A Linha dos
Baianos da Umbanda engloba espíritos de antigos Sacerdotes da Bahia e de outras
regiões, tendo a Regência direta do Orixá Yansã. Também tem uma ligação com os
Orixás Oxalá e Oyá-Tempo, já que seu Arquétipo (Sacerdotes) diz respeito a
questões da Fé e da Religiosidade.
Esta
Linha foi criada justamente para homenagear os antigos Pais e Mães no Santo da
Bahia, que foram os primeiros a trabalhar, e muito, para a preservação e a
divulgação do culto aos Orixás em nosso país e enfrentando, à época, toda sorte
de dificuldades e preconceitos.
A
Linha engloba espíritos voltados para a missão sacerdotal ligados não são à
Bahia, mas a todo o Nordeste do nosso país. Muitos viveram ou passaram parte de
sua vida em Estados dessa região, em contato com os Mestres do Catimbó e da
Pajelança.
Manifestam-se
de forma alegre e movimentada e gostam de uma boa conversa. São firmes, parecem
“feitos de fé”. E não se cansam de louvar “o Senhor do Bonfim”...
O
Povo Baiano vem ao Terreiro para nos trazer seu axé, sua energia positiva, e
têm muito a nos ensinar, sempre com uma resposta certeira e rápida para as
nossas dúvidas e questionamentos.
Na
sua forma de trabalhar, trazem muito das Qualidades de Mãe Yansã: são bastante
ativos, movimentadores, irrequietos, despachados e descontraídos. Sua dança tem
movimentos característicos, com gingados, “pisadas” e giros que dissolvem as
energias densas acumuladas no ambiente e nas pessoas.
Também
são bons orientadores e doutrinadores, porque a missão sacerdotal do seu
Arquétipo tem ligação com Pai Oxalá e Mãe Oyá-Tempo (Fé e Religiosidade). Sabem
ouvir, dar bons conselhos e levantar o ânimo dos entristecidos. Neste caso,
conversam bastante, falando baixo e mansamente, transmitindo conforto e
segurança ao consulente. São consoladores por natureza.
Os
Baianos nos contagiam com suas energias de alegria e de firmeza e nos ensinam a
perseverar diante dos obstáculos, através da sua magia peculiar e das suas
brincadeiras sadias. Médiuns introspectivos, quando incorporados de seu Baiano
(ou Baiana) acabam se libertando e demonstrando alegria e descontração.
E
todos nós podemos aprender com os Baianos. Seu magnetismo é forte. São
“decididos” ao ponto de nos fazer sentir mais leves e animados. O que nos leva
a tomar um novo rumo na vida e a obter conquistas espirituais e materiais.
Os
Baianos nos ensinam muitas coisas. Seu magnetismo, entre outras coisas,
estimula cada pessoa a não estagnar diante dos problemas, a não lastimar, mas
agradecer pela vida e ir em frente; a confiar em si e na Providência Divina e
montar um plano de ação para começar a resolver pendências; a cuidar bem de si
mesmo, manter bons sentimentos e pensamentos firmes, através de orações,
banhos, rezas etc. (reza de Baiano é infalível!...); não olhar só “pro umbigo”,
ou seja, fazer alguma coisa em benefício dos mais necessitados, e lembrando que
a maior ajuda é saber ouvir com respeito, dar uma boa palavra, fazer uma oração
na intenção do necessitado; etc.
Por
outro lado, os Baianos admiram a disciplina e a organização dos trabalhos.
Sabem “dar disciplina” de forma direta, quando preciso, até porque a Linha tem
a Regência de Mãe Yansã. São poderosos aliados da Umbanda e nos ajudarão em
tudo o que for permitido pela Lei Divina. Mas desde que a pessoa não tenha má
índole. Porque Baiano “não tem osso na língua” e diz o que tem a dizer, quer a
gente goste ou não. Seu objetivo é nos ajudar a manter uma conduta reta na
vida, para que a Lei e a Justiça Divinas nos amparem. Baiano é alegre, Baiano
brinca. Mas também sabe falar sério, e nessas horas não corta caminho, vai
direto ao ponto...
Bons
conhecedores da Magia, eles atuam fortemente na quebra de magias negativas, na
desobsessão e na limpeza energética.
Suas
oferendas podem ser feitas ao pé de um coqueiro ou palmeira, ou então no ponto
de força do Orixá que os rege mais especificamente.
Preferem
os colares feitos de pedaços de coco seco e/ou de coquinhos e/ou de sementes
(olho de boi, olho de cabra). Alguns intercalam búzios, pedras e mesmo contas
de porcelana ou de cristal.
Origens
da Linha dos Baianos
No
Astral se organizaram, pouco a pouco, as Linhas de Trabalho Espiritual da
Umbanda, a partir dos arquétipos do povo brasileiro. A de Caboclo homenageava o
guerreiro nativo e forte, conhecedor da Natureza, corajoso; a de Preto Velho
destacava a sabedoria, paciência, bondade e humildade dos anciãos que vieram da
Mãe África; a das Crianças nos remetia à pureza infantil e à necessidade de
despertá-la em nosso íntimo, bem como à valorização da infância e dos seus
cuidados.
Novas
Linhas foram se apresentando gradualmente, inclusive respondendo às mais novas
e crescentes necessidades do nosso meio, já que toda essa estrutura de Trabalho
Espiritual da Umbanda está voltada para a evolução da nossa humanidade e dos
seres afins com a nossa realidade. Os Regentes Planetários fizeram por acompanhar
as mudanças do nosso meio social e atender às necessidades humanas e,
principalmente, humanitárias que delas emergiam. E não poderia ser de outra
forma, pois a Umbanda é uma religião BRASILEIRA e reflete os valores culturais
e religiosos do nosso povo.
Assim,
a cada Gira de Umbanda manifestam-se as diferentes qualidades, habilidades e
saberes ancestrais desse nosso povo multicultural.
A
Linha dos Baianos, também chamada “Povo da Bahia”, traz uma referência ao
início da descoberta do país, à colonização e às origens de um povo que é “a
cara do Brasil”. A Bahia e seu povo sintetizam o grande “caldeirão” de
diversidades que é o Brasil, seja quanto às origens dos povos que aqui vivem e
convivem pacificamente, seja quanto aos seus valores culturais e religiosos
etc. Com efeito, o povo baiano é fraterno, universalista, devoto, fervoroso,
persistente, alegre, festeiro, cheio de ginga, de ritmo e magia. E a Linha
reflete tudo isso.
De
maneira organizada, como uma Linha de Trabalho efetiva, os Baianos surgem a
partir da década de 50, com a industrialização dos grandes centros, e
especialmente em São Paulo. Isto se intensifica na década de 60, com a maior
onda de migrações provenientes da grande seca que acometeu o Nordeste
brasileiro.
Nas
décadas de 50 e 60, ao mesmo tempo em que a Umbanda se firmava em São Paulo,
crescia o fluxo migratório do Nordeste, que acabou por transformar a cidade
numa das maiores metrópoles do mundo. Nesse grande fluxo destacaram-se os
Nordestinos que vieram para trabalhar na construção civil e na indústria
automobilística, então em franca expansão.
Popularmente,
na cidade de São Paulo o Nordestino sempre foi associado ao trabalho duro, à
pobreza e ao analfabetismo, restando-lhe os bairros mais periféricos e as
regiões mais precárias para morar. Com todos os problemas decorrentes do
exagerado crescimento populacional, sempre se buscou um “culpado”; e todos se
voltaram contra o “intruso”, o “ignorante” Nordestino. Todo Nordestino passou a
ser chamado de “baiano”, mas com um caráter discriminatório terrível,
pejorativo e negativo.
No
entanto, nos Terreiros de Umbanda paulistas a Linha dos Baianos conseguiu
alcançar grande popularidade. A Umbanda sempre se caracterizou por abrigar
espíritos de diversas correntes, de modo que essas Entidades “Nordestinas”
foram sempre muito bem acolhidas. O caráter de luta e irreverência do
Nordestino migrante parece ter sido o fator mais importante para sua aceitação
dentro dos Terreiros.
Sob
esse aspecto social, a Linha dos Baianos reflete também o arquétipo do rural
migrado e já adaptado à zona urbana; e vai servir de ponte para os migrantes,
através de sua semelhante identidade. Num primeiro momento talvez, os
consulentes de origem Nordestina foram os que mais se identificaram com o jeito
despojado e alegre desses Espíritos “conterrâneos”. Pouco a pouco, pessoas de
todas as origens se deixaram envolver pelo carisma e o magnetismo dessas
Entidades.
A
Linha dos Baianos se manifesta desta forma justamente para ter um canal de
aproximação, uma ponte de contato conosco, remetendo nosso pensamento a um
arquétipo: o de um povo cujas lutas, sofrimentos e superações nós bem
conhecemos e admiramos.
Desta
forma os Baianos nos conquistam, desarmam nossas defesas emocionais e mentais,
sintonizam fraternamente conosco e então conseguem auxiliar a nossa evolução
espiritual e material, empregando seu cabedal de conhecimentos e elevação.
Durante
muitos anos a Linha dos Baianos foi meio que renegada, seus trabalhos eram
vistos com restrições. Dizia-se que era “inexistente”, não estava ligada às
Linhas principais (Caboclo, Preto-Velho, Criança) e que só espíritos
zombeteiros e mistificadores estariam ali.
Aos
poucos, porém, os Baianos foram chegando e tomando conta do espaço que o Astral
lhes concedeu, e que souberam aproveitar de forma exemplar. Hoje, são
trabalhadores incansáveis e respeitados.
É cada
vez maior o número de Baianos que se manifestam nos Terreiros de Umbanda, onde
atuam sob o amparo das Sete Irradiações Divinas, para movimentar, direcionar e reordenar
os campos da Fé, do Amor, do Conhecimento, da Justiça, da Lei, da Evolução e da
Geração. Por isso encontramos Baianos (e Baianas) de todos os Orixás. Têm,
ainda, um trânsito muito bom pelos caminhos de Exu, podendo trabalhar na
Esquerda no momento em que isto se torne necessário.
Vale
lembrar que nem todos os Baianos que se manifestam na Umbanda realmente o foram
em encarnações passadas. Como ocorre em todas as Linhas de Trabalho da Umbanda,
esses espíritos agruparam-se por afinidades energéticas e especialidades de
atuação, mas dentre eles há múltiplas origens.
Há, no
entanto, os que ainda não aceitam a Linha dos Baianos como vertente Umbandista;
esquecendo-se, talvez, de que a Bahia foi “o celeiro dos Orixás”, uma terra de
espiritualidade e magia. O povo baiano é sincrético e ecumênico por excelência.
No
Nordeste, e especialmente na Bahia, prevaleceu a influência dos povos Nagôs, de
língua Iorubá, sobre todos os outros grupos de Povos Africanos que para cá
vieram, ao tempo da escravidão. E justamente os Nagôs cultuavam Orixás, ali nos
deixando esta herança. Com o tempo, e por força da convivência das várias
Nações Africanas, nasce o Candomblé, uma religião afro-brasileira. A Bahia
cultua os Orixás, mas também reverencia o Senhor do Bonfim e os Santos
católicos, pois no coração desse povo há mansidão, devoção e abertura para a
Espiritualidade. E a Umbanda, que nasceu depois e já como religião brasileira,
bebeu dessa fonte, além de receber influências indígenas, européias, do
Catolicismo e do Espiritismo.
Mas é
na Bahia ―e só na Bahia, onde mais?― que todo ano se faz um cortejo de baianas
e de devotos do Candomblé e da Umbanda, lado a lado com fiéis católicos e de
outras crenças e religiões, para lavar com água de cheiro a escadaria da Igreja
do Senhor do Bonfim, de forma delicada e amorosa, degrau por degrau. Todos se
unem para pedir bênçãos e agradecer. Quem já viu, sabe que não há palavras que
traduzam isto... Nada mais natural que a Bahia, seus
valorosos Pais e Mães no Santo e seu povo tenham sido escolhidos para essa
homenagem!...
Não
podemos nos esquecer do caráter Universalista da Umbanda, que em suas fileiras
recebe e abraça a todos os espíritos que desejam praticar o Bem, independente
das suas “origens” e da forma como se apresentam.
As
palavras do Senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas, ao fundar a religião no
plano Terra, foram justamente no sentido de que na Umbanda os espíritos mais
sábios nos ensinariam; os menos esclarecidos seriam orientados; e a ninguém
seria negada uma oportunidade de manifestação, de trabalho, ou de aprendizado.
Quando
um Baiano (ou Baiana) incorpora num médium e ouve, aconselha e direciona o
consulente em sofrimento, ele está fazendo mais do que isto. Está mostrando que
cada Povo tem seu valor, sua bagagem moral e cultural, seus valores religiosos
e a “sua” maneira de fazer o Bem e que todos podem contribuir para o progresso
comum. Acima de tudo, mostram que somos diferentes, mas isso não é ruim, pois o
que de fato importa são os valores que carregamos no íntimo. E assim quebram-se
preconceitos... E sem alarde e sem armas de guerra...
Isto
se chama Fraternidade. Em silêncio e de forma simples, os Guias da Umbanda nos
ensinam e auxiliam muito mais do que podemos imaginar, porque nos revelam que
somos parte de uma única “raça”: a Raça Universal dos Filhos de Deus...
Salve
os Baianos! Salve a Bahia de Todos os Santos!
Nomes
simbólicos:
Alguns
Baianos: Simão do Bonfim, Januário, Zé do Ouro, Juvêncio, Juvenal, Mané Baiano, Zé Baiano, Zé da Estrada, Zé
da Estrada e dos Trilhos, Zé Tenório, Zé do Côco, Zé Pereira, Zeca do Côco, Zé
Pretinho, Zézinho Baiano, Baiano dos Sete Cocos, Chico Baiano, Serafim, João
Baiano, Severino da Bahia, Joaquim Baiano, Zé da Lua, João do Coqueiro, Zé do
Berimbau, Zé do Prado.
Dentro desta Linha, em algumas Casas
também se manifesta a Entidade Zé Pelintra (que em outros Terreiros vem na
Linha de Malandros, ou mesmo na Linha de Esquerda, pois é um Espírito que tem
peculiaridades e acesso a vários graus vibratórios).
Alguns nomes simbólicos de Baianas: Maria
do Balaio, Rosa Baiana, Baiana da Estrada, Maria Fulô, Januária, Maria (ou
Baiana) do Rosário, Quitéria, Raimunda, Jacinta, Juvência, Baiana da Palmeira,
Maria Baiana, Baiana da Praia, Maria da Cruz, Baiana Rosalva, Maria dos Anjos,
Baiana dos Sete Nós, Baiana dos Cocos, Maria Mulata, Chica Baiana, Maria das
Candeias, Maria dos Remédios.
Dia da semana: A terça-feira, que é regida por Marte,
planeta associado ao Orixá Yansã.
Linha de trabalho (campo de
atuação): Movimentar,
direcionar, reordenar; despertar a alegria de viver; limpeza e reequilíbrio
energético; corte de magias negativas.
Ponto de Força: Ao pé de coqueiros e nas pedreiras.
Cores preferenciais: Amarelo, branco e vermelho.
Elementos de trabalho: Fitas,
linhas, pembas, búzios, sementes, ervas, pimentas e pedras.
Ervas-
ADRIANO CAMARGO indica especialmente as ervas dos Orixás Yansã, Oxalá e
Oyá-Tempo, relacionando estas:
1- De
Mãe Yansã: a) Quentes ou agressivas: Buchinha do norte, cânfora, espada de
Santa Bárbara, quebra demanda, mamona, picão preto, folhas de bambu, folhas de
fumo (tabaco), pára-raios, tiririca, vence demanda, pinhão roxo; b) Mornas ou
equilibradoras: Folhas de pitanga, peregum rajado, alfavaca, calêndula,
camomila, cana do brejo, capuchinha, cidreira, cavalinha, chapéu de couro, cipó
cravo, cipó São João, erva de Santa Luzia, semente de girassol, imburana,
jurubeba, laranjeira, losna, sabugueiro, folha do fogo, pinhão branco.
2- De
Pai Oxalá: a) Quentes: Açoita cavalo, erva de bicho, mamona, orégano, alho,
fumo (tabaco), comigo ninguém pode; b) Equilibradoras: Alcachofra, alcaçuz,
alecrim, alfazema, aquiléia (mil folhas), bardana, boldos (todos), girassol,
hortelã, incenso, levante, manjericão, manjerona, rosa branca, salvai, tomilho,
folha da costa (saião); c) Frias ou específicas: Algodoeiro, angélica, anis
estrelado, artemísia, cravo da índia, ipê roxo, jasmim, laranjeira, louro,
noz-de-cola (obi), pichuri, saco-saco, sândalo, verbena. [Observação: O comigo
ninguém é uma erva tóxica que causa irritações na pele e NÃO é indicada para
banhos. Usamos da erva fresca para bate-folhas e para as manipulações e
firmezas das Entidades. Quando seca, ela serve para defumação.]
3- De
Mãe Oyá-Tempo: a) Quentes: Cânfora, cipó suma, eucalipto, orégano, folhas de
bambu, pinhão branco, tiririca, chorão (salgueiro); b) Equilibradoras: Benjoim,
chapéu de couro, hortelã (os vários tipos de mentas), noz de cola (obi),
sabugueiro, rosa amarela, girassol, peregum rajado (dracena), folhas de incenso
(planta também chamada de iboza), folhas de limão, cipó prata, erva de Santa
Luzia, imburana semente, losna, pichuri, verbena, capuchinha, mil folhas,
sensitiva.
Sementes:
Olho de boi, olho de cabra e coquinho.
Fumo/defumação: Incenso
de pitanga, de canela, de cravo ou de anis estrelado; cigarros de palha.
Alimentos: Coco;
cocada; farofa com carne seca; melado; rapadura; grãos.
Incenso: Pitanga.
Colares: Feitos
de coquinhos, ou então de contas de porcelana ou de cristal (geralmente nas
cores amarela, branca e preta), podendo conter sementes (olho de boi e de
cabra) e/ou búzios.
Líquidos
que costumam manipular nos trabalhos: Água de coco, água de chuva,
suco de graviola.
Frutas: Variadas,
tais como: abacaxi, coco verde, coco seco, caju, manga, laranja, pitanga, uva,
graviola, morango, goiaba vermelha, melancia, melão amarelo, mamão, pêssego,
banana. Em especial as frutas mais ácidas e as de casca amarela ou
vermelha.
Bebidas: Água
de coco; suco de graviola; batida de coco; aguardente; vinho tinto seco; água
de coco misturada com um pouquinho de pinga, mel e canela; vinho rosê; suco de
casca de abacaxi adoçado com melado de cana ou de rapadura, ou então com açúcar
mascavo (lavar muito bem as cascas e ferver em água mineral).
Flores:
Girassol; cravo; palmas e rosas amarelas e vermelhas; açucena; primavera;
gérberas amarelas e vermelhas; flores do campo e flores amarelas e vermelhas em
geral.
Pedras: Quartzo
branco leitoso; Cristal; Jaspe Vermelho; Granada; Citrino; Pirita; Topázio
Imperial. Para a Linha dos Baianos usamos, no geral, as pedras brancas,
vermelhas, vermelhas e amarelas- embora eles possam manipular muitas pedras
diferentes, de acordo com a necessidade do trabalho. (Fonte: Angélica Lisanty,
“Os cristais e os Orixás”, Editora Madras.)
OFERENDA RITUAL:
Modelo
1-
• Toalha ou
pano branco ou amarelo; • Velas brancas e amarelas; • Fitas brancas e amarelas;
• Linhas brancas e amarelas; • Pembas branca e amarela; • Frutas: coco, caqui,
abacaxi, uva, pera, laranja, manga, mamão; • Bebidas: batida de coco, de
amendoim, pinga misturada com água de coco; • Flores: flor do campo, cravo,
palmas; • Comidas: acarajé, bolo de milho, farofa, carne seca cozida e com
cebola fatiada, quindim. (Fonte: “Rituais Umbandistas - Oferendas, Firmezas e
Assentamentos” de Rubens Saraceni - Editora Madras.)
Modelo
2-
●Frutas:
abacaxi, carambola, caju, manga, maracujá, coco, frutas cítricas; ●Flores:
palmas vermelhas e amarelas, girassol, rosas, cravos e gérberas; ●Sementes:
olho de boi, coquinho, olho de cabra, cravo e anis estrelado; ● Velas: amarelo,
azul escuro, vermelho e marrom; ●Bebidas: batida de coco, água de coco, pinga,
suco de frutas cítricas, cerveja branca; ●Comidas: farofa com carne seca (com
farinha de mandioca ou de milho), acarajé, caruru, vatapá, feijão fradinho,
moqueca de peixe, cocada e pimentas diversas. (Fonte: Jornal de Umbanda
Sagrada, artigo de Mãe Mônica Berezutchi.)
Saudação:
―“Salve os Baianos!”; Resposta: ―“É da Bahia, meu Pai!” (ou: “Salve a
Bahia!”).
COZINHA
RITUALÍSTICA
1-
Vatapá- Oito pães sem casca picados e colocados de molho por 30 minutos em 3
xícaras de leite de coco bem grosso (bater a polpa e a água do coco no
liquidificador e espremer num pano). Passar por uma peneira. Reservar.
Refogado:
500g camarão fresco e 500g de peixe em postas, tudo temperado com sal, pimenta
e limão, e depois refogado por 15 minutos em 2 colheres de sopa de azeite de
oliva, 1 cebola ralada e 4 tomates previamente batidos no liquidificador e
peneirados.
Retirar da
panela as postas de peixe. Deixar apenas o camarão refogado.
Juntar ao
camarão da panela os seguintes ingredientes: 250g de camarão seco (dessalgado,
moído e sem casca), 1 xícara de amendoim torrado e moído, 1 xícara de castanha
de caju torrada e moída , a massa dos pãezinhos, gengibre ralado e noz moscada
ralada. Aos poucos, juntar 2 colheres de sopa de dendê e levar ao fogo, mexendo
até obter um creme grosso.
Adicionar
parte do peixe e mexer, no fogo, por mais 3 a 4 minutos. Tirar e servir,
colocando o creme sobre o peixe restante.
Acompanhamento:
arroz branco
2-Bobó
de camarão- Um quilo de camarão fresco, temperado com sal, pimenta, o suco de 2
limões, cheiro verde, 1 folha de louro picada e 2 cebolas raladas. Deixar
em repouso por uns 30 minutos. Depois, refogar em 3 colheres (sopa) de azeite
de oliva ou de óleo. Acrescentar 2 pimentões e 8 tomates (picados, sem pele e
sem sementes). Tampar e deixar apurar em fogo baixo por uns 15 minutos. Em
separado, cozinhar cerca de meio quilo de mandioca. Noutra panela, cozinhar meio
quilo de mandioquinha. Depois, bater tudo no liquidificador, com uns 2 copos de
leite de coco. Juntar esse creme ao refogado de camarão e apurar mais um pouco.
Acrescentar 3 colheres (sopa) de dendê e um pouco de molho de pimenta vermelha,
a gosto. Deixar apurar por uns 5 minutos. Servir quente, com arroz branco ou
com acaçá.
3-
Doce de abóbora feito com pedacinhos de gengibre e enfeitado com lascas de
rapadura.
4-
Cocada mole; doce de coco; doce de abóbora com coco.
5-
Abacaxi em calda.
6-
Laranja ácida em calda.
A LINHA
DOS BAIANOS
Fonte:
“Arquétipos da Umbanda”, Rubens Sacarceni, Madras Editora, 2007, páginas
103/105.
Nos Cultos
de Nação ou Candomblé existe um culto fechado denominado culto a Egungun, que
tem poucos adeptos e seu interior não é revelado, pois tudo é secreto e as
proibições, se quebradas, acarretam “quizilas” terríveis aos seus
inconfidentes. [Inconfidentes= os que não são fiéis.]
No Brasil, o
culto a Egungun é restrito a algumas sociedades antigas e que preservaram o que
foi possível do culto que existia na África.
Egun é uma
palavra da língua Yorubá que significa espírito.
Egungun é o
conjunto dos ancestrais. E o culto a Egungun é o culto aos espíritos. [V. “As
Religiões do Rio”, páginas 68/75.]
O culto a
Egungun é um ritual mais elaborado do tradicional culto aos ancestrais,
praticado por todos os povos em todos os tempos.
A Bíblia
judaico-cristã fala do culto aos ancestrais e das pessoas dotadas de dons
mediúnicos (os “profetas”); na Roma antiga os “deuses lares” eram os protetores
das famílias, que cultuavam seus antepassados e buscavam nos seus membros de
maior destaque, já falecidos, a inspiração para as mais variadas dificuldades;
os orientais (chineses, japoneses, etc.) cultuam seus ancestrais e têm ritos
específicos para agradá-los, atraí-los e deles receberem amparo espiritual.
O
espiritismo kardecista está fundamentado no culto aos mortos, pois Jesus Cristo
foi um homem que viveu na Terra há dois mil anos; e os espíritos que se
comunicam também já viveram na terra.
O próprio
Cristianismo é um culto aos mortos, pois seu fundador, Jesus Cristo, é um
espírito; e o culto aos santos confirma nossas afirmações.
A Umbanda
não foge à regra: cultua Deus e venera seus antepassados ilustres,
devotando-lhes respeito e uma reverência religiosa, pois sem a existência do
antepassado nós não existiríamos.
O culto aos
antepassados é tão forte e tão poderoso que a presença deles na forma de heróis
nacionais exalta o patriotismo que sustenta os brios de uma Nação.
Zumbi dos
Palmares lutou contra a escravidão e a supremacia dos europeus, atraindo o
apôio dos nativos brasileiros em sua luta por liberdade.
Tiradentes
nos remete ao exercício do livre arbítrio, ao direito de nos guiarmos.
Dom Pedro I
nos trouxe a tão almejada independência.
A Princesa
Isabel sacramentou o anseio de milhões de brasileiros de verem livres da
escravidão os africanos e seus descendentes.
O Marechal
Hermes da Fonseca sacramentou a República e concedeu a todos o direito de se
apresentarem
como pretendentes a cargos de direção ou políticos, quebrando a
espinha
dorsal do
regime imperial.
Lampião
lutou contra o coronelismo nordestino.
Zé Pelintra
foi um grande mestre de Catimbó, juremeiro e rezador dos bons!
Enfim, os
antepassados são importantes e são nossa memória!
Eis aí o que
justifica e fundamenta o arquétipo adotado para a linha dos Baianos da Umbanda:
o culto aos antepassados ou a Egungun.
Só que, na
Umbanda, os “eguns” [=espíritos dos antepassados] se mostram como lhes foi
determinado. Uns são espíritos de índios. Outros são espíritos de velhos
benzedores negros que misturavam rezas a Jesus Cristo e aos santos com o culto
às divindades africanas.
Quanto aos
Baianos da Umbanda, o arquétipo é o do tradicional “pai e mãe de santo da
Bahia”, mas não só de lá, e sim, de todos os recantos do país.
Afinal,
assim como o Espiritismo, o Candomblé e todas as outras religiões cultuam seus
ancestrais ilustres em todos os campos das atividades humanas, qual é o
problema em se cultuar na Umbanda a figura alegre, curiosa, intrometida e
extrovertida dos sacerdotes dos Orixás na Bahia de todos os Santos?
O arquétipo
dos Baianos da Umbanda foi criado justamente em cima daqueles que melhor
sustentaram e popularizaram o culto aos Orixás no Brasil.
Esses
espíritos já tinham a “intimidade” com os Orixás, suas magias, suas rezas, suas
quizilas, seus feitiços etc., e foram homenageados com uma Linha de Trabalho só
para eles, por meio da qual podem auxiliar os encarnados, dando continuidade
aos que já faziam quando viveram na Terra.
A Umbanda é,
tal como o Espiritismo, um culto fundamentado no culto aos antepassados e é um
culto a Egungun mais elaborado e totalmente aberto.
O que é
oculto são os nomes dos espíritos que incorporam: Zé do Coco, Maria Bonita,
Lampião, Zé Pelintra, Corisco, Zé da Bahia, etc.
São nomes
que, na Umbanda, englobam várias correntes espirituais formadas por sacerdotes,
mestres e rezadores nordestinos.
Quinhentos
anos [da história do Brasil] é muito tempo e no astral cristalizou-se toda uma
plêiade de espíritos fortes, aguerridos e capazes de proezas dignas dos grandes
heróis nacionais.
Só que, nas
Linhas de Umbanda, se manifestam os heróis desconhecidos, englobados em
arquétipos fortes porque são espíritos que, quando na Terra e encarnados,
dedicaram suas vidas no anônimo trabalho de consolar e amparar os aflitos e os
desesperançados.
A Linha dos
Baianos é essa Linha: a dos heróis anônimos que sustentaram o culto aos Orixás
e o semearam primeiro em solo baiano e, posteriormente, no resto do Brasil e,
com a Umbanda organizada, o levarão ao mundo.
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