Nanã é a Divindade que está assentada no pólo negativo (ou
absorvedor) da Linha da Evolução, que é a sexta Linha de Umbanda, na qual
polariza com Pai Obaluayê.
Seu campo preferencial de atuação é o emocional dos seres
desequilibrados que, ao receberem suas Irradiações, se aquietam; e podem ter
suas evoluções paralisadas, se necessário, até passarem por uma decantação
completa de seus vícios e desequilíbrios mentais.
As Irradiações de Mãe Nanã contêm duas Qualidades Divinas
que nos induzem a evoluir: a maleabilidade e a decantação. Através
delas, Nanã transmuta as energias negativas e paralisantes geradas por
conceitos negativos e errôneos que os seres desenvolvem a respeito das coisas
Divinas (sentimentos, pensamentos, emoções, atos etc.), de modo a
reequilibrá-los e então reconduzi-los a um caminho de evolução. Nanã manifesta
essas duas Qualidades ao mesmo tempo e por isso dizemos que é um Orixá Cósmico
dual.
A primeira Qualidade de Nanã (maleabilidade) vai desfazendo
o que está paralisado ou petrificado nos seres, dando-lhes maleabilidade.
Quanto o ser estaciona num padrão vibratório negativo (pensamentos,
sentimentos, crenças e emoções), insistindo em condutas igualmente negativas,
ele se petrifica, fica impermeável às sugestões do Bem. Neste caso, ele será
atraído para o campo de Mãe Nanã, para readquirir maleabilidade.
E a segunda Qualidade de Mãe Nanã (decantação) vai
decantando os seres dos seus vícios, desequilíbrios e negativismos, fazendo uma
espécie de filtragem dessas energias desequilibradas.
Isso acontece porque Ela é um Orixá “água-terra”. O seu
primeiro elemento de atuação é a água e o segundo é a terra. O elemento água dá
maleabilidade ao que estava endurecido (“amolece”, torna permeável, permite
adquirir e absorver outros valores). Então, a terra se junta à água, formando
“um barro” que absorve os negativismos decantados. Isto gera condições para dar
estabilidade àquilo que ficou de positivo após a decantação. E uma vez que “o
positivo” foi estabilizado no ser, ele poderá recomeçar sua evolução.
Mãe Nanã atua por atração magnética sobre os seres cuja
evolução está paralisada e cujo emocional está desequilibrado. Ela os atrai
magneticamente, para operar o processo de: a) dar maleabilidade àqueles seres-
quebrando seus vícios e desfazendo suas resistências e negatividades; também
“amolecendo” e dissolvendo os medos ou bloqueios inexplicáveis, de fundo
inconsciente, e as memórias traumáticas do ser; b) decantar todo
esse negativismo- que vai se soltando, e vai se depositar no fundo “do barro”
(encontro dos elementos água e terra, que constituem Seus domínios); c)
e, finalmente, dar estabilidade ao que ficou de positivo em todo este processo,
para que o ser retome sua evolução de forma equilibrada, aqui o entregando aos
domínios de Obaluayê.
Em todas as situações, temos duas opções básicas: a) decidir
trilhar o caminho do Bem, respeitando a Ordem Divina; caso em que os Orixás
Universais (irradiantes, positivos) irão “nos puxar para cima”, potencializando
os pontos fortes que já desenvolvemos e, através deles, nos ajudando a evoluir
e vencer nossas dificuldades. Neste caso, os Orixás Cósmicos nos darão amparo
também, protegendo-nos de ataques externos, magias negativas etc., uma vez que
são os pares complementares dos Universais; b) ou estacionar num caminho
negativo; caso em que os Orixás Cósmicos (absorvedores, negativos) irão nos
atrair diretamente para os seus campos absorvedores de atuação, ali esgotando
nosso negativismo, até recuperarmos o equilíbrio e voltarmos ao amparo dos
Universais.
Isso explica as diferentes atuações de Pai Obaluayê
(Universal) e de Mãe Nanã (Cósmica), que se complementam, na Linha da Evolução.
Nanã faz com que os seres retomem sua evolução, decantando-os de todo o
negativismo, afixando-os no seu “barro” (água + terra) e deixando-os prontos
para a atuação de Obaluayê, que os irá remodelar e estabilizar, para colocá-los
novamente em movimento numa senda evolutiva.
A Energia de Nanã é Decantadora por excelência. Seu
Fator Puro é o Decantador, que nos faz evoluir. Então, o outro Fator de Nanã é
o Evolutivo (Fator Misto).
Os lagos, mangues e os grandes rios que correm
tranquilamente são Pontos de Força de Mãe Nanã. Vamos pensar num lago. Um lago
tem a superfície calma, de águas tranquilas, que parecem estar paradas. Mas ele
puxa para o fundo qualquer coisa que nele seja atirada, ele decanta
silenciosamente. Assim é a Energia de Nanã, a Mais Velha das Mães das Águas.
Diferente de Mãe Oxum, simbolizada pelas cachoeiras, que são rápidas e representam
a Energia da Mãe Jovem.
Diferente também de Yemanjá, a Grande Mãe, simbolizada pela
imensidão do mar. Todas Elas lidam com as nossas emoções, porque a água está
relacionada ao emocional. E Nanã representa a calmaria, a decantação das nossas
emoções e sentimentos; motivo pelo qual Ela também pode nos curar,
já que muitas doenças têm forte cunho emocional (raiva, inquietação,
impaciência, ansiedade, nervosismo, ciúme, inveja etc.). Decantando nossos
vícios e desequilíbrios emocionais e mentais, Nanã nos acalma e nos transforma.
Transformados interiormente, entramos no caminho da cura. Em outras palavras:
evoluímos.
Como portadora dessas Qualidades, Nanã também é o Mistério
de DEUS que atua sobre o espírito que vai reencarnar.
No processo da reencarnação, o Orixá Nanã dilui todos os
acúmulos energéticos daquele ser e decanta todos os seus sentimentos, mágoas e
conceitos. Em consequência, Ela adormece (“apaga”) a memória daquele espírito.
E quando o espírito adormece em sua memória, entra a atuação de Pai Obaluayê,
que é o Regente desse Mistério, para reduzi-lo ao tamanho do feto que está no
útero da mãe, aonde o espírito irá se alojar para renascer; e, ao renascer, não
se lembrará de nada do que vivenciou anteriormente.
Portanto, um dos campos de atuação de Nanã é a “memória” dos
seres. E, se Oxóssi aguça o raciocínio, Ela adormece os conhecimentos do
espírito, para que não interfiram com o destino traçado para a sua nova
encarnação. É por isso que Nanã é associada à senilidade, à velhice, período no
qual a pessoa começa a se esquecer de coisas que vivenciou na atual
encarnação.
Mãe Nanã rege também sobre a maturidade. Em outra
linha da vida, encontramos
sua atuação na menopausa. No inicio desta linha está Oxum,
estimulando a sexualidade feminina; no meio está Yemanjá, estimulando a
maternidade; e no fim está Nanã, paralisando tanto a sexualidade quanto a
geração de filhos. Mas esta paralisação nada tem de negativo, pois faz parte do
processo natural da vida e ainda facilita a canalização daquelas energias
(antes concentradas na função procriadora) para outros campos e
horizontes.
Nanã, em seus aspectos positivos, forma pares com os outros
treze Orixás, sem nunca perder suas qualidades “água-terra”. Ela favorece
a Evolução em todos os Sentidos da vida.
Nanã é “a mais velha das Mães”, é nosso aconchego, é a
experiência, a sabedoria, a paciência, é nossa Divina “Avozinha”. Daí o seu
sincretismo com Nossa Senhora de Santana, a santa católica que foi a avó de
Jesus.
Mãe Nanã é associada aos planetas Saturno e Vênus e também
aos números 06 e 13.
História
Origens do Orixá Nanã. Suas características na África e
nas religiões derivadas
Na tradição africana, o Orixá Nanã é reverenciado como Nàná
Burúkú (ou Buruquê) e representa o ponto de contato da terra com as águas. É a
Divindade Suprema que, junto com Zâmbi, fez parte da Criação: é a
responsável pelo elemento barro, que emprestou a Oxalá para que este moldasse o
primeiro homem e todos os seres viventes da Terra. Com a junção de água e terra
surgiu o barro.
Com o Sopro Divino, o barro representa movimento. O
movimento adquire estrutura. Do movimento e da estrutura surgiu a Criação, o
Homem.
No Candomblé, afirma-se que Nanã é um Orixá feminino de
origem daomeana, que foi incorporado pela mitologia Iorubá, há séculos, quando
o povo Nagô conquistou o Daomé (atual República do Benin), assimilando sua
cultura e incorporando algumas Divindades dos povos dominados.
Nesse processo de encontro de culturas, Oxalá (mito
Nagô-Iorubá) continua sendo o pai de quase todos os Orixás. Yemanjá (mito
Nagô-Iorubá) é a mãe dos Nagôs. E Nanã (mito Jêje) assume a figura de mãe dos
filhos do Daomé; enquanto Oxalá permanece como pai, também, dos
daomeanos (embora não fizesse parte da sua mitologia primitiva). Os mitos
daomeanos eram mais antigos que os Nagôs, pois vinham de uma cultura que se
mostra anterior à descoberta do fogo. Então, tentou-se acertar essa cronologia
colocando-se Nanã e o nascimento de seus filhos como sendo fatos anteriores ao
encontro de Oxalá e Yemanjá. Neste contexto, Nanã é a primeira esposa de Oxalá,
tendo com ele três filhos: Iroco (ou Tempo), Omolu (ou Obaluayê) e Oxumarê.
Senhora de muitos
búzios, Nanã sintetiza, em si, morte, fecundidade e riqueza. É associada à
fecundidade e à prosperidade porque a Ela se pedem filhos; lembrando-se que nas
antigas sociedades tribais ter muitos filhos era sinônimo de riqueza
(capacidade de sustentá-los) e também de se perpetuar o nome daquele clã.
Para os Jêje, da
região do antigo Daomé, seu nome significa “mãe, mãezinha”. Nessa região, Nanã
é considerada a Divindade suprema. Talvez por isso, frequentemente é descrita
como um Orixá masculino.
Sendo a mais
antiga das Divindades das águas, Nanã representa a memória ancestral do Povo de
Santo: é a mãe antiga (Iyá Agbà) por excelência. É mãe dos Orixás Iroko,
Obaluayê e Oxumaré. E por ser a deusa mais velha do Candomblé, é respeitada
como mãe por todos os outros Orixás.
A vida está
cercada de mistérios que, ao longo da História, atormentam o ser humano. Ainda
na Pré-História, quando o homem se viu diante do mistério da morte, no seu
âmago irrompeu uma angústia. Os mitos aliviavam essa dor e a razão apontava
para aquilo que era certo no seu destino. A morte desperta no homem os
primeiros sentimentos religiosos; e nessse momento Nanã se fez compreender: porque
é na morte, condição para o renascimento e para a fecundidade, que se encontram
os mistérios de Nanã. Nos primórdios da História, os mortos eram enterrados em
posição fetal; o que remetia a uma idéia de nascimento ou renascimento.
O homem primitivo entendeu que a morte e a vida caminham juntas, entendeu os
mistérios de Nanã. Pois Nanã é o princípio, o meio e o fim; é o
nascimento, a vida e a morte; é a origem e o poder. Entender Nanã é
entender o destino, a vida e a trajetória do homem sobre a Terra. Nanã é água
parada, água da vida e da morte. Ela é o começo, porque Nanã é o barro e o
barro é a vida. Nanã é a dona do axé, por ser o Orixá que dá a vida e a
sobrevivência, é a Senhora dos ibás, que permite o nascimento dos deuses e dos
homens.
No Candomblé se
diz: “Nanã pode ser a lembrança angustiante da morte, mas apenas para aqueles
que encaram esse final como algo negativo. Nanã, a mãe maior, é a luz que nos
guia, é o nosso quotidiano. Conhecer a própria vida e o próprio destino é
conhecer Nanã, pois os fundamentos dos Orixás e do Candomblé estão ligados à
vida. A nossa vida é o nosso Orixá”. Conceito belíssimo...
Considerada a mais velha Divindade do panteão africano, Nanã
está associada às águas paradas, à lama dos pântanos, ao lodo do fundo dos rios
e dos mares. Ela e Obaluayê foram os únicos Orixás que não reconheceram a
soberania de Ogum como dono dos metais, justamente por serem mais antigos que
ele. Segundo pesquisas de Pierre Verger, há indícios de que Nanã e Obaluayê
eram cultuados desde antes da Idade do Ferro; e esta é a razão de não se
utilizar instrumentos de ferro nas suas oferendas.
O símbolo de Nanã é o Ibirí, um cajado de fibras da folha da
palmeira de dendê, que tem a ponta curvada e uma tira de couro enfeitada com
búzios.
Em algumas terras da África, Nanã é chamada de Iniê e seus
assentamentos (objetos sagrados) são salpicados de vermelho.
Ela é a chuva, a garoa. Por isso, o banho de chuva é uma
homenagem que se faz a Nanã, lavando-se o corpo no seu elemento.
Nanã é tanto reverenciada como sendo a Divindade da vida,
como da morte. Na África antiga, acreditava-se que entre o mundo dos vivos e o
dos mortos existe uma passagem, cuja regente é Nanã, Senhora da Morte, geradora
de Iku (a Morte). Por isso, Nanã é a mais temida de todos os Orixás.
Nanã é o encantamento da própria morte. Os cânticos em sua
homenagem são súplicas para que leve Iku (a Morte) para longe, de modo que a
vida seja mantida.
Ela é a Senhora da passagem desta vida para outra; reconduzindo
ao Astral as almas que Oxum colocou no mundo material. É a deusa e guardiã do
reino da morte, possibilitando o acesso a esse território do
desconhecido. Assim, no Culto de Nação e no Candomblé, Nanã é cercada de
muitos mistérios e tratada com menos familiaridade do que os Orixás mais
extrovertidos (como Ogum e Xangô, por exemplos), sendo considerada uma figura
austera, justiceira e absolutamente incapaz de uma brincadeira ou de alguma
forma de explosão emocional. Jurar por Nanã, por parte de alguém do Culto,
implica um compromisso muito sério e inquebrantável, pois este Orixá exige de
seus filhos a mesma relação austera que mantém com o mundo. Acredita-se que
muitos são os mistérios que Nanã esconde: ela é a terra fofa que
recebe os cadáveres, que os acalenta e esquenta, numa repetição do que ocorre
na vida intra-uterina; através dela, os mortos são modificados para poderem
nascer novamente.
Esta relação de
Nanã com a morte e o culto dos Egunguns (espíritos dos mortos) é talvez o
motivo de Ela estar associada ao número 13 (tradicionalmente ligado às almas
dos mortos), dentro do Culto de Nação e do Candomblé.
Desde suas origens na África, Nanã é reverenciada como o
grande Orixá que tem o domínio sobre as enchentes e as chuvas, bem como sobre o
lodo produzido por essas águas. Ela também é a mãe e avó, a protetora dos
homens e dos idosos, a padroeira da família. Daí, talvez, a sua ligação com o
número seis, este relacionado à família.
A dança de Nanã
No Candomblé, quando
manifestada numa de suas iniciadas, Nanã é saudada pelos gritos de:“Sálù
bá Nàná Burúkú!”, significando: “com Nanã, nos refugiaremos da morte”.
Quando dança no Candomblé, Nanã movimenta os braços como se
estivesse embalando uma criança.
O toque Jêje para esta Divindade é o sató, um ritmo vagaroso e pesado, apropriado aos
lentos movimentos dessa deusa que dança curvada, "varrendo" o mal.
No Ketu,
seu toque é o kiribotô.
Nas Casas de
Candomblé da Bahia, do Rio de Janeiro e nos Terreiros Nagô ou Jêje-Nagô da
cidade de São Paulo, realiza-se um ritual chamado Olubajé, uma cerimônia
pública dedicada a Obaluayê (rei da terra), Omolu (filho do senhor), Onilé
(senhor da terra) e a Sapatá e Xapanã (deus da varíola). Esta cerimônia foi
objeto de pesquisas coordenadas por José Flávio Pessoa de Barros,
autor do livro “O Banquete do Rei - Olubajé”, Editora
Pallas, 2005. O referido autor explica que a cerimônia corresponde a um
banquete, pois a palavra Olubajé é de origem Iorubá e significa: Olú= aquele
que; Gba= aceita: Je= comer. Ou: Olú= aquele que; Báje= come com. Pois bem.
Dentro do ritual, há um momento em que “a família mítica de Obaluayê” vem
dançar:primeiro, dança Oxumarê, seu irmão; depois Nanã, sua mãe; em
seguida, Yemanjá, sua mãe adotiva; e finalmente Iansã, que se tornou sua amiga
e com ele dividiu o domínio sobre os mortos. E o livro descreve os movimentos
da dança de Nanã:
“O ritmo é lento, a passos curtos, punhos
cerrados, mãos estendias à frente e justapostas uma sobre a outra,
movimentado-se ora à direita, ora à esquerda, a cada passo dado pelo orixá,
como quem segura um bastão, amparando o corpo fatigado de uma longa jornada.
Sua roupa é toda em tons lilás bem claro, e o adê (coroa) bordado em
palha-da-costa e búzios.
O canto sempre repetido pelos presentes diz: A outra face
(outro lado) de Nanã é bonita. A outra face de Nanã é bonita.
Os versos da música sacra dizem que a “Venerável Anciã”
tem a outra face bela, deixando supor que existe uma que deve ser respeitada,
pois Nanã está intimamente ligada ao culto dos egunguns, isto é, os espíritos
ancestrais do povo-de-santo.
Como aos outros orixás, mais dois cantos completam o
conjunto mínimo de louvação: Nanã Olocó, faça-nos felizes; nós podemos tomar
outra direção para termos a alegria do nascimento de filhos. Nanã Olocó,
faça-nos felizes. [Nanã Olocó: aquela que tem poderes para chamar um parente
morto para aparecer como Egungun.]
A mãe-de-santo providenciara a vinda do Ibirí- cetro
daquela que é “a mais velha das deusas”, que, como o xaxará de Obaluaiê, seu
filho, é feito das nervuras centrais da folha do dendezeiro. Difere,
entretanto, do cetro de Omolu na ponta recurvada que se prende ao meio por uma
tira de couro bordada em búzios. Os gestos são idênticos aos da primeira dança
e o povo-de-santo diz que “o ibirí é como uma criança que uma mãe embala para
adormecer.
(...) Muitos filhos é a súplica que fazem a Nanã,
sinônimo, para os adeptos, de prosperidade. E o mesmo tema é repetido no último
canto: Ela é nossa mãe e amiga; ela é Senhora da alta sociedade.
A assistência, a cada gesto gracioso da iabá, a saúda
entusiasmada:
-Sálù bá Nàná Burúkú!- nos refugiaremos com Nanã da
morte.
Nos últimos sons do atabaque, “a mais velha mãe” é
carinhosamente levada para sua casa. Antes, entretanto, majestosamente
cumprimenta a todos, inclinando o torso, sendo seu gesto saudado várias vezes
com o verso com que a reverenciam:
- Sálù bá Nàná!”(Obra citada, páginas 112/115.)
Lendas
1-Nanã fornece a lama para a modelagem do
homem
Dizem que quando Olorum encarregou Oxalá
de fazer o mundo e modelar o ser humano, o Orixá tentou vários caminhos. Tentou
fazer o homem de ar, como ele. Não deu certo, pois o homem logo se desvaneceu.
Tentou fazer de pau e depois de pedra, mas a criatura ficou dura. Tentou,
então, o fogo, e o homem se consumiu. Tentou azeite, água e até vinho-de-palma,
e nada.
Foi então que Nanã veio em seu socorro.
Ela apontou para o fundo do lago, com seu ibiri (o seu ceptro e arma), e de lá
retirou uma porção de lama. Deu a Oxalá uma porção do barro do fundo da lagoa
onde morava, a lama sob as águas, que Ela domina.
Então Oxalá criou o homem, modelando-o no barro. Com um sopro de Olorum, o homem caminhou, e com a ajuda dos Orixás povoou a terra.
Então Oxalá criou o homem, modelando-o no barro. Com um sopro de Olorum, o homem caminhou, e com a ajuda dos Orixás povoou a terra.
Porém, chega o dia que o homem morre e seu
corpo tem que retornar à terra, voltar à natureza e aos domínios de Nanã
Buruku. No começo Nanã deu a matéria para fazer os corpos dos homens; mas no
final Ela quer de volta tudo o que é seu.
2- Nanã proíbe instrumentos de
metal no seu culto
A rivalidade entre Nanã Buruku e Ogum data
de muito tempo.
Ogum, o ferreiro e grande guerreiro, era o
proprietário de todos os metais. Eram de Ogum os instrumentos de ferro e
aço. Todas as Divindades dependiam d’Ele, e isto o fazia ser muito considerado
entre os Orixás. Sem a licença de Ogum não havia sacrifícios; sem sacrifício
não havia Orixá. Ogum é o Oluobé, o Senhor da Faca.
Todos os Orixás o reverenciavam, e antes
de comer pediam licença a Ele pelo uso da faca (o obé) com que se abatiam os
animais e se preparava a comida sacrificial.
Contrariada com essa precedência dada a Ogum, Nanã disse que não precisava de Ogum para nada, pois se julgava mais importante do que ele.
Contrariada com essa precedência dada a Ogum, Nanã disse que não precisava de Ogum para nada, pois se julgava mais importante do que ele.
“– Quero ver como vais comer, sem faca para matar os
animais”, disse Ogum.
Ela aceitou o desafio e nunca mais usou a faca.
Ela aceitou o desafio e nunca mais usou a faca.
E foi por esta decisão de Nanã que, dali
em diante, nenhum de seus seguidores utilizaria objetos de metal nos
sacrifícios feitos a Ela, e sem precisar da licença de Ogum.
3-Nanã divide seu poder sobre os Eguns com
Oxalá
Na aldeia chefiada por Nanã, quem
cometesse um crime era amarrado a uma árvore, e então Nanã chamava os Eguns
para assustá-lo.
Ambicionando esse poder, Oxalá foi visitar
Nanã e lhe deu uma poção que a fez apaixonar-se por ele.
Apaixonada, Nanã dividiu seu reino com Oxalá, mas proibiu sua entrada no Jardim
dos Eguns.
Oxalá espionou-a e aprendeu o ritual de
invocação dos mortos. Disfarçando-se de mulher, Oxalá vestiu-se com as roupas
de Nanã, foi ao jardim e ordenou aos Eguns que obedecessem “ao homem que vivia
com ela“ (ou seja, que obedecessem a ele).
Quando Nanã descobriu o golpe, quis reagir. Mas, apaixonada como estava, acabou concedendo aquele poder ao marido. Por isso, no Culto a Egungun, só os homens são iniciados para chamar os Eguns.
Quando Nanã descobriu o golpe, quis reagir. Mas, apaixonada como estava, acabou concedendo aquele poder ao marido. Por isso, no Culto a Egungun, só os homens são iniciados para chamar os Eguns.
Outra versão diz que, por causa desse
artifício, Oxalá foi condenado a vestir-se com um manto semelhante ao usado por
mulheres, ficando proibido de usar roupas iguais às dos outros Orixás
masculinos.
(Fonte das três lendas: O
livro “Mitologia dos Orixás”, Reginaldo Prandi, 2005.)
4-O
confronto de Ogum com Nanã
Há
outra lenda sobre a rivalidade entre Ogum e Nanã.
Conta-se que
Nanã, Senhora de Dassa Zumê, mãe de Obaluayê, Ossãe, Oxumarê e Ewá, nunca se
preocupou com o que os outros faziam da própria vida. Ela tratava apenas de si
e dos filhos, de forma nobre. Entretanto, sempre exigiu respeito àquilo que lhe
pertencia. Mas Ogum quis confrontá-la.
Viajante e
conquistador, numa de suas viagens Ogum aproximou-se das terras de Nanã. Sabia
que o lugar era governado por uma velha e poderosa senhora. Como era um grande
guerreiro, não lhe seria difícil tomar as terras de Nanã, se o quisesse. Mas
Ogum estava ali apenas de passagem. Seu destino era outro, apenas o caminho que
traçara, sempre em linha reta, atravessava as terras de Nanã.
Na saída da
floresta, Ogum deparou-se com um pântano que marcava o início das terras de
Nanã. Teria de passar por ali. Parou à beira do pântano e já ia atravessá-lo,
quando ouviu a voz rouca e firme de Nanã:
- “Esta
terra tem dono. Peça licença para penetrar nela!”
No que Ogum
respondeu, em voz alta:
- “Ogum
não pede, toma! Ogum não pede, exige! E não será uma velha que impedirá meu
objetivo!”
- “Peça
licença, jovem guerreiro, ou se arrependerá!”, retrucou Nanã, com a voz baixa e
pausada.
- “Ogum
não pede licença, avança e conquista! Para trás, velha, ou vai conhecer o fio
da minha espada e a ponta de minha lança!”, foi a resposta.
Dito isto,
Ogum avançou pelo pântano, atirando lanças com pontas de metal contra Nanã.
Com as mãos
vazias, Ela cerrou os olhos e determinou ao pântano que tragasse o imprudente e
impetuoso guerreiro. E assim aconteceu. Aos poucos, Ogum foi sendo tragado pela
lama do pântano, debatendo-se e tentando voltar atrás.
Ogum lutou
muito, observado por Nanã, até que conseguiu salvar sua vida, livrando-se das
águas pantanosas que quase o devoraram. Ofegante e assustado, Ogum foi forçado
a recuar, mas sentenciou:
- “Velha
feiticeira! Quase me matou! Não atravessarei suas terras, mas vou encher este
pântano de aço pontudo, para que corte sua carne!”
Nanã,
impassível e calma, voltou a observar:
- “Tu
és poderoso, jovem e impetuoso. Mas precisas aprender a respeitar as coisas.
Por minhas terras não passarás, eu garanto!”
E Ogum teve
que achar outro caminho, longe das terras de Nanã. Esta, por sua vez, aboliu o
uso de metais em suas terras.
E é por isso
que, até hoje, nada por ser feito com lâminas de metal para Nanã.
5-
O encontro de Nanã com Yemanjá
Conta-se
que Yemanjá estava em sua casa, quando alguém bateu à porta. Era Nanã, que
vinha visitá-la.
Curiosa,
Nanã olhava para todos os lados, procurando alguma coisa. Ela soubera que
Yemanjá recolhera na praia o filho que abandonara nas areias, fraco, feio e
doente.
Yemanjá
percebeu tudo. E mandou servir o Ebô-yá, sua comida favorita, que Nanã aprovou
e disse: - “Além do filho, temos agora uma comida de que podemos gostar
muito...” E é por isso que se pode dar Ebô-yá para Nanã também. (Fonte
desta lenda: O livro “O Banquete do Rei- Olubajé”, José
Flávio Pereira de Barros, Editora Pallas, páginas 113/114, 2005.)
*Nota: Ebô-yá,
Ebôya, Eboia ou fava de Yemanjá é uma comida ritual feita com fava
cozida e
refogada com cebola, camarão, azeite de dendê ou azeite doce. Pode ser
preparada com milho branco, mas então recebe o nome de Dibô. É oferecida
especificamente ao Orixá Yemanjá, podendo ser vista nos rituais de ori, bori e
assentamento de cabeça, no sentido de dar equilíbrio espiritual.
Divindades
assemelhadas
Perséfone- Divindade
grega casada com Hades, que se tornou a rainha do mundo subterrâneo. Seus
movimentos refletiam as estações do ano.
Maia- Divindade
grega. Mãe de Hermes e avó de Pã. Divindade de culto tão antigo que é
considerada pré-helênica. Anciã de grande sabedoria e Senhora da noite.
Hécate- Divindade
grega considerada Senhora dos mortos e da noite, tinha o dom de proteger contra
os maus espíritos.
Shitala- Divindade
hindu feminina da varíola, ligada, portanto, às doenças e à cura.
Hell- Divindade
nórdica da região dos mortos. Antiga deusa da terra. Aparecia com partes do
corpo infectadas por doenças.
Cerridwen- Divindade
celta. Senhora da noite e a magia. Traz o arquétipo da velha senhora detentora
da sabedoria antiga, que possui o caldeirão mágico onde decanta suas poções.
Ereshkigal- Divindade
sumeriana e babilônica. “Rainha da grande terra”, “Rainha da Terra”. Avó de
Inanna em alguns mitos e sua irmã, em outros. Deusa dos mortos, do Mundo
Subterrâneo.
Befana- Antiga
Divindade da região itálica. Representa a anciã que trazia presentes para as
crianças e espantava os espíritos do mal.
Baba
Yaga- Divindade eslava. Anciã, enorme velha com cabelos desgrenhados.
Construía sua casa com os ossos dos mortos. Viajava montada em um socador de
grãos. Destruidora do que é superficial.
Madder-akka- Divindade
finlandesa. “A velha”, padroeira dos partos e das almas das crianças até que
elas estivessem prontas para encarnar.
Cailleach- Divindade
celta. Pouco conhecida, trazia as doenças, a velhice e a morte. É uma velha
senhora ou velha bruxa. Guardiã do portal que leva aos períodos de escuridão do
ano, ela é também a Divindade evocada perante a morte e a transformação.
(Fonte: O
livro “Deus, “Deuses” e Orixás”, Alexandre Cumino, Madras Editora, 2004.)
Características dos filhos de Nanã
No positivo, os
filhos de Nanã são pessoas extremamente calmas. No modo de agir, e até
fisicamente, aparentam mais idade. São lentas no cumprimento das suas
tarefas, parecem ter a eternidade à sua frente. Agem com benevolência,
dignidade e gentileza. Gostam de crianças e as educam com excesso de doçura e
mansidão, assim como fazem as avós.
São bondosos,
decididos, simpáticos, mas principalmente respeitáveis. Agem com segurança e
majestade. Suas reações bem equilibradas e a pertinência das suas decisões
mantêm-nas sempre no caminho da sabedoria e da justiça.
O tipo psicológico dos filhos de Nanã é introvertido e
calmo, temperamento severo e austero. Podem até ser um tanto rabugentos, motivo
pelo qual às vezes são mais temidos do que amados.
As pessoas que
têm Nanã como Orixá de cabeça podem lembrar principalmente a figura da avó:carinhosa,
às vezes até em excesso; levam o conceito de mãe ao exagero. Mas também podem
ser ranzinzas e preocupadas com detalhes, inclinando-se a censurar os outros.
Não têm muito senso de humor e tendem a valorizar demais pequenos incidentes e
a transformar pequenos problemas em grandes dramas. Ao mesmo tempo, têm uma
grande capacidade de compreensão do ser humano, como se fossem muito mais
velhas. Por isso, têm uma habilidade natural para perdoar aos que erram e para
consolar quem está sofrendo. Voltados para a comunidade, sempre tentam realizar
as vontades e necessidades dos outros. Porém, exigem a atenção e o respeito que
julgam devidos, quando não os recebem das pessoas à sua volta.
Os filhos de Nanã são um pouco mais conservadores do que o
restante da sociedade. Parecem desejar um mundo previsível, estável ou até
voltado para trás; reclamam dos novos costumes, da nova moralidade etc. Muito
compenetrados e responsáveis, não conseguem entender como algumas pessoas
cometem enganos triviais ou como adotam comportamentos e atitudes que lhes
parecem evidentemente inadequados. Assim, têm dificuldade em compreender
direito as opiniões alheias e em aceitar que nem todos pensem como eles.
No negativo, os
filhos de Nanã podem ser teimosos e ranzinzas, daquelas pessoas que adiam muito
uma decisão, ou que guardam por longo tempo um rancor.
Podem apresentar
precocemente problemas de idade, como a tendência a viver no passado, de
recordações. Fisicamente, tendem a apresentar infecções reumáticas e problemas
nas articulações em geral.
A filha de Nanã pode ter uma aparência que, no seu modo de
pensar, não tem maiores atrativos. Isso tende a fazê-la sentir medo de amar, de
ser abandonada e sofrer, por não confiar na própria sexualidade; então, irá
dedicar sua vida ao trabalho, à vocação, à ambição social.
Oferenda: Velas brancas, lilases e
cor-de-rosa; champanhe rosado; calda de ameixa ou de figo; soda limonada;
melancia, uva, figo, ameixa e melão; folha de bananeira para forrar o solo.
Lavar e secar a folha de bananeira. Umedecer um tufo de algodão em azeite de
oliva (de preferência, já consagrado) e untar a folha de bananeira já limpa.
Dispor as frutas no centro da folha. Circular com as bebidas, despejando-as
diretamente no solo. Firmar as velas rodeando toda a oferenda.
Local para a oferenda: À beira de um lago ou
mangue.
Quando oferendar: Para aprender a agir com
paciência, sabedoria e perseverança diante de obstáculos; para a cura de males
físicos, morais e espirituais; para superar vícios e padrões negativos de
sentimentos, pensamentos e emoções; para vencer bloqueios internos (fobias,
medos injustificáveis); para superar lembranças traumáticas ligadas a
experiências da encarnação atual; para nos desapegarmos do passado (em todos os
sentidos e aspectos), a fim de nos situarmos no presente, aceitando a vida como
ela se apresenta no momento, mas sempre trabalhando por melhorar aquilo que
podemos melhorar (interna e externamente). Em pedidos de proteção para a
família, os filhos, as crianças em geral, as gestações difíceis e os partos. Em
todas as situações em que nos deparamos com dificuldades para seguir um caminho
de evolução.
Amaci:1- Água de rio ou de lago com crisântemos
e guiné, macerados e curtidos por três dias.
2- Orientações de Adriano Camargo-
Ervas que podemos usar para um bom Amaci de Mãe Nanã: Folhas de chorão ou
salgueiro, folhas de assa-peixe, arnica, melão de São Caetano, alfavaca,
trapoeraba (ou coração roxo) e flores de cor lilás.As ervas escolhidas (se a
pessoa não usar todas as indicadas) deverão ser lavadas e secadas, para depois
serem quinadas (picadas com as mãos), maceradas e curtidas em água mineral (ou
de rio ou de lago), junto com as flores, por três dias.
Cozinha ritualística
1-Feijão
preto com purê de batata doce roxa: Cozinhar por uns 15 minutos o feijão e
escorrer a água, para então refogá-lo em dendê e cebola roxa picada. Reservar.
Em separado, cozinhar a batata doce, amassar e fazer o purê, adicionando um
pouco de leite de coco e de mel. Colocar o feijão num alguidar forrado com
folhas de bananeira (ou de taioba ou de mostarda). Em volta, colocar o purê e
decorar com tirinhas de coco.
2-Quirela:
Meio quilo de quirela branca (milho quebradinho) cozida. Escorrer a água.
Refogar no azeite de oliva 1 cebola roxa e, em seguida, juntar a quirela.
Colocar num prato ou num alguidar forrado com folhas de mostarda ou de taioba.
Cobrir com coco ralado e flores de cor lilás.
3-Canjica
branca cozida em leite de coco e açúcar (mugunzá). Oferendar sobre folha de
bananeira regada com mel. Polvilhar a canjica com canela (ou colocar sobre ela
pedacinhos de canela, se não quiser usar canela em pó). Enfeitar com coco
ralado, uvas brancas e uvas escuras.
4-Arroz
branco com folhas de taioba (ou de mostarda ou de espinafre). Passar muito
rapidamente a verdura em azeite de oliva e uma pitada de sal. Desligar o fogo e
tampar a panela. Em separado, cozinhar um pouco de arroz branco e colocar num
alguidar forrado com folhas de beterraba. Deixar um buraco no meio do arroz e
ali colocar a verdura. Enfeitar com beterraba cortada em fatias finas (rodeando
a borda do alguidar).
5-Berinjela
com inhame- Cortar a berinjela em quatro, na vertical, e aferventar. Em separado,
cozinhar ligeiramente um inhame cortado em rodelas e com a casca. Cozinhar tudo
apenas em água. Colocar num alguidar forrado com folhas de berinjela e regar
com mel.
6-Sarapatel-
Lavar bem os miúdos de porco e depois passá-los em água e limão. Cortar em
pedaços pequenos e temperar com coentro, louro, cravos da índia, caldo de limão
e sal. Cozinhar. Quando estiver macio, juntar sangue de porco e ferver. Servir
num alguidar, sobre uma porção de arroz branco. Polvilhar com farinha de
mandioca e azeite de oliva.
7-Paçoca
de amendoim- Amendoins torrados e moídos, misturados com farinha de mandioca
crua, açúcar e uma pitada de sal. Colocar num alguidar forrado com folhas de
bananeira (ou outra erva de Nanã).
8-Aberum-
Milho torrado e pilado ou moído, do qual se faz um fubá, acrescentando-se
açúcar ou mel. Colocar sobre folha de bananeira untada com azeite de oliva
Alguns
Caboclos de Nanã: Caboclo Terra Roxa (de Omolu e Nanã), Caboclo dos
Lagos, Caboclo Pedra Roxa (Oxalá/Nanã), Caboclo do Mangue, Caboclo Arco-Íris
(todos os Orixás), Caboclo da Lagoa, Caboclo 7 Lagoas (de Oxalá e Nanã),
Caboclo 7 Lagos (Oxalá/Nanã).
Alguns
Exus de Nanã: Exu do Lodo (de Obaluayê, Iemanjá e Nanã), Exu 7 Lagoas
(Oxalá/Nanã), Exu do Lago, Exu do Poço, Exu Terra Roxa (de Omolu e Nanã), Exu
da Pedra Roxa (Oxalá e Nanã), Exu dos 7 Lagos (de Oxalá e Nanã).
TRONO
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Feminino da Evolução
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Linha
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Evolução (6ª Linha de Umbanda)
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Fatores
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Decantador
(Fator Puro) e Evolucionista (Fator Misto).
O Fator
Decantador tem por função decantar as energias emitidas pelos outros Fatores,
ou mesmo decantá-los de um lugar onde estão concentrados e recolhê-los em si
mesmos, anulando-os.
O Fator Evolucionista
ou Evolutivo tem por função criar as condições para a evolução dos seres.
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Sentido/Essência
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Evolução/Decantação/Transmutação
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Elemento
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Primeiro elemento: água.
Segundo elemento: terra.
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Polariza com
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Obaluayê
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Cor
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Lilás (voltada para o Sentido da Evolução, tem a função de
trazer carinho, ternura, maturidade etc.).
Também o roxo e o rosa.
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Fio de Contas
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Contas, firmas e miçangas de cristal lilás; ou de contas
de porcelana branca com listras roxas.
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Ferramentas
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Bastão ou
cajado curvo feito de hastes da folha da palmeira de dendê (o Ibirí).
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Ervas
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1- Fonte: Adriano Camargo: a) Quentes ou agressivas:
Folhas de chorão ou salgueiro (para decantação e limpeza), arnica
(purificadora), periquito ou penicilina (purificadora de larvas e miasmas
astrais), cipó suma, pinhão roxo, peregum roxo;
b) Mornas ou equilibradoras: Assa peixe (fortalecedora e
curadora); Trapoeraba ou coração roxo (protetora e estimuladora da
mediunidade); Melão de São Caetano (equilibrador e poderoso curador
espiritual); Sete sangrias (regenerador astral, fortalecedor); alfavaca;
alfazema; folhas de bardana; camomila (as flores); cana do brejo; capim
rosário; confrei; erva de Santa Maria; macela; mentruz; hibisco (flor);
mulungu (casca e raiz); noz moscada.
2- Outras: Agoniada, agrião, alfavaca cravo; avenca,
canela de velho, cavalinha, cedinho, cipreste, colônia, dália
vermelho-escuro, dama da noite, erva cidreira, erva mate, erva quaresma, erva
macaé, erva de passarinho, espinafre, eucalipto; folhas de bananeira, folhas
de batata doce, folhas de berinjela, folhas de mostarda, folhas de limoeiro,
folha da quaresma, folhas de taioba, hortênsia, ipê roxo, jaqueira, língua de
vaca, manjericão comum, manjericão roxo, manacá, noz moscada; rosa
vermelho-escuro, salsa da praia, tuia, tradescância. (* Tradescância é um
gênero de plantas de ramagem colorida, que inclui os gerânios, as begônias e
os filodendros.)
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Símbolos
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1-A cruz
2-Alua
minguante
3-O ibirí-
um cajado feito da fibra central da folha da palmeira de dendê. Dizem que
esse cajado nasceu junto com Nanã, na sua placenta. Representa a multidão de
eguns, que são seus filhos na terra dos homens; e Nanã o carrega como se
mimasse uma criança.
4-Os
búzios- que simbolizam a morte (por estarem vazios), mas também a fecundidade
(porque lembram os órgãos genitais femininos). De búzios são feitos os
colares chamados brajás, dois a dois, que seus filhos usam cruzados no peito.
5-O grão-
símbolo que melhor sintetiza Nanã, pois todo grão tem de morrer para
germinar. Na tradição africana, Nanã é o Orixá que assegura uma vida saudável
e com bastante força àqueles que a respeitam; pode ajudar as mães numa
gestação difícil; mas sua principal função é garantir o grão e “o pão” de
cada dia a todos que fazem por merecer.
6-Um
coração com uma cruz dentro- símbolo usado mais modernamente e que representa
o Amor e o Mistério da Cruz atuando para a nossa Evolução. É uma alusão
também à Qualidade de Nanã como a Divina “Vovó” que é sábia, experiente e
severa, porém amorosa, ao nos encaminhar para a evolução.
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Ponto de força na Natureza
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Lagos, águas profundas, mangues, pântanos, cemitério.
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Flores
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Crisântemo branco e lilás; campânula; trapoeraba; manacá
da serra; hibisco; violetas; flores do campo de cor lilás; lírio; orquídea;
narciso; begônias.
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Essências
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Guiné; noz moscada; camomila; cravo
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Pedras
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Ametista, fluorita lilás, rubelita, sugilita.
Dia indicado para a consagração: 4ª feira. Hora indicada:
19 horas.
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Metal e Minérios
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Metal: Latão ou Níquel
Minério: Prata.
Dia indicado para consagrar: 2ª feira. Hora indicada: 18
horas.
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Chakra
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Esplênico (na altura do baço).
Glândula
relacionada: Pâncreas, que desempenha um papel importante na digestão dos
alimentos e na secreção de insulina pelo organismo.
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Saúde
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Abdomem,
estômago, fígado, parte inferior das costas, sistema digestivo, sistema
nervoso central, bílis e bexiga.
Portais de cura (cf. Adriano Camargo): Folhas de chorão,
agulhas antigas, água mineral ou de rio; velas lilases.
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Dia da Semana
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A 6ª feira é usualmente o dia consagrado a Nanã (regência
de Vênus, planeta ao qual é associada, e que inspira o amor, a paciência, a
calma, o cuidado com a família e os filhos).
Também lhe são dedicados: a 2ª feira (regência da Lua,
ligada à água, que é o principal elemento deste Orixá); e ainda o sábado
(regência de Saturno, ao qual Ela também se relaciona, e que está ligado à
terra, que é o segundo elemento de Mãe Nanã).
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Planeta
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Saturno e Vênus.
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Saudação
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Salve nossa Mãe Nanã! Resposta: “Saluba, Nanã!” (Diz-se
que é o equivalente a “Salve!”. No Candomblé, porém, esta saudação tem este
significado: “Com Nanã, nos refugiaremos da morte”.)
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Bebida
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Champanhe rosado; água mineral, de rio ou de lago; calda
de figo e de ameixa escura; limonada; suco de laranja lima (ou serra d’água);
sumo de guiné (macerar guiné em água mineral ou em água de rio ou de lago, e
depois coar).
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Animais
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Galinha branca; pata branca; cabra branca; rã.
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Comidas
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Laranja lima, figo, ameixa, melancia, uva escura, melão,
limão, fruta do conde, coco seco, banana da terra, frutas aquosas em geral,
mandioca, inhame, batata doce de casca roxa, berinjela, arroz.
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Números
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06 e 13
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Data Comemorativa
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26 de julho
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Sincretismo
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Nossa Senhora de Santana
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Incompatibilidades
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No Culto de Nação e no Candomblé, os fiéis respeitam
algumas incompatibilidades ou proibições (“quizilas” ou euós) em relação a
Nanã: quanto ao consumo de pimenta e camarão; quanto ao uso de lâminas e
instrumentos de ferro; bem como a ficar em multidões.
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Qualidades
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Nanã Abenegi: Dessa Nanã nasceu o Ibá
Odu, que é a cabaça que traz Oxumarê, Oxossi Olodé, Oya e Yemanjá;
Nanã Adjaoci ou Ajàosi: É a guerreira e
agressiva que veio de Ifé, às vezes confundida com Obá. Mora nas águas doces
e veste-se de azul;
Nanã Ajapá ou Dejapá: É a guardiã que
mata, vive no fundo dos pântanos, é um Orixá bastante temido, ligado à lama,
à morte, e à terra. Veio de Ajapá. Está ligada aos mistérios da morte e do
renascimento. Destaca-se como enfermeira; cuida dos velhos e dos doentes,
toma conta dos moribundos. Nela predomina a razão;
Nanã Buruku ou Búkùú: Também é chamada
Olú waiye (senhora da terra), ou Oló wo (senhora do dinheiro) ou ainda
Olusegbe. Este Orixá veio de Abomey; ligado à água doce dos pântanos, usa um
ibirí azul;
Nanã Obaia ou Obáíyá: É ligada à água e
à lama. Mora nos pântanos; usa contas cristal, vestes de cor lilás e veio do
país Baribae;
Nanã Omilaré: É a mais velha,
acredita-se ser a verdadeira esposa de Oxalá. Associada aos pântanos
profundos e ao fogo. É a dona do universo, a verdadeira mãe de Omolu Intoto.
Veste musgo e cristal;
Nanã Savè: Veste-se de azul e branco e
usa uma coroa de búzios;
Nanã Ybain: É a mais temida. Orixá da
varíola. Usa cor vermelha. É a principal, recebe oferendas direto na lagoa,
dando origem a outros caminhos. Para chamá-la, a ekeji tem que ir batendo com
seus otás para fazê-la pegar suas filhas;
Nanã Oporá: Veio de Ketu, coberta de
òsun vermelho. É a mãe de Obaluaiyê. Ligada à terra, temida, agressiva e
irrascível;
Nanã Xalá: Muito ligada ao Branco e a
Oxalá;
Nanã Asainan ou Asenàn;
Nanã Iyabahin ou Lànbáiyn.
Outros nomes, títulos ou qualidades:
Inselè; Sùsùré; Elegbé; Bíodún; ìkúrè; Asaiyó.
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