Os Exus
Mirins são Seres Encantados de uma Dimensão à Esquerda da nossa. Eles não são
humanos.
Na
respectiva Dimensão, algum deles são seres infantis. Mas os que se manifestam
nos Trabalhos Religiosos de Umbanda já trazem da sua Dimensão um nível de
evolução diferenciado. Além disso, também são preparados para vir, até obterem
a licença do Divino Criador e dos Sagrados Orixás que os amparam nesse trabalho
junto à nossa humanidade.
Exu,
Pombagira e Exu Mirim formam o triângulo de forças à Esquerda da Umbanda.
Exu
Mirim e Pombagira Mirim NÃO são filhos de Exu e de Pombagira. São arquétipos
adotados pela Umbanda para englobar numa só Linha de Trabalhos Espirituais
todos os Seres Encantados das Dimensões da Vida à nossa Esquerda, pois estamos
ligados mentalmente a eles por meio de cordões energéticos. Em decorrência
desta ligação mental, ou nos mantemos em equilíbrio com eles, ou somos afetados
de forma acentuada.
Exu
Mirim é um dos Mistérios que a Umbanda buscou e incorporou, em sua
fundamentação Divina.
A
Criação Divina é infinita em todos os sentidos, inclusive nas funções Divinas
exercidas pelos seres. Deus não criou nada ou ninguém que não tivesse sua
função na Criação.
Nós,
espíritos humanos, estamos ligados mentalmente a um Exu Mirim, à nossa
esquerda, por um cordão energético invisível aos nossos olhos materiais, mas
não à visão superior do espírito.
Também
estamos ligados a outras espécies de Seres Encantados e Naturais, assim como a
espécies de animais, aves, répteis, plantas etc.
Temos
uma ligação mental com cada Dimensão da Vida. Se ela for equilibrada, isso nos
beneficia; mas se for desequilibrada, nos prejudica.
Nossas
ligações mentais com outros seres e espécies visam a nos manter em equilíbrio
com toda a Criação, pois no Corpo de Deus somos só uma “célula”, uma
consciência, e nada mais. Além disso, elas nos mantêm amparados por toda a
Criação e, ao mesmo tempo, nos impulsionam a viver de forma harmônica com
outros seres e espécies.
Certos
desvios de personalidade tratados pelas ciências médicas, certas alterações de
humor, certos comportamentos anti-sociais, certos fanatismos etc., têm a ver
com desequilíbrios existentes com os seres na outra ponta das nossas ligações
mentais, espirituais e conscienciais.
O
desequilíbrio com os Seres Encantados da Direita, englobados no arquétipo Erês
(Crianças), gera uma série de transformações em nossa consciência e em nossos
comportamentos.
O
desequilíbrio com os Seres Encantados da Esquerda, englobados no arquétipo Exu
Mirim, gera uma alteração comportamental e consciencial de caráter, de humor e
emocional tão intensa que a pessoa começa a regredir e fecha-se em si mesma.
Tendo
Exu Mirim (à Esquerda) e os Erês (à Direita) em equilíbrio conosco, isto faz
com que sejamos alegres, dispostos, de bom humor, falantes e sonhadores.
Ao
contrário, estando em desequilíbrio com um deles ou com ambos, nos tornamos
taciturnos, melancólicos, irritados, cabisbaixos, isolacionistas, sem
iniciativas e sem criatividade; sentimo-nos velhos e sem ânimo para mais nada.
Alguns negativismos afloram em nós: avareza, mesquinhez, egoísmo,
irritabilidades à flor da pele, incapacidade de raciocinar coisas novas,
intolerância com crianças etc.
Por um
lado, tais ligações existem e não podem ser rompidas. Por outro, os Seres
Encantados são portadores de poderes excepcionais que, doutrinados de forma
correta, muito nos auxiliam. Então, a Umbanda optou por incorporá-los à Direita
(os Erês) e à Esquerda (os Exus Mirins e as Pombagiras Mirins).
A
Umbanda só adotou arquétipos que pré-existem em outras Dimensões da Vida e
estão fundamentados em “raças espirituais” ou em mistérios religiosos.
Os
Caboclos estão fundamentados no Mistério Guardião.
Os
Pretos Velhos estão fundamentados no Mistério Ancião.
Os
Erês estão fundamentados nos Seres Encantados das Dimensões da Vida à nossa
Direita.
Os
Exus estão fundamentados no Orixá Exu.
As
Pombagiras estão fundamentadas no Mistério Orixá cujo nome em Iorubá não foi
revelado- e que na Umbanda é chamado de Orixá e Mistério Pombagira-, que rege
os desejos. [* Observação: Desejo no sentido de estímulo, de vontade de viver,
vontade de fazer, vontade de alcançar objetivos etc.]
Já os
Exus Mirins estão fundamentados nos Mistérios de um Orixá que rege os instintos
“infantis”, cujo nome não foi revelado, e que na Umbanda denominamos de Orixá
Exu Mirim.
Exus
Mirins não são espíritos de “meninos maus”, como pensam alguns; assim como as
Pombagiras e os Exus não são espíritos de ex-prostitutas e ex-bandidos.
Há
poucos escritos que nos ensinem sobre o Orixá Exu Mirim ou que o fundamentem
como Mistério Religioso. Isso deu margem a interpretações fantasiosas e até
preconceituosas, levando muitos a acreditarem que os Exus Mirins seriam
“espíritos de moleques de rua”, crianças mal-educadas, encrenqueiras,
“bocudas”, chulas etc. Esse desconhecimento acabou fazendo com que muitos
dirigentes proibissem as manifestações de Exus Mirins.
Conforme
esclarece RUBENS SARACENI, quando a Umbanda iniciou-se no plano material, logo
surgiu uma Linha Espiritual ocupada por espíritos infantis amáveis, bonzinhos,
humildes, respeitosos: a Linha das Crianças. Depois, começaram a se manifestar
uns espíritos infantis briguentos, encrenqueiros, mal-educados e
intrometidos. Quando inquiridos, eles se apresentavam como “Exus” mirins, os
“Exus infantis” da Umbanda, numa equivalência com um Erê da Esquerda existente
no Candomblé. E Exu Mirim assumiu “o arquétipo de menino mau”, que lhe
atribuíam. Ninguém questionava sobre tão controvertida Entidade, pois ele
dizia que todo médium tem na sua Esquerda um Exu Mirim, além de um Exu e uma
Pomba Gira.
A
partir da crença inicial de que os Exus Mirins eram “meninos maus”, as
incorporações dessas Entidades eram exageradas e fantasiosas, pois os médiuns
acreditavam que tinha de ser assim. Os Dirigentes não tinham conhecimento sobre
tais Entidades e nem meios de esclarecer e controlar seus médiuns, passando a
proibir tais manifestações. Na verdade, os Exus Mirins nada mais faziam
do que extravasar os desvios íntimos daqueles médiuns, quando incorporavam.
Médiuns
doutrinados e equilibrados incorporam Exus Mirins que realizam trabalhos de
grande ajuda às pessoas. Quem precisa ser doutrinado é sempre o médium, e nunca
as Entidades de Lei, que já vêm mais que preparadas para atuar entre nós...
Bom,
se não havia escritos esclarecedores a respeito, pode-se perguntar por qual
motivo os próprios Exus Mirins não explicavam quem eram e qual a sua função no
Trabalho Religioso, para dar um fim naquela situação. A questão é: começa que
eles não são humanos, são Seres Encantados de uma Dimensão à Esquerda da
Dimensão Humana. Então, como explicar a realidade da qual vinham, como
responder às perguntas (que sempre ocorrem!) a respeito das suas
características e “identidades”, uma vez que estavam começando a surgir em
nosso meio e não havia parâmetros de comparação entre a nossa realidade e a
deles, para tornar compreensíveis tais informações? Era quase impossível. Então
eles vinham e prestavam a ajuda que podiam, aceitando “o arquétipo de meninos
maus” que lhes davam. Caso contrário, já teriam desaparecido do nosso convívio;
e nem estaríamos aqui buscando refletir e compreender quem são os Exus Mirins e
qual a sua função na Criação Divina...
Finalmente,
não é demais ponderar que tudo vem ao seu tempo, conforme o nosso grau de
amadurecimento, de entendimento e de merecimento perante o Astral Superior.
Afinal, “desde que o mundo é mundo” (desde sempre!), Deus, as Divindades e os
Mentores e Trabalhadores da Luz existem e atuam em nosso benefício; mas a nossa
reflexão e compreensão a respeito disso começou há não muito tempo e a cada dia
recebemos novas informações do Astral que ampliam o nosso entendimento sobre essas
questões. Se hoje temos a possibilidade de um estudo teológico na Umbanda, a
compreensão dos fundamentos da religião nos ajuda a perceber que tudo corre
para o nosso melhor, pois todas as manifestações que acontecem nos Trabalhos
Espirituais de Umbanda têm o amparo do Divino Criador e para uma função
específica, sempre voltada para auxiliar a nossa evolução e o despertar de uma
consciência ampliada do Todo da Criação.
Mais
recentemente, a Espiritualidade vem nos trazendo novos ensinamentos a respeito das
Divindades e das Linhas de Trabalho da Umbanda, pela psicografia de Rubens
Saraceni. E a partir do livro “Lendas da Criação”, Exu Mirim assumiu uma função
e importância que antes desconhecíamos.
Diz
RUBENS SARACENI: “A função de Exu Mirim é a de fazer regredir todos os
espíritos que atentam contra os princípios da vida e contra a paz e a harmonia
entre os seres. A sua importância está em que, sem Exu Mirim nada pode ser
feito na Criação, sem a sua concordância. Com Exu, dizia-se que “sem Exu, não
se faz nada”. Já com Exu Mirim, “sem ele, nem fazer nada é possível”.
Características
de atuação dos Exus Mirins
Os
Exus Mirins são conhecidos por suas habilidades magísticas de “desatar nós”,
desembaraçando situações entravadas.
Atuam
principalmente a partir das intenções negativas dos seres, nem sempre
reveladas; reduzem a “nada” as intenções maldosas, aplicando o Mistério Divino
de que são portadores.
Exu
Mirim tem domínio sobre “o Nada”, isto é, sobre o estado anterior à
manifestação das nossas idéias e intenções. Cumpre esta função na Criação para
preservar a vida, a paz e a harmonia entre os seres, para o equilíbrio do Todo.
Quando
alguém vem alimentando, em seu íntimo, planos e intenções maldosas contra
outrem, mas ainda não tomou atitude alguma que possa revelar o que está
arquitetando, essa maldade “intencionada” é captada pelo Orixá Exu Mirim, e as
Entidades Exus Mirins são acionadas para cortar mal na origem.
Enquanto
a pessoa não põe em prática seus pensamentos de vingança, de ódio, de traição ou
de qualquer outra intenção maldosa e injusta, nada se pode perceber. Mas Exu
Mirim atua sobre este “nada”, justamente para que não se realize a maldade,
paralisando o ser mal intencionado.
Diz-se
que Exu Mirim capta as intenções negativas e faz regredir os seres negativados
e maldosos, mas isto precisa ser mais bem compreendido. A expressão “faz
regredir” não pode ser tomada ao pé da letra. Não é que Exu Mirim faça regredir
aquele ser negativo; o que ele faz é identificar quem é, de fato, aquele ser e
colocá-lo no seu lugar de merecimento na Criação. Pois uma criatura maldosa,
invejosa e traiçoeira nem sempre aparenta ser assim. Parece “boazinha”, mas não
é. Está entre pessoas de bom coração e desfrutando da sua confiança, mas não é
como elas e não merece tal consideração. Então, esta pessoa de má índole
receberá, mais dia menos dia, a atuação de Exu Mirim e será colocada onde
merece estar. Neste caso, a atuação de Exu Mirim é a de um Executor da Lei
Divina; Lei que sempre nos ampara, mesmo que não o saibamos. Ao mesmo tempo,
Exu Mirim estará protegendo a vítima daquelas intenções negativas, sempre que
ela faça por merecer o amparo da Lei, e ainda que não suspeitasse do que estava
sendo tramado contra ela.
Por
outro aspecto, Exu Mirim também atua amparando os seres equilibrados e
merecedores do amparo da Lei, desembaraçando entraves e dificuldades dos seus
caminhos, para que os seus projetos bons, saudáveis e justos se concretizem.
Em
tudo e por tudo, como se vê, na atuação de Exu Mirim está Presente a Mão do
Criador, a nos direcionar e amparar; e, se necessário, a nos corrigir, para
evitar nossa persistência no erro e consequências mais danosas à nossa
evolução.
A
irreverência ou má educação comportamental não é típica dos Exus Mirins na
Dimensão onde vivem. São naturalmente irrequietos e curiosos, sim; mas nunca
intrometidos ou desrespeitadores.
O que
acontece é que os Exus Mirins são nossos refletores naturais. Eles refletem o
inconsciente de seus médiuns, tal como acontece com Exu e Pomba Gira.
Se o
médium não está centrado, ou se tiver crenças negativas a respeito dessas
Entidades (acreditar que fazem o mal, que usam de vocabulário grosseiro, que
são indisciplinadas etc.), tudo isso virá à tona no momento da incorporação,
pois Exu Mirim também põe para fora o que está oculto no íntimo dos médiuns.
Os
Exus Mirins não aprovam ser invocados para demandas e magias negativas contra
pessoas. Quando um médium os ativa para prejudicar seus desafetos, seu Exu
Mirim se enfraquece automaticamente; e pode ocorrer que um quiumba tome o seu
lugar junto ao médium, gerando-lhe toda a sorte de problemas, até que esse
médium se conscientize e se corrija.
Eles
raramente pedem seus assentamentos ou firmezas permanentes, preferindo receber
oferendas periódicas na natureza, tal como as Crianças da Direita.
Gostam
de manipular as bebidas mais agradáveis ao paladar dos seus médiuns, sejam
elas alcoólicas ou não.
Apreciam
frutas ácidas e doces “duros”, tais como: rapadura, pé de moleque,
quebra-queixo, cocadas secas e balas “ardidas” (de menta ou hortelã).
FONTES
DOUTRINÁRIAS: 1-O site do Colégio de Umbanda Pai Benedito de Aruanda; 2-Os
livros: “Arquétipos da Umbanda”, 2007, páginas 135/138, e “Orixá Exu Mirim”,
2008, páginas 17/34, ambos de Rubens Saraceni, pela Editora Madras.
Nomes
simbólicos: Os Exus Mirins se apresentam com nomes relacionados aos de
Exus, só que no diminutivo. Exemplos: Exu Brasa/Exu Mirim Brasinha; Exu
Porteira/ Mirim Porteirinha; Exu do Toco/Mirim Toquinho; Exu Calunga/Mirim
Calunguinha; Exu Caveira/ Mirim Caveirinha; Exu Morcego/Mirim Morceguinho; Exu
Sete Garfos/Mirim Sete Garfinhos; Exu Sete Chifres/Mirim Sete Chifrinhos; Exu
Pimenta/Mirim Pimentinha; Exu Sete Coroas/Mirim Sete Coroinhas; Exu Cova/Mirim
Covinha; Exu Veludo/Mirim Veludinho; Exu do Lodo/Mirim Lodinho; Exu da
Praia/Mirim Prainha; Exu do Fogo/Exu Mirim Faísca ou Exu Mirim Foguinho;
etc.
Saudação:
Laroyê, Exu Mirim! Exu Mirim Modjubá!
Dia
da semana: Não há um dia específico. A designação de um dia determinado
pode estar relacionada com o Orixá que rege o campo de atuação da Entidade, em
cada Terreiro.
Campo
de atuação: Os Exus Mirins cortam intenções e atuações negativas que
prejudiquem o equilíbrio da vida, a paz e a harmonia entre os seres;
desembaraçam situações complicadas; promovem limpeza energética profunda;
cortam magias negativas, principalmente as projeções mentais negativas. Alguns
são curadores.
Ponto
de força: No geral, as encruzilhadas. No particular, o ponto de força do
Orixá Regente do seu campo específico, pois há Exus Mirins trabalhando sob a
Irradiação de todos os Orixás.
Cor:
Bicolor vermelho e preto.
Elementos
de trabalho: Moedas; carrinhos de ferro; bonecos; brinquedos em geral;
sementes; pedras; fitas, linhas e pembas pretas e vermelhas; velas bicolores
preto/vermelho; ervas; sementes; pimentas; bebidas rituais.
Ervas:
1-Preferenciais:
Casca de alho e de cebola; carapiá; laranja seca; limão; açoita cavalo; pinhão
roxo; dandá (Fonte: Adriano Camargo.).
2-Outras:
Guiné –
Quebra formas-pensamento baixas. Bom contra obsessões de natureza sexual. Ajuda
na comunicação com os bons espíritos;
Limão
(casca) – Queima os fluidos negativos e enfermiços;
Eucalipto–
Desagrega as energias negativas e enfermiças; renova nossas energias e
equilibra o emocional;
Cana-de-açúcar
(palha e bagaço) – Dá força e vigor para se enfrentar as situações do dia a
dia;
Canela–
Condensador de fluidos benéficos; destrói miasmas astrais; afrodisíaco; atrai a
prosperidade;
Absinto –
Losna – Em banhos, ela desagrega fluidos negativos. Na defumação, afasta
influência negativa;
Artemísia –
Quebra as correntes de pensamentos negativos e traz proteção;
Bambu –
Contra influências negativas;
Arruda –
Ótimo protetor astral, desagrega larvas astrais e energias enfermiças. Quebra
as formações energéticas negativas resultantes de acúmulos de pensamentos
negativos e de atuações do baixo astral;
Alecrim–
Desagrega energias enfermiças, limpa e purifica o ambiente, criando uma esfera
de proteção; boa contra obsessão; afasta a tristeza;
Salsa – Para
proteção, afasta a negatividade;
Poejo –
Ótima para proteção e para acalmar os ânimos;
Pitanga
(folhas) – Prosperidade e proteção;
Manjericão –
Ótimo para tirar as energias negativas, trazer vida ao ambiente e às pessoas;
aumenta o
magnetismo pessoal; atua contra a depressão e ansiedade;
Levante –
Bom para proteção e abertura de caminhos.
Sementes: Olho
de cabra e olho de boi.
Fumo/defumação:
Manipulam charutos; cigarrilhas; fumos de ervas enroladas na palha
ouqueimados diretamente.
Pedras:
Ágata Preta, Turmalina Preta, Mica Preta, Ônix, Vassoura da Bruxa, Quartzo
Fumê.
Bebidas:
Alguns Exus Mirins manipulam bebidas com teor alcoólico e adoçadas; outros só
manipulam bebidas e sucos doces e sem álcool.
Exemplos
de bebidas: Groselha; maracujá; guaraná; mel; pinga com mel; groselha com
pinga; pinga com melado de cana; pinga com melado de rapadura. Observação: A
erva alcaçuz também serve para adoçar as bebidas de Exu Mirim, conforme a
orientação de ADRIANO CAMARGO.
Frutas:
Maracujá, guaraná, manga, limão, laranja, goiaba vermelha, ameixa escura;
frutas cítricas, bem com as escuras e azedas em geral.
Flores:
Cravo vermelho, cravina, cactos.
Incenso: Laranja.
Oferenda
ritual:
1-Toalhas
ou panos preto e vermelho; • velas bicolores preto/vermelho; • fitas pretas e
vermelhas; • linhas pretas e vermelhas; • pembas pretas e vermelhas; • flores:
cravos; • frutas: manga, limão, laranja, pera, mamão; • bebidas: licores,
cinzano, pinga com mel; • comidas: fígado bovino picado e frito em azeite de
dendê, farofas apimentadas.
(FONTE:
“Rituais Umbandistas - Oferendas, Firmezas e Assentamentos”, Rubens Saraceni,
Editora Madras.)
2-
Farofa de farinha de milho amarela com pimenta; doces “duros”, tais como:
rapadura, pé de moleque, quebra-queixo, cocadas secas; balas de menta ou
hortelã (“ardidas”).
Cozinha
ritualística:
1-Padês
(ou farofas):
●Padê
de açúcar cristal (para prosperidade)- Misturar 250g de farinha de milho
amarela com 250 g de açúcar cristal e decorar com sete pedaços de canela.
●Padê
de pinga- Misturar 250 g de farinha de milho amarela com pinga.
●Padê
com camarão- Refogar uma cebola em rodelas no dendê e acrescentar meio kg de
camarão seco. Juntar 250 g de farinha de milho amarela e misturar.
●Padê
de dendê- Aquecer um pouco de dendê e nele refogar ligeiramente uma cebola em
rodelas e uma pimenta dedo-de-moça picada. Em separado, umedecer 250g de
farinha de milho amarela (respingar água sobre a farinha) e depois juntá-la ao
refogado. Misturar e montar a oferenda.
2-Acaçá
de Exu Mirim- Dissolver meio kg de farinha de milho amarela em água o
suficiente para fazer a massa. Levar para cozinhar, mexendo com uma colher de
pau, até que a massa desgrude do fundo da panela. Deixar esfriar e fazer os
acaçás, que devem ser enrolados em folhas de mamona untadas com dendê.
TEXTO:
O ENIGMA EXU MIRIM- Por RUBENS SARACENI
No
decorrer dos milênios, todas ou quase todas as religiões organizadas tiveram
nos gêmeos infantis um dos seus mistérios, e eles ocuparam e ainda ocupam um
lugar de destaque em muitas delas.
Na
África, em várias religiões, os gêmeos estão presentes ou, quando não aparecem
juntos, pelo menos um se faz presente. Assim como ocorre entre os índios
brasileiros, em que a criança é chamada de curumim e há seres sobrenaturais
infantis ou mirins.
Se
assim foi, é e será, então temos que identificar melhor esse mistério e
descobrir algumas de suas funções na Criação, porque a partir daí ele fica
fundamentado e o entendimento sobre ele torna-se acessível a todos os umbandistas
que, quer queiram ou não, têm à esquerda uma entidade “infantil” cuja companhia
não recomenda ao seu filhinho, pois preferem colocá-lo num jardim de infância
frequentado só por criancinhas da “direita”.
Afinal,
essas crianças da “esquerda” (os Exus e as Pombagiras Mirins) fumam, bebem, e
ainda atazanam a vida de quem os ofende ou os desagrada, não é mesmo?
São
crianças condenadas ao purgatório ou ao abandono nas “ruas”, largadas não se
sabe por quem, pois nenhum Orixá assumiu a paternidade delas e nenhum os
recolheu aos seus Domínios na Criação, preferindo enviá-los para os de Exus
que, ao contrário dos outros Orixás, não nega abrigo em seus domínios a
ninguém.
A
todos Exu acolhe e com todos se relaciona amigavelmente.
E
assim foi na Umbanda, quando ninguém sabia o que fazer com os infantes da
esquerda, Exu deu-lhes casa e comida, digo, domínio e campo de ação.
Firmado
no lado de fora dos templos de Umbanda, mas ganhando aqui e acolá um “ebozinho”
minguado para resolver complicações indissolúveis, Exu Mirim foi sobrevivendo à
míngua e entre a própria sorte... ou azar, quem sabe? Isolado no gueto ou no
cortiço dos meninos mal educados e desbocados, Exu Mirim raramente entra na
“casa grande” (no templo) e, ainda assim, é para limpar e levar embora a
sujeira alheia (dos consulentes). Afinal, só raramente o chamam para realizar
um trabalho de ponta a ponta, ou seja, do começo ao fim! Mas, boa parte da má
educação e do “desbocamento” dessas entidades infantes da esquerda deve-se ao
comportamento dos seus médiuns, e não ao Orixá Exu Mirim.
Afinal,
que melhor momento há para fazer “artes” do que quando incorporado com seu Exu
Mirim, não é mesmo?
Que
melhor oportunidade há para falar palavrões do que quando incorporado por um
espírito “desbocado e mal educado?” Há médiuns que fazem micagens (gestos de
macacos) e mostram a língua para os assistentes, além de gestos obscenos
impublicáveis quando incorporados com seus Exus Mirins, fazendo uma pantomima
nada religiosa.
Mas
isso não é inerente aos Exus Mirins, e sim, à falta de informações dos seus
médiuns, pois não se doutrinam nem aos espíritos que incorporam e os usam para
extravasarem o que têm em seus íntimos.
Exu
Mirim é superior a tudo isso e, mesmo sendo relegado à míngua na maioria dos
centros e por um grande número de médiuns umbandistas, vem sobrevivendo como um
dos mais fechados dos mistérios da Umbanda e vem resistindo a comentários mais
absurdos possíveis já publicados por pessoas que não só o desconhecem como nada
sabem sobre ele. (Extraído do livro “Orixá Exu Mirim", de Rubens Saraceni,
Editora Madras, edição 2008, resumo das páginas 13/15.)
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