolu-Obaluayê “mata e come gente”.
Cerimônias para Obaluayê
Dentro da tradição africana, Obaluayê é reverenciado em
algumas cerimônias presenciadas e relatadas por Pierre Verger, no seu livro
“Orixás”.
Diz ele que em Ifanhim uma parte das cerimônias para
Obaluayê passa-se no mercado local, onde fica um de seus templos. Esse templo
tem quatro pilastras e um simples telhado, sendo que o lugar consagrado ao
Orixá é coberto por uma grande panela de barro emborcada.
Nos dias de festa, os fiéis saem do templo principal, passam
pelo riacho sagrado e chegam ao templo do mercado em grupos, logo pela manhã
bem cedo. O axé de Obaluayê é trazido por uma mulher em transe, seguida por
outras mulheres que levam as gamelas com alimentos. Um elégùn possuído pelo
Orixá a acompanha: seu corpo foi todo salpicado, dos pés à cabeça, com pó
vermelho (osùn); ele está envolto num grande pano vermelho bordado de búzios,
que cobre sua cabeça e esconde metade do seu rosto. O cortejo se dirige ao
templo do mercado e coloca, ao lado da panela de barro, duas lanças de madeira
esculpida e colorida (os oko de Obaluayê). O elégùn dança por um instante ao
som de três atabaques, diante dos fiéis, que se prostram com a cabeça no chão.
Os iniciados têm toda a cabeça recém-raspada, exceto por um pequeno tufo na
frente.
Realiza-se, em seguida, uma refeição comum. No fim do dia,
forma-se novamente o cortejo, voltando ao templo principal, longe dos olhares
indiscretos dos não iniciados.
Durante o período de iniciação, os novos seguidores de Obaluayê são pintados com pontos e riscos brancos nos sete primeiros dias. Esse costume continua sendo fielmente observado no Novo Mundo.
Durante o período de iniciação, os novos seguidores de Obaluayê são pintados com pontos e riscos brancos nos sete primeiros dias. Esse costume continua sendo fielmente observado no Novo Mundo.
Já em Isaba, no Holi do antigo Daomé, Verger assistiu, em
1953, a outra cerimônia em honra a Obaluayê (Xapanã), num templo que tinha o
nome de um rio que corria perto do local, na região ahori, do lado nigeriano da
fronteira.
Verger conta que o templo de Isaba era um grande cercado
rústico, feito de estacas fincadas no chão. No centro, havia um montículo de
terra, sobre o qual ficava uma panela de barro (ajere), cujo fundo, cheio de
orifícios, lembra as cicatrizes deixadas pela varíola, simbolizando a ação do
Orixá contra os malfeitores e os insolentes. Duas cabanas de estilo holi
situavam-se uma defronte à outra, nas duas extremidades, tendo paredes de bambu
e telhados de palha. Havia também um grande abrigo, sem paredes nem cercas, que
servia como local de reunião, cozinha, abrigo contra as intempéries ou
dormitório para os participantes da festa. O objetivo da cerimônia era mostrar
em público as primeiras danças dos iniciados.
Na noite da véspera, houve um àìsùn ("não
dormir"). Por volta das oito horas da noite, os participantes do culto se
reuniam no grande abrigo, sentados sobre esteiras. Os iniciados estavam deitados
no chão, com a cabeça raspada, ar ausente, vestindo um pano bordado de búzios e
amarrado no ombro esquerdo. Tinham inúmeras pulseiras feitas de búzios e
amarradas ao redor dos pulsos e dos tornozelos, e traziam a tiracolo longos
colares feitos de búzios, de maneira a imitar escamas de cobra (chamados brajá,
no Brasil). Tinham o rosto, as mãos e os pés abundantemente salpicados de pó
vegetal vermelho (osùn). Os atabaques batiam de vez em quando um ritmo vivo e
intermitente que animava alguns dos assistentes a dançarem por alguns
instantes. Pequenas lamparinas a azeite-de-dendê (fìtílà) iluminavam suavemente
a assembléia.
À meia-noite, trouxeram uma taça de barro contendo azeite de
dendê. Na borda da taça colocaram mechas de algodão e acenderam-nas enquanto as
lamparinas eram apagadas. A assembléia sentou-se em redor e um dos responsáveis
pelo culto pôs-se a lançar substâncias e folhas sobre as chamas, pronunciando
algumas palavras. Suas mãos passavam e repassavam por cima do fogo, que ora
brilhava com muito clarão e crepitava queimando aquelas substâncias, ora
vacilava, parecendo extinguir-se, mas reavivava-se com novas doses de produtos
e folhas. A assistência seguia atentamente todas essas operações. A cinza
resultante desse trabalho ia ser misturada às beberagens e aos banhos rituais
dados aos iniciados. Houve depois uma refeição acompanhada de bebidas. No dia
seguinte, pela manhã, os iniciados fizeram a tradicional descida ao riacho,
para as abluções. No começo da tarde realizaram-se as primeiras danças em
público. Suas evoluções eram acompanhadas pelas dos seus iniciadores e de
diversos sacerdotes de Obaluayê, vindos dos templos das aldeias vizinhas. Os
transes manifestavam-se com grandes gestos de braços, inclinações de corpos
para frente e para trás, os elégùn pareciam estar a ponto de perderem o
equilíbrio, sendo amparados pelos assistentes.
Logo os transes acalmaram-se e todos foram se inclinar
diante do montículo de terra coberto pelo ajere, pondo-se novamente a dançar.
Os iniciados tinham uma vassoura nas mãos, chamada no Brasil de "xaxará de
Obaluayê", símbolo da propagação e da cura das doenças.
Obaluayê no Novo Mundo
No Brasil e em Cuba, assim como na África, Xapanã é chamado
de Obaluayê ou Omolu. Na Bahia e em Cuba, é sincretizado com São Roque; e no
Recife e no Rio de Janeiro, com São Sebastião.
As pessoas que lhe são consagradas usam dois tipos de
colares: o lagidiba, feito de pequeninos discos pretos enfiados, ou um colar de
contas marrons com listas pretas. Quando Ele se manifesta sobre um de seus
iniciados, é acolhido pelo grito: "Atotô!" Seus filhos dançam
inteiramente revestidos de palha da costa e com as cabeças também cobertas por
um capuz da mesma palha, cujas franjas recobrem seus rostos. Parecem pequenos
montes de palha, debaixo dos quais se podem ver suas pernas cobertas por calças
de renda e suas mãos brandindo um xaxará (na altura da cintura), que é uma
espécie de vassoura feita de nervuras de folhas de palmeira e decorada com
búzios, contas e pequenas cabaças que contêm remédios. Dançam curvados para
frente, como que atormentados por dores, imitando o sofrimento, as coceiras e
os tremores de febre. Os atabaques tocam para Obaluayê um ritmo particular
chamado opanije, que em Yorubá significa: "ele mata qualquer um e o come",
expressão que encontramos nas saudações que lhe são dirigidas na África, pois
na terra Ele, um dia, vai recolher os mortos.
A festa anual de oferendas de comidas chama-se
"Olubajé", no decorrer da qual lhe são apresentados pratos de aberem
(milho cozido enrolado em folhas de bananeira), carne de bode, galos e
pipocas.
Na segunda-feira, dia que lhe é consagrado, o chão do adro
da Igreja de São Lázaro, na Bahia, é coberto de pipocas que as pessoas passam
em seus corpos para se preservarem de possíveis doenças contagiosas, numa
celebração que revela o sincretismo do Orixá com o Santo católico.
No Culto de Nação e no Candomblé as proibições alimentares
das pessoas dedicadas a Obaluayê são, como na África, carne de carneiro, peixe
de água doce de pele lisa, caranguejos, banana-prata, jacas, melões, abóboras e
frutos de plantas trepadeiras.
Diz-se que Obaluayê, Nanã Buruku (sua mãe) e Oxumaré são
originários do país Mahi. Por isso, os "pejís" (altares) dessas três
Divindades costumam ficar reunidos numa mesma cabana, separada das cabanas dos
outros Orixás.
Lendas de Obaluayê
1- Origens do culto a Obaluayê (Do livro:
"Orixás", de Pierre Fatumbí Verger)
O lugar de origem de Obaluayê é incerto, mas há grandes
possibilidades de que tenha sido em território Tapá (ou Nupê). Uma lenda
contada em Ibadan fala que Xapanã foi um antigo rei de Tapá. Outra lenda de Ifá
confirma esta suposição, dizendo que Obaluayê era originário de Empé (Tapá) e
havia levado seus guerreiros em expedição aos quatro cantos da terra. Uma
ferida feita por suas flechas tornava as pessoas cegas, surdas ou mancas. Ele
chegou ao território Mahi, no norte do Daomé, batendo e dizimando seus
inimigos. Os mahis consultaram um babalaô, que os ensinou a acalmar Xapanã com
oferendas de pipocas. Assim, Obaluayê-Xapanã não mais voltou ao país Empê. O
Mahi prosperou e tudo se acalmou. Apesar dessa escolha, Xapanã continua a ser
saudado como Kábíyèsí Olútápà Lempé (“Rei de Nupê em país Empê”).
Em Dassa Zumê, Pierre Verger ouviu esta lenda sobre a origem
de Sapata-Sànpònná: Um caçador Molusi (iniciado de Omolu) viu passar no mato um
antílope (agbanlín). Tentou matá-lo, mas o animal levantou uma de suas patas
dianteiras e anoiteceu em pleno dia. Pouco depois, a claridade voltou e o
caçador viu-se na presença de um Aziza (Aroni, em yorubá), que lhe deu um
talismã poderoso para ser colocado sob um montículo de terra que deveria ser
erguido defronte da sua casa. Deu-lhe também um apito, com o qual poderia
chamá-lo em caso de necessidade. Sete dias depois, uma epidemia de varíola
começou a assolar a região. O Molusi voltou à floresta e soprou o apito. Aziza
veio e disse que aquilo que lhe dera era o poder de Sapata; que era preciso
construir para Ele um templo; e todo mundo deveria, doravante, obedecer ao
Molusi. Foi assim que Sapata instalou-se em Pingini Vedji.
2- Obaluayê é criado por Yemanjá e se torna um Sol
Nanã
apaixonou-se por Orixalá, mas este se mantinha fiel a Yemanjá, sua esposa.
Sabendo que
ele apreciava o vinho de palma, Nanã o embriagou. Embriagado, Orixalá uniu-se a
Nanã, que ficou grávida, dando à luz um filho doente e com muitas chagas
recobrindo seu pequeno corpo. Sentindo-se impossibilitada de cuidar da criança,
Nanã resolveu deixá-la perto do mar. Um caranguejo causou ferimentos na pele da
criança.
Yemanjá, que
estava saindo do mar, viu o pequeno ser deitado nas areias da praia. Ficou
olhando por algum tempo, para ver se havia alguém tomando conta dele, mas
ninguém aparecia. A grande Divindade das águas compreendeu que ele fora
abandonado. Sentindo imensa compaixão, resolveu adotá-lo como filho.
Com seu
instinto maternal, Yemanjá dispensou-lhe todo o carinho e os cuidados
necessários para livrá-lo da doença. Envolveu todo o corpo do menino com
palhas, para que sua pele pudesse respirar e, assim, fechar as chagas.
Obaluayê
cresceu e continuou usando aquele tipo de roupa. Ninguém, a não ser sua mãe,
tinha visto seu rosto. Era austero e misterioso, provocando olhares curiosos e
assustados. Ninguém conseguia imaginar o que se escondia sob aquelas palhas.
Oyá, certa vez,
o encarou, pedindo que descobrisse o rosto, pois queria desvendar aquele
mistério. Obaluayê negou-se a fazê-lo. Ela, que nunca se deu por vencida,
resolveu enfrentá-lo. Usando toda sua força, evocou o vento, fazendo voar as
palhas que o protegiam.
Quando a
poeira assentou, Oyá pôde ver um ser de uma beleza tão radiante, que só poderia
ser comparado ao Sol. Nem mesmo ela, como Orixá, conseguia erguer os olhos para
ele. Assim, todos entenderam que aquele mistério deveria continuar escondido.
3-
Obaluayê mostra o valor da vida e põe fim às guerras
Outra lenda nos mostra que esse poderoso Orixá, em suas
andanças pelo mundo, presenciou o desenrolar de muitas guerras. Os povos que
Olorun criou e deu vida brigavam por um pedaço de terra. Muitas pessoas
morriam, para que seus líderes pudessem conquistar extensões maiores para seu
reinado. As guerras não tinham mais fim.
Obaluayê não entendia o motivo dessas guerras, já que Olorun
havia criado a Terra para todos. As lutas traziam muita dor e destruição, e
ninguém mais sabia dar o devido valor à vida humana. Os homens só pensavam em
seus interesses materiais.
Indignado com a situação, Obaluayê resolveu mostrar a eles que a vida é o maior tesouro que alguém pode ter. Então, traçou com seu cajado um grande círculo no chão, no centro dos conflitos. Colocou dentro dele todo tipo de doença existente. Todo guerreiro que por ali passasse iria contrair algum tipo de doença.
Indignado com a situação, Obaluayê resolveu mostrar a eles que a vida é o maior tesouro que alguém pode ter. Então, traçou com seu cajado um grande círculo no chão, no centro dos conflitos. Colocou dentro dele todo tipo de doença existente. Todo guerreiro que por ali passasse iria contrair algum tipo de doença.
Foi o que aconteceu. Muitas pessoas, inclusive os líderes
dos exércitos, adoeceram. Só isso conseguiu por fim às guerras.
Mas as doenças se transformaram em epidemias, deixando
populações inteiras à beira da morte.
Consultado, um babalaô revelou o mau presságio, pedindo a
todos que refletissem sobre o que estava acontecendo, por culpa deles próprios:
Obaluayê havia mandado aquelas mazelas para mostrar que, enquanto temos saúde e
uma vida plena, não devemos nos preocupar excessivamente com coisas materiais.
Desta vida nada se leva, a não ser o conhecimento e a experiência que
acumulamos.
Assim, os que aceitaram esses desígnios e fizeram oferendas,
conforme explicou o babalaô, conseguiram livrar-se de suas enfermidades e
restabelecer sua dignidade.
4-Obaluayê divide o reino dos mortos com Yansã
Retornando
de uma viagem à sua aldeia natal, Obaluayê viu que estava acontecendo uma festa
com a presença de todos os Orixás. Ele não podia entrar, devido à sua feia
aparência. Então, ficou espreitando pelas frestas do terreiro.
Percebendo-lhe
a angústia, Ogum cobriu-o com uma roupa de palha, com um capuz que ocultava seu
rosto doente, e o convidou a entrar e aproveitar a alegria dos festejos. Mesmo
envergonhado, Obaluayê entrou. Mas ninguém se aproximava dele.
Yansã a tudo
acompanhava, com o rabo do olho. Ela compreendia a triste situação de Obaluayê
e dele se compadecia.
Yansã
esperou que ele estivesse bem no centro do barracão. O xirê estava animado.
Os Orixás dançavam alegremente com suas equedes. Yansã então chegou bem perto dele e soprou suas roupas de palha, levantou-lhe as palhas que cobriam sua pestilência.
Os Orixás dançavam alegremente com suas equedes. Yansã então chegou bem perto dele e soprou suas roupas de palha, levantou-lhe as palhas que cobriam sua pestilência.
Nesse momento
de encanto e ventania, as feridas de Obaluayê pularam para o alto,
transformadas numa chuva de pipocas que se espalharam, brancas, pelo barracão.
E
Obaluayê
transformou-se num jovem belo e encantador!
Obaluayê e
Iansã Igbalé tornaram-se grandes amigos. Passaram a reinar, juntos, sobre o
mundo dos espíritos dos mortos, partilhando o poder único de abrir e
interromper as demandas dos mortos sobre os homens.
5- O mel
de Ósun
Obaluayê era
muito mulherengo e não obedecia a nenhum mandamento que fosse. Numa data
importante, Orunmilá advertiu-o que se abstivesse de sexo, o que ele não
cumpriu.
Na manhã seguinte, Obaluayê despertou com o corpo coberto de chagas. Suas mulheres pediram a Orunmilá que intercedesse junto a Olodumare, mas este não
Na manhã seguinte, Obaluayê despertou com o corpo coberto de chagas. Suas mulheres pediram a Orunmilá que intercedesse junto a Olodumare, mas este não
perdoou
Obaluayê, que morreu em seguida.
Usando o mel
de Ósun, Orunmilá despejou-o sobre todo o palácio de Olodumare. Este,
deliciado, perguntou a Orunmilá quem havia despejado em sua casa tal iguaria.
Orunmilá respondeu que havia sido uma mulher.
Todas as
divindades femininas foram chamadas. Faltava Ósun que, ao chegar, confirmou que
era seu aquele mel. Olodumare pediu-lhe mais daquele mel. Ósun lhe fez uma
proposta: daria a ele todo o mel que quisesse, desde que ressuscitasse
Obaluayê.
Olodumare
aceitou a condição de Ósun, e Obaluayê saiu da terra, vivo e são.
Divindades
assemelhadas
Caronte-
Divindade grega- O barqueiro velho que atravessava o rio Aqueronte, pelo qual
os mortos tinham de passar para chegar ao mundo subterrâneo. Todos precisavam
pagar pela viagem e por isso os gregos colocavam uma moeda na boca de seus
mortos.
Osíris-
Divindade egípcia- Venceu a morte e se tornou rei no mundo dos mortos. Quando
morriam, os faraós eram vestidos de Osíris, para contar com sua proteção.
Taliesin-
Divindade celta- O Ancião, Senhor da sabedoria, da transmutação, da evolução e
da magia.
Enki-
A mais antiga Divindade sumeriana- O Senhor da Terra; é filho de Namur, a velha
Mãe água. Deus da sabedoria e do renascer pelas águas; podia trazer os mortos à
vida; tinha toda a fonte do conhecimento mágico da vida e da imortalidade.
Dumuzzi-
Divindade sumeriana- Guardião do Portal dos céus de Anu. Passa metade do ano no
mundo subterrâneo.
Ninazu-
Divindade babilônica- Filho de Enlil e Ninlil, foi concebido depois que
ambos desceram ao mundo subterrâneo. Deus da cura, da mágica e dos
encantamentos.
Mimir-
Divindade nórdica. Sábio enviado para fazer a paz entre os Aesir e os Vanir, é
morto pelos últimos. Odin coloca sua cabeça junto a uma fonte, que fica
conhecida como Fonte de Mimir. Odin bebe dessa fonte para adquirir sabedoria.
Shou Lao-
Divindade chinesa- Seu nome significa “estrela da vida longa”. Aparece como um
velho cansado; traz a longevidade e carrega um pêssego que simboliza a
imortalidade.
Gotsitemo-
Divindade japonesa invocada para curar moléstias.
(Fonte: O
livro “Deus, “Deuses” e Divindades”, Alexandre Cumino, Madras Editora, 2004.)
Características dos filhos de Obaluayê
No positivo, os filhos de Obaluayê são cordiais, corteses,
falantes, criativos, elegantes e generosos. Apreciam a boa mesa, as bebidas
suaves, as festas, as roupas elegantes, as viagens e reuniões animadas e
companhias interessantes. Gostam de ser o centro das atenções. Não apreciam a
monotonia, o silêncio, a solidão, as companhias tolas ou inconseqüentes e o trabalho
repetitivo ou em ambientes fechados.
Os filhos de Obaluayê são pessoas que ocultam sua
individualidade sob uma máscara de austeridade. Apresentam pouco brilho em seus
rostos e um semblante sério, com raros momentos de descontração. Parecem
carregar todo o sofrimento do mundo.
Adoram fazer caridade e aliviar o sofrimento das pessoas.
São capazes de se consagrar ao bem-estar dos outros, fazendo completa abstração
de seus próprios interesses e necessidades.
Por isso, têm muita afinidade com profissões ligadas à área
da saúde.
Têm dificuldade em se relacionar, pois são muito fechados e
de pouca conversa.
Geralmente apaixonam-se por pessoas totalmente diferentes de
si próprias, isto é, por figuras extrovertidas e sensuais. Gostam de ver
o ser amado brilhar, embora sintam uma espécie de inveja do seu jeito
extrovertido, coisa que para eles é difícil.
Os filhos de Obaluayê são irônicos, secos e diretos. Não são
de levar desaforos para casa e nem de falar pelas costas. Odeiam fofocas e
vulgaridades do gênero.
A solidão é muito peculiar a essas pessoas, devido à sua própria personalidade.
A solidão é muito peculiar a essas pessoas, devido à sua própria personalidade.
São pessoas firmes e decididas, que lutam para conseguir
seus objetivos. Muito independentes, têm a necessidade de crescer por suas
próprias forças e recursos.
Não costumam sentir medo da morte, pois têm a convicção
íntima de que ela é apenas uma renovação.
Uma característica negativa que pode aparecer nos filhos de
Obaluayê é o masoquismo: não se sentem satisfeitos quando a vida corre
tranquila, precisam mostrar seu sofrimento e às vezes exageram nesse tipo de
comportamento. Podem atingir situações materiais invejáveis e, um belo dia,
rejeitar todas essas vantagens em virtude de escrúpulos imaginários.
Oferenda: Velas brancas e violetas e ou
bicolores branco/preto; vinho rosê licoroso, água potável, água de coco, mel;
uma porção de pipocas estouradas na areia ou em azeite de oliva virgem; coco
seco fatiado e coberto com mel e pipocas; rosas, margaridas e crisântemos
brancos ou de cor lilás. Montagem: Cobrir o solo com as pipocas, no formato de
uma cruz, e sobre ela dispor o coco fatiado coberto com mel e pipocas. Em
torno, despejar os líquidos. Circular com as flores. Firmar as velas, fechando
com elas toda a oferenda.
Local da oferenda: No cruzeiro do cemitério, à
beira-mar ou à beira de um lago.
Quando oferendar: Em toda situação na qual
precisemos superar uma grande dificuldade, para alcançar uma condição melhor.
Exemplos: para atravessar uma doença de difícil tratamento; para obter a cura
de males físicos e morais; para enfrentar e superar vícios; para superar
pensamentos, sentimentos e emoções negativos que se repetem; para recuperar
autoestima e autoconfiança; para superar qualquer atuação negativa que esteja
nos atingindo (magias negativas, projeções mentais negativas etc.). Pedir ao
Divino Obaluayê que nos dê sabedoria, paciência e tranquilidade para enfrentar
e superar aquela condição negativa e assim alcançarmos um estágio mais
favorável, evoluindo até chegar à cura. A cura é sempre um processo interno,
pois depende primeiro que o indivíduo se disponha intimamente a modificar suas
reações aos problemas externos, para então conseguir superá-los
definitivamente.
Amaci: Água de fonte, rio ou lago, com folhas de
louro e manjericão maceradas e curtidas por três dias.
Cozinha ritualística:
1- Arroz
branco ligeiramente cozido e coberto com pipocas feitas no azeite de oliva.
Cobrir o arroz com a pipoca. Enfeitar com fatias de pão integral (ou de pão
preto) regadas com azeite de oliva, cuidadosamente cortadas em forma de cruz.
2-Milho de
pipoca estourado numa panela com areia. Depois de peneirar a areia, essa pipoca
é colocada num alguidar ou tigela (de louça branca ou de barro) e enfeitada com
uma bisteca de porco passada no dendê e com pedacinhos de coco. Também se
usa colocar apenas tirinhas de coco sobre a pipoca.
3-Costela de
porco com fava branca: Cozinhar ligeiramente meio quilo de costela de porco.
Refogar no dendê, com 1 cebola roxa picadinha, e reservar.
Em separado,
cozinhar por alguns minutos meio quilo de fava branca e escorrer a água.
Aquecer um pouquinho de azeite de dendê e nele passar ligeiramente a fava.
Colocar a
fava numa vasilha de louça branca ou então num alguidar forrado com folhas de
taioba ou folhas de mostarda. Sobre a fava, colocar a costela de porco.
4- Purê de
mandioca com feijão preto: Cozinhar a mandioca, amassar e preparar o purê:
refogar no azeite de oliva 1 cebola picada (branca ou roxa), colocar a
mandioca, uma pitada de sal e um pouco de leite, mexendo até dar o ponto.
Em separado,
cozinhar ligeiramente o feijão preto e escorrer a água. Refogar em azeite de
oliva com cebola picada e uma pitada de sal.
Forrar uma
louça branca ou um alguidar com folhas frescas de sálvia e por cima colocar: na
metade do vasilhame, o purê de mandioca; na outra metade, o feijão. (Fica um
prato “branco e preto”.)
5- Estourar
pipocas no azeite de oliva consagrado e com elas formar quatro fios de pipoca
(enfiando-as em pedaços de linha branca ou violeta). Dispor os fios de
pipoca em forma de cruz e rodear com crisântemos brancos. Aspergir água de coco
em torno (colocar um pouco de água de coco na boca e ir “soprando”, para que
ela vá caindo em volta da cruz).
Alguns
Caboclos de Obaluayê: Caboclo Beira-Mar (regência de Yemanjá e
Obaluayê), Caboclo Guiné (Oxóssi/Obaluayê), Caboclo Arruda (Oxóssi/Obaluayê).
Também os
Caboclos Velhos ou Pajés Curadores. Alguns deles: Caboclo Pena Branca Velho
(Oxalá/Obaluayê), Caboclo Tupinambá Velho (Oxalá/Obaluayê) etc.
Alguns
Exus de Obaluayê: Exu das Almas, Exu Caveira (Omulu/Obaluayê), Exu Bananeira,
Exu Molambo, Exu Porteira, Exu Sete Porteiras, Exu do Lodo (de Obaluayê,Yemanjá
e Nanã).
TRONO
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Masculino da Evolução
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Linha
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Linha da Evolução (6ª. Linha de Umbanda)
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Fator
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Transmutador (Fator Puro) e Evolucionista (Fator Misto)
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Sentido/Essência
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Evolução/Transmutação
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Elemento
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Terra (1º. Elemento) e água (2º. Elemento)
|
Polariza com
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Nanã
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Cor
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Branco, violeta, prateado, bicolor branco/preto
|
Fio de Contas
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Contas brancas e pretas; ou de contas brancas com listras
pretas; ou de contas brancas e vermelhas entremeadas de búzios
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Ferramentas
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O xaxará (espécie de vassoura de fios de palha da costa e
enfeitada com búzios); o manto e o capuz de palha da costa.
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Ervas
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Ervas quentes ou agressivas: Folhas de chorão (para
decantação e limpeza); alho desidratado ou a casca do alho (ácido
consumidor); cebola desidratada ou a casca da cebola; cipó cruz (cura
espiritual de obsessores); valeriana; garra do diabo; mamona; picão preto;
fumo (tabaco). Ervas mornas ou equilibradoras: Sálvia (equilibradora, limpeza
leve, erva da sabedoria); sete sangrias (fortalecedor, protetora e
estimuladora da cura); sabugueiro (equilibrador e poderoso curador
espiritual); barba de velho; damiana; salsaparrilha; trapoeraba; folhas de
beterraba; catinga de mulata; ipê roxo; lantana; umbaúba; arroz; velame.
Fonte: Adriano Camargo.
Outras: Agoniada; alamanda; alfavaca roxa; alfazema;
aroeira; babosa (ou aloés); arrebenta-cavalo; assa-peixe; barba de milho;
beldroega; camomila; canena ou coirana; canela de velho; capixingui;
carnaúba; cinco chagas; cipó chumbo; carobinha do campo; cordão de frade;
erva-moura; erva de bicho; erva de passarinho; estoraque brasileiro (sua
resina é reduzida a pó, misturada com benjoim e utilizada em defumações
pessoais, para arrancar males); figo benjamim; folhas de bananeira; fortuna;
guararema; guanxuma; hortelã brava; hera; jamelão; jenipapo (folhas);
jurubeba; levante ou alevante; mangue vermelho (folhas); malolô ou araticum
de areia; mamona branca; manjericão roxo; musgo; panacéia; picão da praia;
piteira imperial; quitoco; zínia.
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Símbolos
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O cruzeiro; a cruz; o octógono (a “cruz” de oito braços,
cujo desenho lembra um asterisco); a palha da costa.
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Ponto na Natureza
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O cemitério (a calunga pequena) e o mar (a calunga grande)
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Flores
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Crisântemos (de cor branca e ou lilás), violetas, flores
do campo e margaridas
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Essências
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Alecrim, guiné
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Pedras
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Turmalina negra, basalto. Dia indicado para a consagração
da pedra: 2ª feira- Hora indicada: 11 horas.
A Turmalina Negra transforma campos magnéticos negativos
em positivos. Em nosso corpo, temos: do lado esquerdo, íons negativos
(carga negativa eletromagnética, o que não significa “negativo de ruim”), é o
nosso lado Yin ou receptivo (por onde recebemos influências do Universo). Se
tivermos excesso desses íons negativos, sentiremos o corpo pesado e para ter
equilíbrio podemos usar uma turmalina negra, pois ela absorve o excesso de
íons negativos e os transforma em íons positivos, equilibrando-nos. Do lado
direito do nosso corpo temos cargas positivas ou íons positivos, é nosso lado
Yang ou ativo. Um excesso de íons positivos faz a pessoa ficar “fora do ar”.
E a turmalina preta também traz equilíbrio, absorvendo o excesso de íons
positivos e transformando-os em íons negativos, equilibrando nossa carga
eletromagnética. A turmalina preta também ajuda a tirar dores e inchaços (no
joelho, por exemplo), retirando o excesso de íons que ali se localizou.
Fonte: Angélica Lisanty.
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Metal e Minérios
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Minério - Cassiterita- Dia indicado para a consagração:
sábado- Hora indicada: 11 horas.
Metal: Chumbo
|
Chakra
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Esplênico (na altura do baço). Glândula relacionada:
Pâncreas, que desempenha um papel importante na digestão dos alimentos e na
secreção de insulina pelo organismo.
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Saúde
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Abdomem, estômago, fígado, parte inferior das costas, sistema
digestivo, sistema nervoso central, bílis e bexiga.
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Planeta
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Saturno e Júpiter
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Dia da Semana
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Sábado (Umbanda) Segunda Feira (Candomblé)
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Saudação
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Salve nosso Pai Obaluayê! Resposta: - Atotô, Obaluayê!
(Significa: Silêncio, o Velho e Sábio chegou e deve-se fazer silêncio diante
d’Ele).
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Bebida
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Vinho rosê licoroso, água potável ou mineral, água de
coco, suco de laranja lima (também conhecida como serra d’água, é uma laranja
bem docinha), café, café com aguardente, café com canela
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Animais
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Cachorro
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Comidas
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Pipocas, fruta do conde, abacaxi, uva preta, coco seco,
ameixa escura, amendoim, café, carambola, mandioca, amendoim, milho verde,
laranja lima (ou serra d’água).
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Números
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04
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Data Comemorativa
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16 de agosto
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Sincretismo
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São Roque, celebrado em 16 de agosto.
Também sincretiza com São Lázaro, este festejado em 17 de
dezembro.
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Incompatibilidades
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No Culto de Nação e no Candomblé os fiéis respeitam
algumas “quizilas” ou incompatibilidades em relação a Obaluayê: carne de
carneiro; peixe de água doce e de pele lisa; caranguejo; banana-prata; jacas;
melões; abóboras e frutos de plantas trepadeiras; o agbalín (antílope); a
galinha de angola (sonu); e um peixe chamado sosogulo, cujas espinhas são
atravessadas. As oferendas indicadas são os cabritos, galos, feijão e inhame,
além da tradicional pipoca (doburu ou deburu).
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Qualidades
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Registram-se
várias Qualidades atribuídas a esse Orixá:
Jagun
Agbagba (ligação com Oyá);
Omolu;
Obàluáyê;
Soponna/Sapata/Sakpatá;
Afoman/Akavan/Kavungo
(ligação com Exu)- infeccioso,
contagioso;
Savalu/Sapekó
(ligação com Nanã);
Dasa;
Arinwarun
(wariwaru) título de Xapanan;
Azonsu/Ajansu/Ajunsu
(ligação com Oxalá, Oxumaré);
Azoani
(ligação com Yemanjá e Oyá);
Posun/Posuru;
Agoro;
Tetu/Etetu;
Topodun;
Paru;
Arawe/Arapaná
(ligação com Oyá);
Ajoji/Ajagun
(ligação com Ogun, Oxagian);
Avimaje/Ajiuziun
(ligação com Nanã, Ossain);
Ahoye;
Aruaje;
Ahosuji/Segí
(Ligação com Yemanjá, Oxumaré/Besén).
As
Qualidades mais conhecidas são: Sapata, Xapanan, Xankpanan, Babalu, Azoane,
Ajagum, Ajunsun e Avimage.
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